Seic cumpre mandados de prisão contra sete envolvidos em golpes de clonagem do WhatsApp

Um dos investigados é Leonel Silva Pires Júnior, de 30 anos, o “Léo” ou “Leone”, líder do bando que já tem mais de 10 processos judiciais em seu desfavor

Fonte: Da Redação / Autor: Nelson Melo

Em operação realizada pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) nessa terça-feira (16), foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra sete membros de uma quadrilha especializada em golpes de clonagem do WhatsApp. Um dos investigados é Leonel Silva Pires Júnior, de 30 anos, o “Léo” ou “Leone”, líder do bando que já tem mais de 10 processos judiciais em seu desfavor.

Em entrevista coletiva realizada à tarde, o delegado Odilardo Muniz, titular do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos (DCCT), disse que o inquérito se refere a golpes de clonagem do WhatsApp do deputado federal Gastão Vieira (Pros-MA) e a ex-governadora do Paraná, Cida Borghetti. Desse modo, foram representados pelas prisões de Leonel e de mais seis, que são Marksuel Pereira de Sousa, Anderson Sombra Azevedo, Hallen David Cosmo do Nascimento, Adriano Cézar Pereira, Hilton Cézar Moraes Costa e Rudson Januário Serra.

Desses, Leonel Silva, Marksuel e Anderson Sombra já estavam encarcerados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas pelo mesmo esquema, mas com outras vítimas. Os demais foram capturados em diligências ocorridas nos bairros Cidade Operária, Cidade Olímpica, Vila Riod, João Paulo e Conjunto Maiobão (Paço do Lumiar). Sombra, segundo o delegado Odilardo, servia como “laranja”, sendo que utilizava documentos faltos.

O bando lucrou, de 2018 até o início deste ano, cerca de R$ 2 milhões nos golpes, como as investigações descobriram. Na coletiva, o delegado Carlos Alessandro, titular da Seic, pontuou que, neste ano, o Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos já prendeu 21 pessoas.

OPERAÇÃO EM FEVEREIRO

No dia 15 de fevereiro deste ano, a Seic capturou, além de Leonel, um advogado e mais três pessoas, por terem clonado o WhatsApp do prefeito de uma cidade catarinense, sendo que o grupo aplicou um golpe de R$ 250 mil. Na época, o delegado Alessandro informou que “Léo” havia sido preso no dia 17 de julho de 2018, após clonar WhatsApp de diversas autoridades, como ministros, deputados e governadores, mas foi solto após conseguir um habeas corpus em um trabalho do advogado.

Em liberdade, o líder da quadrilha voltou a aplicar os golpes, com o apoio, dessa vez, da tia dele, Eliane Gonçalves Costa, também capturada naquela operação. “Leone”, segundo Alessandro, clonou o WhatsApp do prefeito João Cidinei da Silva, do município de Anita Garibaldi, em Santa Catarina. Ele, então, ligou para o tesoureiro da Prefeitura, se passando pelo gestor, pedindo que fosse feita uma transferência de R$ 250 mil.

Assim foi feito o procedimento, por meio de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A farsa foi descoberta quando o político encontrou o funcionário, que falou sobre a operação bancária. Àquela altura, o dinheiro já havia sido distribuído, sendo que R$ 25 mil foram entregues a Eliane Gonçalves e R$ 20 ao advogado José dos Santos, como a investigação apurou.

Em decorrência desse golpe, a Justiça de Santa Catarina decretou a prisão preventiva de todos os envolvidos, incluindo outros dois membros do bando, Anderson Sombra Azevedo e Sérgio Ferreira de Araújo Júnior. O chefe da quadrilha, Leonel, foi preso em São Luís, no bairro do Turu, em um condomínio de luxo, onde foi apreendido um Porsche Cayenne, veículo avaliado em mais de R$ 200.000 mil.

OS GOLPES

O grupo desabilitava chips e os habilitava em outros encartes, e, nesse sentido, tinha acesso às contas do WhatsApp dos políticos. Por meio do aplicativo, os suspeitos iniciavam conversas com os amigos dos deputados e ministros, e solicitavam empréstimos. Achando que, de fato, quem pedia o dinheiro eram os amigos, que também são políticos e outras autoridades próximas, a vítima fazia a transferência ou o depósito em uma conta que, na verdade, era dos “laranjas” do bando.

O grupo, para que o golpe fosse consumado sem desconfiança, alegava que tinha seu limite de transferência bancário excedido e solicitava que a pessoa da lista de contatos da agenda telefônica fizesse uma transferência complementar para uma conta dada pelo estelionatário. Em alguns casos, os golpistas encaminhavam boletos a serem pagos pelas vítimas, que acreditavam estar fazendo um favor para o amigo.

Leonel tinha uma empresa de tecnologia, que funcionava como lan house, mas que era de fachada e estava localizada na Avenida Daniel de la Touche, em São Luís. Dessa empresa, de 120 chips da Vivo, 79 foram utilizados nos golpes da clonagem do WhatsApp dos políticos. O líder do bando disse que também é dono de cinco carros do Uber, mas nada está no nome dele.

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