Tumulto contra escravidão marca sessão em homenagem

A sessão foi presidida pelo tataraneto de Pedro II e trineto da Princesa Isabel

Fonte: Gil Maranhão para o JP Online

Manifestantes de movimentos afrodescendentes e grupos sociais ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) adentraram de surpresa, na manhã desta terça-feira (14), o Plenário Ulysses Guimaraes para protestar contra escravidão, interrompendo a sessão solene em homenagem à 131 anos de assinatura da Lei Áurea e à princesa Isabel.

Parlamentares e servidores do Congresso Nacional afirmaram que não há registro de uma Sessão Solene ser tumultuada – geralmente são de homenagens e confraternização.

A sessão foi presidida pelo tataraneto de Pedro II e trineto da Princesa Isabel – o 49º na linha sucessória se a Monarquia fosse instaurada no Brasil -, deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).

No momento que o “príncipe” Orleans e Bragança discursava os manifestantes invadiram o Plenário com gritos, faixas, cartazes, palavras de ordem. Com o tumulto instaurado a sessão foi interrompida por cerca de 15 minutos.

Os discursos depois foram retomados, mas a sessão continuou tumultuada, com protestos, vaias e aplausos: de um lado, pelos que se consideravam representantes do movimento negro; por outros por defensores da Monarquia, da Princesa Isabel e até do governo Bolsonaro.

A RETENDORA

No texto produzido pela sua assessoria, o deputado federal Luiz Phelippe chega a chamar a Princesa Isabel de “a Redentora”, e lembra o papel de sua ascendente como mobilizadora popular.

“Mesmo antes de falarmos em ativismo político e militância, ela já estava próxima das diversas camadas sociais para angariar apoio e fazer valer legitimamente todas as proposições. Foi uma mulher moderno, à frente de seu tempo”, disse o parlamentar.

CONTESTAÇÃO

A ex-governadora do Rio de Janeiro, senadora Benedita da Silva (PT) foi uma das parlamentares que contestou na tribuna.

“Não queremos desmerecer a princesa Isabel. Mas também não podemos permitir que se inverta a história. O dia de 13 de maio é uma das datas de reflexão para o movimento negro e vai continuar sendo assim. Se o deputado quer homenagear sua parente, que o faça, é um direito. Mas é um direito nosso de continuar a conscientização da população da luta dos negros no Brasil”, acentuou.

NEGÃO DE BOLSONARO

Da mesa fizeram parte, ainda, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e Hélio Fernando Barbosa Lopes – que foi eleito pelo PSL do Rio como “Helio Bolsonaro”.

Hélio Lopes ficou também conhecido como “o negão de Bolsonaro”, por andar durante campanha presidencial sempre ao lado de Jair Bolsonaro – para desfazer as suspeitas que de o candidato do PSL era racista. Ele foi também motivo de vaias e outros protestos na sessão.

No seu discurso, Hélio afirmou que não se considerava representante do movimento negro no Parlamento. “Mas negros, de brancos e de mulatos, pois fui eleito por todos”

A assessoria de Luiz Phelippe avisou, ainda, que ele e Hélio Lopes iriam anunciar a elaboração de projeto de lei “para retomar as rédeas da nossa História e alçar a Princesa Isabel a patronesse da Abolição da Escravatura”.

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