Manchas de óleo crescem nas praias do Nordeste após dois meses e dependem de voluntários

Autoridades buscam parâmetros para medir contaminação na água do mar.

Fonte: Luana Ribeiro, especial para O GLOBO e Ana Lucia Ribeiro

Como o óleo, as comunidades atingidas por ele estão à deriva, 60 dias após o surgimento das manchas. Gente que construiu a vida sob a benção do mar agora teme o que virá nas ondas, já que o óleo continua a aparecer em praias do Nordeste.

Foi com o trabalho na pesca e na mariscagem que Ana Paula Santos, de 47 anos, se tornou a primeira pessoa de sua comunidade a se formar numa universidade e criou três filhos. Formada em Ciências Sociais, hoje é líder da comunidade de marisqueiros, na Ilha da Croa, em Barra de Santo Antônio, Alagoas. Quando o óleo chegou lá, no início do mês, pescadores e marisqueiros deixaram puçás e redes de lado e foram para praias, manguezais e recifes tirar o óleo.

— Muitas famílias correm o risco de passar fome. As pessoas estão com medo de comprar marisco e peixe, e os governos parecem não se importar. Não recebemos informações — diz Ana Paula, que articula a criação da primeira rede de mulheres pescadoras da Costa dos Corais, paradisíaca faixa de cerca de 200 quilômetros de litoral entre Alagoas e Pernambuco, onde fica Barra de Santo Antônio.

Pescadores e marisqueiros tiraram as manchas da areia, mas o óleo ainda chega aos manguezais da foz do Rio Santo Antônio Grande e, com ele, a incerteza sobre o futuro.

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