Iniciativa de Bill Gates transforma cocô em fertilizante

Algumas das invenções começam a ficar prontas, como mostra a série documental recém-lançada na Netflix “O código Bill Gates”

Fonte: Rômulo Cabrera/Ecoa

Cocô é um papo sério. Ao menos para Bill Gates, 64. Há quase uma década, o cofundador da Microsoft tem investido em pesquisas e tecnologia de saneamento por meio da Fundação Bill e Melinda Gates, que ele lidera ao lado da mulher, Melinda.

Agora algumas das invenções começam a ficar prontas, como mostra a série documental recém-lançada na Netflix “O código Bill Gates”. Já no primeiro episódio, o casal conta o quanto ficou impactado ao tomar conhecimento de que, em pleno século 21, crianças ainda morrem de diarreia.

De acordo com um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), 361 mil crianças com menos de cinco anos de idade morrem devido à doença. A falta de saneamento seguro é uma das causas deste problema, que está associado a outras patologias como cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide, só para ficar em alguns exemplos. Isso porque as tecnologias atuais, como privadas e estações de tratamento de água e esgoto, além de caras, não chegam em muitas nações em desenvolvimento, como em alguns países da África e Índia, por exemplo. De acordo com a Fundação, mais de 950 milhões de pessoas ainda defecam ao ar livre rotineiramente.

Privadas Tecnológicas

Diante desse cenário, em 2011, a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou o desafio “Reinvent Toilet Challenge”, que buscou estimular cientistas do mundo todo a criarem protótipos que pudessem solucionar esses problemas. No total, a entidade já investiu mais de 200 milhões de dólares no projeto nos últimos anos. Em 2018, o empresário apresentou cerca de 20 protótipos de privadas e máquinas para processamento de esgoto. Eles prometem transformar cocô em fertilizantes. Embora sejam diferentes, todos seguem a mesma lógica: dispensam o uso de água e estruturas complicadas para chegar ao objetivo final. Os modelos foram exibidos em um evento realizado em Pequim, na China, com a presença de várias empresas do setor.

O desafio, agora, é encontrar parceiros comerciais que invistam nestas tecnologias de modo a reduzir os custos de produção (que hoje chegam aos 50 mil dólares) e levá-los para o mercado doméstico.

“É água”

Outra frente promissora da Fundação Gates é o Omniprocessor, uma estação de tratamento à combustão que, em poucos minutos, transforma esgoto em energia, fertilizante e água limpa. A planta piloto foi instalada em Dakar, no Senegal.

O processador de resíduos tem capacidade de tratar o esgoto de uma comunidade com até 100 mil pessoas. Com esse volume de esgoto, é possível produzir 11 mil litros de água limpa por dia. As cinzas geradas podem ser comercializadas para a correção do solo.

A expectativa da entidade é que haja interesse da iniciativa privada em financiar a instalação de estações do tipo em outros países. Apesar do preço estimado, cerca de 1,5 milhão de dólares, ele é infinitamente inferior ao de grandes usinas de tratamento, que consomem uma quantidade enorme de energia para funcionar. Bill Gates acredita tanto nas invenções que financia que, em 2015, chegou a beber a água tratada pelo Omniprocessor. “É água!”, atestou.

Fechar