Mancha de petróleo avança no Nordeste e biólogos temem que afete reprodução de baleias

São mais de 132 pontos com registros de óleo em 61 cidades de nove estados diferentes

Fonte: Felipe Souza, BBC

Grandes manchas pretas e gosmentas arrastadas pelo mar chegam a todo momento às areias claras do litoral do Nordeste brasileiro.

Sua origem é desconhecida, mas seus efeitos já são devastadores. São mais de 132 pontos com registros de óleo em 61 cidades de nove Estados diferentes: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ao menos oito animais morreram sufocados pelo material de origem ainda desconhecida.

Biólogos temem que a poluição se espalhe ainda mais e chegue a prejudicar a reprodução de animais – entre eles, as baleias jubarte.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) informou que tomou uma série de medidas, em parceria com os Corpos de Bombeiros dos Estados atingidos, para minimizar os danos desde o dia 2 de setembro, quando foram identificadas as primeiras manchas.

Junto com a Marinha e Petrobras, o grupo de técnicos também tenta identificar a origem e os responsáveis pelo despejo de petróleo cru no mar. O Instituto Tamar suspendeu a soltura de tartarugas marinhas por conta do problema.

O primeiro resultado dessa força-tarefa aponta que a substância encontrada nos litorais não é nenhum tipo de derivado de petróleo, como gasolina ou querosene, mas sim o produto em sua forma bruta, não processado.

A Petrobras anunciou que suas análises indicam que o material que está poluindo as praias não é produzido no Brasil. Nessa segunda-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal identificou um possível responsável pelo vazamento.

“Pode ser algo criminoso, pode ser um vazamento acidental. Pode ser um navio que naufragou também. Agora, é complexo. Temos no radar um país que pode ser o da origem do petróleo e continuamos trabalhando da melhor maneira possível”, disse o presidente.

A Petrobras contratou moradores das regiões afetadas pelo óleo para trabalhar na limpeza das praias. O número de contratados, porém, vai depender da quantidade de pessoas treinadas para atuar em situações desse tipo em cada região atingida.

Avanço rumo ao Sul
O presidente do Instituto Biota de Conservação, Bruno Estefanis Santos Pereira de Oliveira, que atua em Alagoas, disse que a mancha está avançando de maneira significativa em direção ao Sul do país.

Ele conta que nos primeiros dias os moradores observavam apenas pequenas manchas e que neste domingo foi vista a maior quantidade de óleo. No mesmo dia, membros do instituto resgataram uma tartaruga com metade do corpo coberto pelo material.

“Fizemos o primeiro socorro e acionamos o Ibama para que a tartaruga recebesse os próximos atendimentos. Quando isso acontece, uma equipe de veterinários faz uma cuidadosa lavagem manual com detergente e água morna, e uma bateria de exames para saber se o animal está bem fisicamente. Depois de limpas, são analisadas todas as cavidades do animal, como boca e narinas, para saber se alguma delas está bloqueada pelo óleo”, explicou Oliveira.

O coordenador de pesquisa do Instituto Baleia Jubarte teme que a expansão das áreas atingidas pelo petróleo prejudique até a reprodução das baleias no litoral da Bahia e do Espírito Santo.

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