Fenômeno registrado em São Luís é motivado pela passagem do período chuvoso para o seco

Ventos de segunda-feira alcançaram a velocidade média de 70Km/h, segundo o Núcleo de Meteorologia da Uema

Fonte: Luciene Vieira

Mesmo com a predominância de dias de sol neste mês de julho em São Luís, a capital maranhense tem registrado a formação de nuvens carregadas de ar, água e acompanhadas de ventos intensos, denominadas de cumulonimbus. Após a ocorrência de dois vendavais no intervalo de uma semana, o Jornal Pequeno buscou explicações detalhadas sobre a mudança climática que atingiu a cidade, mais precisamente os bairros do Coroadinho, Forquilha, Cidade Operária, São Bernardo, Vila Brasil, Cohab, João de Deus, Cohatrac, Aurora, Planalto, Cruzeiro do Anil e Angelim.

Durante o vendaval do dia 6, também uma segunda-feira, no Coroadinho, tampas de caixas d’água voaram, enquanto telhas caíam do alto das casas. No vendaval de anteontem (13), o fenômeno derrubou, na Forquilha, cercas, muros, telhas de residência e imóveis comerciais; vidraças e telhas de uma igreja; e foi capaz de causar a queda de uma torre de telefonia e de postes de energia elétrica.

De acordo com o meteorologista Hallam Cerqueira, do Laboratório de Meteorologia (Labmet), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), pela velocidade do vento e pelo seu poder destrutivo, as ocorrências meteorológicas registradas em SãoLuís podem ser classificadas como vendavais.

“Temos técnicas de classificação por destroços, e devido a elas é possível afirmar que, o que aconteceu nesses bairros, foram vendavais”, frisou Hallam Cerqueira.

A estimativa, conforme o meteorologista, é de que o vendaval de anteontem tenha alcançado a média de 70km/h.

NUVEM CUMULONIMBUS

O vendaval ocorre quando há uma quantidade de calor muito forte na superfície. O ar sobe e ocorre a formação de nuvens carregadas, ou nuvem cumulonimbus, que causam pancadas de chuvas intensas e com rajadas de vento.

Segundo o meteorologista, o vendaval é um fenômeno exclusivo desse tipo de nuvem. “Só que, a nuvem cumulonimbus é responsável por outros tipos de fenômenos, como raios e trovões”, informou Hallam.

Ainda conforme o meteorologista, geralmente, o vendaval ocorre quanto se tem a passagem das estações, do período chuvoso para o período seco, ou viceversa. Nas áreas descampadas (zona urbana) é mais comum acontecer a formação das nuvens por conta do aquecimento muito forte da superfície.

A nuvem cumulonimbus se forma em áreas isoladas, e pode afetar apenas parte de uma região.

“Junho e julho são meses transitórios, quando as chuvas passam a ter uma característica diferente. Elas passam a ser mais localizadas, e com maior energia associada à convecção rápida. Este tipo de fenômeno está associado a uma característica ‘convectiva explosiva’; ou seja, para a nuvem crescer ela precisa sugar o ar, acompanhado do valor que está na superfície.É um evento muito pontual, não tão raro de acontecer, mas comum no oceano e florestas”, disse Hallam.

FORQUILHA

No bairro da Forquilha, o vendaval de segunda-feira quebrou o muro de uma loja de construção, localizada na Avenida Guajajaras; nessa terça-feira (14), pedreiros já faziam o reparo na estrutura do estabelecimento. Os muros de uma residência e de uma empresa próxima também caíram.

Vidraçaria e telhados de uma igreja evangélica, além da cobertura de uma lanchonete e de uma choperia foram arrancados pela força do vento. Houve, também, postes derrubados pelo vendaval, que no mesmo dia começaram a ser substituídos pela Equatorial Energia.

Outros bairros, como João de Deus, Cohab Anil, Cohatrac, Aurora, Planalto, Cruzeiro do Anil, Angelim, Novo Angelim e áreas adjacentes também ficaram sem energia elétrica.

À imprensa, a Equatorial Energia informou ainda na segunda-feira que “por transferência de cargas (uso de redes elétricas alternativas) a eletricidade já havia sido restabelecida para quase 100% dos clientes”. As 150 unidades consumidoras, que tinham ficado sem energia elétrica, teriam sido atendidas ontem (14).

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