Quase um ano após acidente, sobreviventes e familiares das vítimas clamam por justiça

No dia 8 de setembro de 2019, um Corolla voou da Av. Carlos Cunha e caiu em cima de um grupo de pessoas, causando a morte de três delas

Fonte: Luciene Vieira

Na próxima terça-feira (8), vai completar um ano do acidente registrado na Rua Um, do bairro do Jaracati, em São Luís, que custou a vida de cinco pessoas. Os quase 365 dias após a tragédia são lembrados pelos sobreviventes e familiares das vítimas, com dor e saudade.

“Dói na carne. Até hoje tenho um mal-estar que não sei onde me enfiar para diminuir”, descreveu a pescadora desempregada e uma das que escapou, Pedrolina Pereira.

“Depois que meu filho morreu, eu morro um pouco a cada dia”, disse o microempresário Marcos Augusto Durans, pai de Henrique Martins Durans Neto, que não resistiu depois de ter sido atingido pelo Corolla, que voou da Avenida Carlos Cunha, caindo em cima de um grupo que comemorava um aniversário.

Agora, com o responsável pela tragédia em liberdade, os sobreviventes e familiares daqueles que morreram só querem uma coisa: justiça. O acidente ocorreu na madrugada de um domingo – 8 de setembro de 2019. Victor Yan Barros de Araújo tinha naquela data 25 anos. Ele dirigia um Corolla branco, de placa PMG-5258, que voou da Avenida Carlos Cunha, caiu na Rua Um e atingiu várias pessoas que estavam na frente de uma residência, comemorando o aniversário de uma criança de sete anos.

O Corolla bateu em uma árvore, em motocicletas, e em seguida foi de encontro ao grupo de pessoas. Morreram as primas Carla Correa Diniz, de 40 anos, e Tiana Naid Alvez Correa, 32; Henrique Martins Durans Neto, conhecido como “Gordo”; além de Maurício Andrey Soares e Ana Lourdes, que estavam como passageiros do Corolla.

Victor Yan chegou a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça. Mas o acusado ficou semanas internado no Hospital São Domingos, em São Luís, com escolta policial. À época, segundo relatado por policiais militares, no boletim de ocorrência, o motorista do Corolla apresentava sinais de embriaguez, mas se negou a fazer o teste de bafômetro e exame de sangue.

No dia do acidente, Victor Yan apresentava apenas ferimentos leves, o que levou o Ministério Público do Maranhão (MPMA) a desconfiar da internação do motorista.

PROCESSO CONCLUÍDO E VICTOR YAN EM LIBERDADE

O caso Victor Yan foi parar na 2ª vara do Tribunal do Júri, cujo titular é o juiz Gilberto de Lima Moura. O promotor de Justiça Agamenon Batista de Almeida Júnior, da 2ª vara do Tribunal do Júri, sustenta que o motorista estava alcoolizado; e, por isso, teria provocado o acidente.

“O processo foi concluído em dezembro de 2019, quando Victor foi pronunciado pelos cinco crimes de homicídio. Teve também as nove lesões corporais e o crime de dano. Quando saiu essa decisão, Victor Yan recorreu com os advogados dele para o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA). Victor foi solto em dezembro do ano passado, e colocado tornozeleira eletrônica nele”, informou Agamenon Batista, ao revelar que até hoje Victor utiliza tornozeleira eletrônica.

O motorista do Corolla foi pronunciado a júri, no dia 19 de dezembro de 2019. O promotor enfatizou que Victor Yan é o responsável pelo acidente. “Ele dirigiu embriagado. Victor deve ser submetido ao plenário do Tribunal do Júri, que é o órgão competente para julgar os crimes dolosos contra a vida. O que o réu cometeu foram crimes dolosos”, informou Agamenon Almeida.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), o caso foi remetido em conclusão para o gabinete do desembargador João Santana, no dia 27 de agosto de 2020, aguardando deliberação do referido relator.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

No dia 19 de novembro de 2019, houve uma audiência de instrução, na sede do Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau. 15 testemunhas foram intimadas para prestar depoimento, mas somente oito compareceram. Victor Yan esteve presente durante a audiência. Mas ele teria sido ouvido pelo juiz Gilberto de Moura Lima, apenas no dia 26 do mesmo mês.

PROTESTO

Dois dias após o acidente, moradores do Jaracati realizaram um protesto para reivindicar melhorias na área que aconteceu o acidente. A manifestação parou o trânsito nas principais avenidas de São Luís. Em seguida, foi realizada uma reunião da população com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), na qual ficou acertada a construção de uma mureta para a proteção do lado direito da Avenida Carlos Cunha e a colocação de agentes de trânsito na região.

A mureta foi colocada, e hoje os moradores da Rua Um disseram que não há reclamação em relação à grade de proteção.

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