Varíola dos macacos tem baixa transmissibilidade, afirma epidemiologista da Ufma

Um paciente de 42 anos, morador de São Luís, foi o primeiro caso da doença registrado no Maranhão, na última quarta-feira, 10.

Fonte: Luciene Vieira

O médico epidemiologista Antônio Augusto Moura da Silva, que é professor do Departamento de Saúde Pública, da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), garantiu que a varíola dos macacos (Monkeypox) é uma doença de baixa transmissibilidade. Segundo o especialista, os principais sintomas são febre, bolhas pelo corpo e aumento dos gânglios.

No fim da tarde dessa quarta-feira (10), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou o primeiro caso de monkeypox, no Maranhão. “A transmissão se dá pelo contato com o líquido que sai das bolhas pelo corpo, necessitando, portanto, de um contato íntimo com o doente. Não se transmite por gotículas de saliva. Não parece ser transmitida sexualmente como a Aids, mas a transmissão pode ocorrer na relação sexual, pois há contato com o líquido das bolhas”, informou o epidemiologista Antônio Augusto.

O professor da Ufma disse que, para a prevenção, não se indica o uso de máscara, mas sim evitar o contato íntimo com doentes, que apresentam bolhas pelo corpo.

Antônio Augusto informou ainda que não há vacina disponível no Brasil; porém, pessoas com mais de 50 anos, que tomaram vacina contra varíola, estão 85% protegidas.

A vacina contra varíola não é mais administrada, porque a doença foi erradicada, e por isso o médico destacou pessoas com mais de 50 anos, pois esta é a faixa etária de quem tomou a vacina, quando ela era aplicada.

O epidemiologista também disse que a varíola dos macacos é semelhante à catapora, devido às bolhas. Ele comentou que não haverá um surto da doença igual à Covid-19, mas enfatizou que é fundamental que a Vigilância Sanitária Epidemiológica se organize para fazer um diagnóstico rápido da doença, e isole o paciente.

“A doença normalmente é leve, dura de duas a quatro semanas, e se cura sozinha. A mortalidade é baixa. Para seu controle é necessário identificar e isolar os doentes. Alguns medicamentos antivirais parecem ter eficácia contra a doença, mas não estão disponíveis no Brasil”, destacou o epidemiologista Antônio Augusto.

MARANHÃO TEM UM CASO

O caso de varíola dos macacos no Maranhão foi confirmado na quarta-feira, 10. O paciente é um homem de 42 anos, morador de São Luís, com comorbidades e sem histórico de viagem. O paciente está internado no Hospital Carlos Macieira (HCM), em São Luís, de responsabilidade do governo do Estado.

O paciente tinha dado entrada, no último dia 5 de agosto, no Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão 1), na capital, apresentando fraqueza muscular, dor, febre e lesões pustulosas (erupções na pele). O estado de saúde do paciente era considerado estável. E, na madrugada do dia 6, o homem foi transferido para o Carlos Macieira.

Esse é o primeiro caso suspeito de varíola dos macacos confirmado no estado. De acordo com a SES, o paciente segue acompanhado pela equipe do HCM a e o seu quadro clínico permanece estável.

A Secretaria informou, ainda, que os Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVs) Estadual e municipal seguem acompanhando o caso.

ORIENTAÇÕES

A Secretaria de Estado da Saúde garantiu que montou uma sala de situação, que atua na padronização das informações e na orientação dos fluxos de notificação e investigação para às vigilâncias municipais e Rede de Assistência à Saúde.

Segundo a SES, o objetivo desta sala de situação é para monitorar e orientar, de maneira rápida e eficaz, o processo de notificação, investigação e fluxo laboratorial de casos de Monkeypox.

A SES informou que encaminhou aos 217 municípios maranhenses um informe para manejo de casos suspeitos da doença. No documento encaminhado aos municípios, constam as ações que já foram realizadas; características da doença; cenário estadual, nacional e mundial; definições de casos suspeitos, prováveis, confirmados e descartados; e processo de notificação dos casos.

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes, todas as medidas já foram tomadas para atender na Rede Estadual de Saúde os pacientes que apresentem sintomas suspeitos da doença.

“O Estado do Maranhão está atento ao cenário nacional e mundial. E além de orientar os municípios, a Secretaria de Estado da Saúde já garantiu um fluxo dentro da rede estadual para atendimento de casos suspeitos e confirmados da doença”, afirmou o secretário Tiago Fernandes.

UPAS

Na Rede Estadual de Saúde, a porta de entrada para casos suspeitos da Monkeypox são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e de acordo com a complexidade do quadro clínico, o paciente com suspeita é encaminhado para uma das unidades de referência para tratamento da doença no Estado.

No interior do estado, as referências da rede estadual também são as UPAs, onde os pacientes suspeitos ficarão nos leitos de isolamento.

Já na rede municipal de saúde, as Unidades Básicas são referência para entrada de pacientes com casos leves da Monkeypox.

Entre as ações já realizadas pelo Estado estão a elaboração de Alerta e Comunicado de Risco; articulação com o Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Maranhão; reuniões com as áreas técnicas (Rede de Assistência, Vigilância Sanitária, Atenção Primária, Coordenação de Vigilância Epidemiológica Hospitalar Estadual); elaboração de notas técnicas de orientação; instituição da Sala de Situação da monkeypox; elaboração do Plano de Contingência; publicação da Portaria de instituição da sala de situação – Monkeypox; entre outras.

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