Família de drag queen encontrada morta em cova rasa cobra justiça dois anos após o crime

Nessa semana, foi remarcada a audiência de instrução sobre o caso, no Fórum Desembargador Sarney Costa.

Fonte: Luciene Vieira

A família de Pedro Antônio Oliveira dos Santos, também conhecido pelo seu nome de drag queen Paula Ferraz, continua cobrando por justiça pelo assassinato da vítima. Nessa semana, uma audiência de instrução sobre o caso deveria ter acontecido, mas foi remarcada para o dia 22 de setembro, às 14h, no Fórum Desembargador Sarney Costa.

“Mataram Pedro por raiva, já tinham tentado matar ele outras vezes. Meu sobrinho foi morto por ódio, por ele ser homossexual, e por acharem que ‘Pedrinho’ não tinha ninguém por ele ficar andando pela rua. Queremos justiça, queremos que todos os envolvidos sejam julgados e condenados”, declarou uma tia de Pedro, que preferiu não ter o nome revelado.

Na última quinta-feira (18), por volta das 8h30, na sala de audiências da 2ª Vara do Júri, começou a audiência de instrução. Porém, o juiz de Direito Titular da 2ª Vara do Júri Clésio Coelho Cunha a remarcou, e ficou agendada para o dia 22 de setembro deste ano, às 14h.

Na audiência remarcada, compareceu o acusado Ismael Torres Gonçalves, que atualmente está internado no Instituto Terapêutico Casa de Glória, localizado no povoado Rumo, zona rural de Palmeirândia. O outro acusado não compareceu, ele é o Genilson da Silva Reis, que está preso em Lavínia (SP). Seis testemunhas compareceram à audiência.

Já no término da instrução, o defensor público requereu a redesignação da audiência, considerando que existe conflito de teses, requerendo que seja oficiado a Corregedoria da Defensoria Pública, para que indique outro defensor para o acusado Genilson da Silva Reis. O defensor público também requereu que o acusado Genilson seja intimado no presídio de Lavínia, e ouvido por vídeoconferência na próxima audiência. O acusado Ismael também foi intimado.

O CRIME

O jovem Pedro Antônio Oliveira dos Santos, de 27 anos, foi brutalmente assassinado em 16 de julho de 2020, bairro da Vila Isabel Cafeteira – região da Cohab, em São Luís. Um dos suspeitos de autoria do assassinato confessou o crime em grupos de troca de mensagens, informando ainda onde estava o corpo, para que a família pudesse buscá-lo.

O corpo de Pedro foi encontrado enterrado em uma cova rasa, com perfuração de bala no crânio. A vítima era sobrinho do ex-campeão maranhense de damas, Dotinha.

Pedro era maquiador e drag queen, usava o nome social Paula Ferraz. Já havia vencido alguns concursos, recebendo os títulos de Excelente Cabeleireiro, Miss Boneca e Miss Simpatia.

Quatro dias após o crime, a Polícia Civil, por meio da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), prendeu o primeiro suspeito do crime, que foi Genilson da Silva Reis.

Paula Ferraz, conforme apurado pelas investigações da Polícia Civil, era usuária de drogas e já estaria sofrendo ameaças, devido a uma suposta dívida no valor de R$ 1.000, referente à compra de entorpecentes. Porém, a família contesta essa informação e afirma que ela foi vítima de homofobia, pois homens apontados como autores do crime, há muito tempo, implicavam com ela, devido à sua orientação sexual.

Segundo a família, a vítima foi vista pela última vez na madrugada do dia do crime, quando ela saiu na companhia de uma mulher, conhecida como “Índia”. A família acusa Índia como uma suspeita, que teria levado Paula Ferraz para o local do crime.

O corpo dela foi encontrado no dia 18, após a mãe receber vídeos e áudios dos suspeitos, que relatavam sobre a morte de Paula e o local no qual estava enterrada. Policias estiveram na área próxima a um lago, numa região conhecida como Basílio, e encontraram a cova rasa indicada pelos supostos autores. A sandália e a bolsa da vítima também foram localizadas.

A polícia informou na época que ela foi assassinada com um único tiro, no lado direito da cabeça. Genilson da Silva Reis foi capturado em companhia de uma mulher, em frente ao Terminal de Integração da Praia Grande. Ele também responde por crimes no estado de São Paulo.

De acordo com a Polícia Civil, contra Genilson havia um mandado de prisão temporária da Comarca de São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, pelo crime de homicídio qualificado em desfavor de um homem que era seu comparsa. Atualmente, ele está preso em Lavínia (SP).

Fechar