Acusado de matar a tiros a esposa Ianca Amaral, de 26 anos, o empresário Rony Veras Nogueira foi preso pela terceira vez nesta quinta-feira, 23. O crime foi registrado no dia 30 de abril do ano passado, na cidade de Dom Pedro,
A Polícia Civil do Maranhão cumpriu no próprio município o mandado de prisão preventiva, expedido pela vara única da comarca de Dom Pedro/MA, pela prática do crime de feminicídio.
No último dia 11 de fevereiro, decisão da Justiça do Maranhão manteve Rony Veras em liberdade. Ele chegou a ser preso após o feminicídio, e um habeas corpus impetrado por sua defesa foi negado três vezes. No início de dezembro passado, porém, depois de uma mudança de entendimento do Ministério Público estadual, o empresário ganhou um alvará de soltura e passou a responder em liberdade pelo crime.
Desde dessa data, familiares de Ianca procuraram o Ministério Público com o intuito de entender o que aconteceu para a mudança de posicionamento. A família queria saber por que o MPE, “que é para atuar em defesa da sociedade, agindo contra essa sociedade, contra as vítimas, fazendo uma inversão de valores sem tamanho”.
Rony Veras esteve em liberdade até meados de janeiro, quando foi preso outra vez depois de um recurso feito por advogados da família da vítima.
Menos de um mês depois, a Justiça entendeu que o pedido precisava de ser feito pelo Ministério Público estadual, autor da ação. Consequentemente, no último sábado, 11, o empresário voltou a ser solto.
A Corregedoria do MPE determinou adoção de providências
Em nota, a Corregedoria-Geral do MPE informou que determinou providências para a apuração dos fatos.
Veja a nota:
NOTA PÚBLICA
A Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Maranhão, por sua corregedora-geral, vem a público informar à sociedade maranhense, que havendo recebido representação formal dos familiares de IANCA VALE DO AMARAL, vítima de feminicídio aos 30/04/2022, na cidade de Dom Pedro, determinou a adoção de medidas internas para apuração dos fatos reduzidos a termo, quanto à atuação da senhora Procuradora de Justiça Domingas de Jesus Fróz Gomes, na sessão da 1ª Câmara Criminal, ocorrida em 6 de dezembro de 2022, em que julgados os autos do HC n. 0820123-64.2022.8.10.0000, no qual foram determinadas a expedição de alvará de soltura do Paciente e a aplicação de medidas cautelares previstas nos incisos I, II, III, IV, V e IX do art. 319 do Código de Processo Penal.
THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO
CORREGEDORA-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Procuradora que pediu liberdade do solicitou afastamento
No dia 16 de fevereiro, a procuradora de justiça que pediu a liberdade do empresário Rony Veras Nogueira, acusado de matar com seis tiros a esposa Ianca Amaral, em abril de 2022, na cidade de Dom Pedro, solicitou afastamento do caso. Ela protocolou declaração de suspeição por motivo de foro íntimo, devolvendo o processo ao setor competente.
Após ter sido procurado pela irmã da vítima, o deputado estadual Neto Evangelista usou a tribuna da Assembleia Legislativa na última terça-feira (14) para repudiar a soltura do marido de Ianca, acusado de matá-la na cidade de Dom Pedro, em abril de 2022.
“O recado que está sendo dado para a sociedade é que esse crime compensa: matar a mulher e ficar solto na rua, achando que podem fazer mal à sua mulher e não acontecer nada. Olha a gravidade disso”, enfatizou.
Em suas redes sociais, Neto Evangelista agradeceu aos 32 deputados estaduais que assinaram um manifesto à Corregedoria Geral de Justiça, pedindo providências quanto a atuação da procuradora de justiça.
“Era pro Ministério Público pedir a prisão do assassino de Ianca, e o próprio Ministério Público estava pedindo a soltura. Agora com o pedido de suspeição feito pela procuradora, já da pra voltar a fazer justiça pela vida da Ianca”, afirmou o parlamentar.
O CRIME
Um feminicídio foi registrado na noite de um sábado, 30/04/2022, na cidade de Dom Pedro, distante 318 km de São Luís. A vítima foi identificada como Ianca Amaral, de 26 anos, assassinada com seis tiros dentro de casa. O acusado do crime é o empresário Rony Veras Nogueira, de 41, o próprio marido.
A polícia foi acionada e se deslocou até o local para apurar à ocorrência. Ianca foi encontrada já sem vida ao lado de um carro.
Rony Veras permaneceu na casa após o crime, enquanto a polícia tentava convencê-lo a se entregar, no entanto, ele conseguiu fugir pelos fundos da residência, mas foi preso três dias depois. A prisão ocorreu próximo à cidade de Vargem Grande, em um carro com a irmã dele e o advogado.
O acusado é proprietário de um posto de combustível e de uma churrascaria na cidade de Dom Pedro. O casal tem uma filha de apenas um ano de idade.
