Exame de DNA confirma identidade da segunda jovem morta no incêndio registrado no Rio Anil Shopping

Yasmin Gomes Campos, de 21 anos, estava em uma das salas de cinema quando ocorreu a tragédia.

Fonte: Redação

Três dias após o incêndio registrado no Rio Anil Shopping, o Instituto Médico Legal (IML) confirmou, nesta sexta-feira, 10, que a segunda vítima fatal do acidente é a jovem Yasmin Gomes Campos, de 21 anos. Ela estava na sala 2 do Cinesystem no momento em que as chamas começaram a tomar conta do ambiente.

Devido ao estado do corpo, que ficou praticamente todo carbonizado, foi realizado um exame de DNA, com amostras do fêmur da vítima, para confirmar a sua identidade.

A outra jovem que morreu durante o incêndio, Evellyn Gomes Gusmão Silva, de 16 anos, foi reconhecida por familiares ainda na madrugada de quarta-feira, 8, no Instituto Médico Legal (IML). Ela foi a óbito por asfixia.

Assim como Yasmim, Evelyn estava na sala 2 do Cinesystem com as colegas Jéssica Deise e Ana Paula, que foram socorridas e levadas para o Socorrão 2 e UPA do Vinhais. As três residem na Vila Conceição, no bairro João de Deus.

O Corpo de Bombeiros informou, na madrugada de quarta-feira, 8, que quatro coberturas das salas 1, 2, 3 e 4, do Cinesystem desabaram no incêndio dessa terça-feira, no Rio Anil Shopping. Nas salas 1, 2 e 3 as coberturas caíram por inteiras, e na sala 4 o desabamento foi parcial.

Shopping Interditado

O coronel Célio Roberto, comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) confirmou que o shopping foi interditado: “Determinei a interdição. Nesta quarta, com o resultado das vistorias técnicas, avaliaremos por quantos dias irá perdurar a interdição”, declarou à reportagem do Jornal Pequeno.

O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) segue investigando as causas do incêndio que ocorreu nessa terça-feira (7), no cinema Cinesystem do Rio Anil Shopping, no bairro Turu, em São Luís.

A principal hipótese, conforme os primeiros levantamentos, seria que tenha ocorrido alguma falha em uma atividade de manutenção realizada no teto do shopping, durante a exibição de filmes nas salas do cinema.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o local está interditado por tempo indeterminado e passará por vistoria técnica. Duas garotas morreram e pelo menos pessoas ficaram feridas.

Por volta das 22h30 da noite de terça-feira, foi confirmada a primeira morte. A vítima foi a jovem Evellyn Gusmão Gomes Silva, de 16 anos, que teve o corpo retirado dos escombros da sala 2 do Cinesystem e logo encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

Evellyn morreu asfixiada por gás carbono, segundo o IML. Ela foi velada na manhã dessa quarta, 8, no bairro João de Deus, em São Luís, onde morava.

Já na madrugada dessa quarta, foi encontrado o corpo da segunda vítima do incêndio, identificada como Yasmin Gomes Campos, 21.

Alguns feridos foram levados para as unidades da rede estadual de saúde, onde estão sendo atendidos. Quatro pessoas deram entrada no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão 2), todas as elas passaram por procedimentos específicos para cada caso. Uma outra vítima foi encaminhada para o Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão 1), onde recebeu os primeiros atendimentos médicos e em seguida foi levada para um hospital particular.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), outras três pessoas deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Vitória e uma na UPA do Araçagi, com queimaduras de 2º e 3º grau.

VARREDURAS

O Corpo de Bombeiros informou ainda que varreduras estão sendo realizadas no local para retirar materiais de escombros. Ao todo, 45 bombeiros fizeram os trabalhos de resgate e de primeiros cuidados aos feridos no incêndio.

A operação dos bombeiros, feita de forma diligente, começou por volta das 16h de terça-feira, instantes depois de ter iniciado o incêndio.

“Os trabalhos começaram com buscas bastante minuciosas. Agora, vamos dar início a uma nova fase, com dois peritos de incêndio. Nós precisamos encontrar qual foi a causa desse incêndio e também teremos um trabalho de vistoria pela Defesa Civil Estadual”, informou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, coronel Célio Roberto de Araújo.

Ainda segundo o coronel, o trabalho de vistoria tem o intuito de saber até que ponto a estrutura física do shopping possa ter sido comprometida.

“Nós interditamos o shopping por tempo indeterminado. Precisamos avaliar essa parte estrutural e ele só será liberado após a garantia de que o shopping atende todas as condições de segurança”, afirmou Célio Roberto.

INQUÉRITO

Para saber quem são os culpados, inicialmente é preciso confirmar o que ou quem causou o incêndio, que provocou a queda do forro do cinema sobre os espectadores.

O Corpo de Bombeiros afirmou que, na noite de terça-feira, equipes do Instituto de Criminalística (Icrim) e da Polícia Civil estiveram no local realizando os primeiros levantamentos. Todo o material coletado pelos técnicos dará suporte para a abertura de inquérito policial, com intuito de apurar possíveis responsáveis pelo incêndio.

“O prazo oficial é de 30 dias. Mas o resultado desse inquérito deve ser prorrogado devido à complexidade do caso. Vamos ter as oitivas, vamos analisar os resultados das vistorias feitas. Uma série de procedimentos precisam ser feitos para que cheguemos à conclusão do inquérito”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Jair Paiva.

A perita geral Kelly Veiga contou que, nessa quarta-feira (8), a equipe da perícia desenvolveria os trabalhos de exames periciais para determinar a principal causa do incêndio.

“Com a liberação do espaço pelo Corpo de Bombeiros dando total segurança, a equipe da perícia vai desenvolver os trabalhos dos exames periciais no local do incidente para determinar a causa, o motivo propiciador e principal causador do incêndio. Como a estrutura é muito grande, foi de grandes proporções, a gente tem que trabalhar com segurança, sobretudo, e não podemos defi nir um prazo certo para finalizar os exames”, destacou a perita.

Kelly Veiga disse também que uma equipe do Instituto de Identificação (Ident) atuou no local. Uma das vítimas foi identificada de forma imediata, mas a outra, devido ao estado avançado de carbonização, passará por exame de DNA para ser identificada.

O INCÊNDIO

O incêndio foi na tarde de terça-feira (7), por volta das 16h, no cinema do Shopping Rio Anil, no bairro Turu, em São Luís. Segundo informações preliminares divulgadas pelo Corpo de Bombeiros, as chamas começaram em uma das salas do cinema Cinesystem. Cerca de 13 pessoas ficaram feridas e foram levadas ao hospital para receberem atendimento médico.

Vários vídeos que circularam pelas redes sociais, feitos por testemunhas, mostravam a fumaça escura saindo do teto do shopping. Também mostravam como ficou a sala de cinema que foi atingida pelas chamas.

MANUTENÇÃO DO TETO

O coronel Célio Roberto confirmou que era feita uma manutenção no teto do Rio Anil Shopping, durante a exibição de filmes no Cinesystem.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros disse ainda que fazer manutenção em horário em que pessoas estão consumindo no shopping é um ato irregular, e que o shopping deverá responder por isso.

NOTA

“O governo do Maranhão lamenta profundamente as duas mortes confirmadas pelo Corpo de Bombeiros no incêndio ocorrido nessa terça-feira, dia 7, no Rio Anil Shopping, em São Luís. Nossas equipes acompanham o caso e estão dando todo o suporte necessário às famílias neste momento de dor.

As investigações seguem e as devidas apurações estão sendo feitas”, informou, por meio de nota, o governo do Maranhão.

O QUE O SHOPPING DIZ

“Nós, da equipe do Rio Anil, estamos profundamente abalados com a perda de duas clientes no incêndio desta terça-feira no cinema. Neste momento de extrema dor, nos solidarizamos com os familiares das vítimas, a quem estamos buscando amparar e auxiliar com o que for possível. Estamos comprometidos com o cuidado e a assistência aos clientes que ficaram feridos e suas famílias.

Faremos todos os esforços para auxiliar os órgãos competentes em identifi car as causas do incêndio”, declarou o Rio Anil Shopping, por meio de nota.

DPE atuará na defesa das pessoas afetadas pelo incêndio

A Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) atuará em favor de cidadãos afetados no incêndio ocorrido na tarde de terça-feira (7), no Shopping Rio Anil, dentre eles das famílias das vítimas que faleceram no local.

Segundo as autoridades, foram identificadas duas vítimas, de 16 e 21 anos, nos escombros de uma das salas do cinema. Pelo menos 13 pessoas deram entrada em hospitais da capital maranhense. Do total de feridos, nove foram encaminhados para hospitais da rede pública e quatro para um hospital da rede particular de São Luís. A informação foi divulgada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) e pelo Corpo de Bombeiros do Maranhão.

O defensor-geral Gabriel Furtado falou sobre a atuação da DPE neste caso. “A Defensoria, em seu papel institucional, se colocará à disposição para prestar atendimento sociojurídico. Nesse momento, é importante que as vítimas recebam atendimento médico e psicológico, bem como os familiares das jovens que faleceram. O nosso Núcleo de Defesa do Consumidor estará de portas abertas para atuar nos casos inerentes aos direitos dos cidadãos afetados direta ou indiretamente nesse lamentável episódio”, destacou.

Na manhã dessa quarta-feira, a Defensoria Pública manifestou sentimentos de pesar às famílias das vítimas fatais e, também, apoio ao trabalho das autoridades competentes, no sentido de identificar as causas e cobrar as devidas responsabilizações pelo ocorrido.

NOTA PÚBLICA DO MPMA

“Em relação às providências adotadas pelo Ministério Público do Maranhão relativas ao incêndio do Shopping Rio Anil, ocorrido na tarde dessa terça-feira, 7, informamos que foi instaurado um procedimento pela 1ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Meio Ambiente de São Luís para apurar o caso.

Destaca-se, também, que a Ouvidoria do MPMA recebeu reclamação, cuja demanda foi encaminhada às Promotorias de Justiça com atribuição na esfera criminal e na defesa do direito do consumidor.

Informamos, ainda, que, em relação ao cumprimento da Lei Federal nº 13.425/2017 (Lei Boite Kiss), o Ministério Público ajuizou Ação Civil Pública, na qual o Município de São Luís foi condenado, em 14 de dezembro de 2020, a realizar ampla fiscalização de todos os estabelecimentos de diversão e similares edificados na capital, para identificar sua conformidade com a legislação urbanística vigente, notadamente quanto às normas referentes a riscos de incêndios, interditando todos os que apresentem desconformidades. No entanto, o Município recorreu da decisão e o processo encontra-se no Tribunal de Justiça do Maranhão.

Na mesma sentença judicial, proferida pelo juízo da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, o Município de São Luís foi obrigado a elaborar cadastro dos estabelecimentos e áreas de reunião de público, definidos na mencionada Lei, disponibilizando dados sobre alvarás de licença, autorização, laudos ou documentos equivalentes, com ampla transparência e acesso à população.

Por fim, a Municipalidade foi condenada a se abster de emitir qualquer alvará ou autorização de funcionamento para estabelecimentos, sem prévia vistoria quanto ao risco de incêndio.”

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