Economia: Aumento na Renda Média do Brasileiro É Real?

Segundo matéria publicada em 19 de janeiro deste ano no site Valor Investe, a renda média do brasileiro aumentou 7% em 12 meses

Fonte: Bruna Bozano

Segundo matéria publicada em 19 de janeiro deste ano no site Valor Investe, a renda média do brasileiro aumentou 7% em 12 meses.

 

Em números, isso significa que o rendimento médio per capita teria chegado a R$ 2.787, mais que o dobro do salário mínimo, 

 

Esses números seriam considerados minimamente positivos, se o Brasil não fosse um dos países mais desiguais do mundo, de acordo com o Índice de Gini – que mede quão desigual é uma sociedade.

 

Só entre brancos e negros, a diferença salarial é de cerca de 25%, ou seja, se os dados da pesquisa do IBGE, que foi divulgada pela Valor, refletissem essa informação, teria-se que a média salarial de pessoas brancas seria R$3.135,37 e, a das pessoas negras, R$2.351,53, quase R$800 de diferença.

 

Isso sem levar em conta aspectos como regionalidades, escolaridade, idade, e vários outros fatores.

 

As consequências dessa desigualdade são gigantes, tanto individualmente quanto coletivamente.

 

A falta de recursos para manutenção da própria subsistência leva inúmeras pessoas a viverem em moradias em áreas de risco, aumenta o número dos que acabam encontrando no crime uma fonte de renda, conduz ao vício em jogos, álcool e drogas e, ainda, aumenta os riscos de morte, visto que há menos acesso a tratamentos de saúde – em especial quando são necessários medicamentos que não são fornecidos pelo Governo.

 

Segundo Gorete Marques, doutora em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e pesquisadora do NEV: “A maior parte das pessoas presas por tráfico de drogas são jovens de 18 a 24 anos e a maior parte são negras, pessoas que são assistidas pela Defensoria Pública, o que indica que são pessoas hipossuficientes, que não têm recursos”.

 

Se uma pessoa é considerada hipossuficiente ao ponto de recorrer ao tráfico como forma de subsistência e de não ter condições financeiras para arcar com um advogado que trabalhe em sua defesa, não é difícil chegar à conclusão de que há, dentro deste grupo, inúmeros dependentes químicos que jamais terão condições de arcar com um tratamento eficiente para controle do vício. 

 

Clínicas de assistência a alcoolistas e adictos que ofereçam tratamento com Ibogaína e/ou fármacos de alta qualidade não são disponibilizadas gratuitamente, e isso reflete no aspecto de que uma pessoa que adquire o vício, raramente consegue se distanciar dele.

 

Os problemas de segurança e saúde pública supracitados são apenas duas das problemáticas relacionadas à desigualdade social.

 

Indicadores elaborados pela economista Cristiane Soares, pesquisadora do Núcleo de Gênero da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indicam que quase 47% dos idosos recebem, mensalmente, apenas um salário mínimo (menos que R$1.500).

 

Segundo Maurício de Souza, advogado previdenciário, ainda há a problemática de que os valores das aposentadorias apresentam disparidades enormes de uma região para outra: “Em Alumínio (SP), os aposentados recebem, em média, R$ 2.796,87, enquanto em Matões do Norte (MA), o valor médio da aposentadoria é de R$ 891,28” – explica.

 

Com tantas desigualdades econômico-sociais, manter atendidas as necessidades básicas de uma família não é nada fácil, mas isso não significa que as pessoas precisem viver em situação de escassez e desalento.

 

Há algumas estratégias relacionadas a consumo que, embora não resolvam todos os problemas, auxiliam, pelo menos, quem vive dentro da média total de rendimentos per capita do Brasil (citada no início desta matéria).

Saúde Financeira

Quanto menos dinheiro há disponível na conta bancária, mais natural é que as pessoas recorram ao crédito para suprir as necessidades básicas como compras de supermercado ou transporte.

 

Segundo pesquisa realizada pela Elo, esses dois itens representam 47% das compras realizadas por brasileiros em condições financeiras mais baixas.

 

Esse tipo de comportamento, no entanto, dificulta ainda mais a vida de quem já está com problemas relacionados às finanças pessoais e familiares.

 

Primeiro porque o cartão de crédito causa uma ilusão de que “dá para comprar”.

 

Ter limite disponível, no entanto, não é a mesma coisa do que ter condições financeiras de pagar por aquilo que está sendo adquirido.

 

Acaba-se comprando mais do que o necessário e itens dispensáveis, criando-se um problema para o mês seguinte, quando chega a hora de pagar a fatura.

 

Para realizar o pagamento, é preciso utilizar o valor que seria gasto no mercado e é nessas situações que se cria uma dependência do cartão.

 

Não haveria nenhum problema nisso se o Brasil não praticasse uma das taxas de juros mais altas do mundo.

 

De acordo com dados do Banco Central, quem paga apenas a “taxa mínima” da fatura do cartão precisa arcar com, em média, 417,4% de juros ao ano (dados de fevereiro de 2023).

 

Isso porque a cobrança não é feita através de juros simples. Quanto mais o usuário do cartão demora para pagar, mais vezes o juro é cobrado sobre o valor pendente, e isso pode acontecer inúmeras vezes.

 

Quem quer se livrar deste perigo deve tentar reduzir, ainda que aos poucos, a dependência do uso do cartão. Comprar apenas o estritamente necessário com pagamento no crédito, para que as faturas venham cada vez menores, até que o pagamento das compras possa ser feito à vista.

Pesquisas Aprofundadas Antes de Aquisições

 

Não importa qual seja a classe econômica do indivíduo, em algum momento será necessário fazer aquisições de valores mais altos do que os rotineiros, como o de eletrodomésticos e móveis, por exemplo.

 

Essas compras comumente são feitas em lojas físicas, localmente estabelecidas, e muitas vezes, realizadas sob pouca ou nenhuma pesquisa antes de levar o produto para casa.

 

A comodidade e a suposta agilidade na entrega fazem com que muitas pessoas nem considerem comprar certos tipos de itens pela internet, inclusive porque há desconfiança sobre a entrega das suas compras, mesmo já sendo possível utilizar sistemas como o rastreio Correios, o acompanhamento por SMS e diversas outras modalidades que facilitam a aquisição pela internet.

 

A compra presencial não é um problema, inclusive porque movimenta a economia local, mas comprar qualquer item, em especial quando representa uma porcentagem considerável da renda familiar mensal, sem fazer uma pesquisa aprofundada, é uma das ações que mais influenciam no endividamento pessoal, podendo causar a negativação do CPF do comprador, dificultar o acesso ao crédito em um momento de real necessidade e gerar preocupações que podem afetar a saúde física e mental a curto e a longo prazo.

 

Atitudes simples como utilizar recursos de sites de pesquisa e comparação de preço, como o  Recomenda360, podem ajudar em economias significativas.

 

O valor poupado pode ser utilizado para pagar dívidas, para realizar compras à vista ou aplicado a juros para obtenção de rendimentos.

 

É importante ter em mente que não existe valor que seja pequeno demais para ser investido.

 

Comportamento Conta

 

Embora essas orientações não sejam capazes de resolver desigualdades sociais e problemas econômicos a níveis gerais, individualmente podem ajudar pessoas que estão passando por dificuldades ampliadas por falta de organização financeira.

 

Grandes dívidas e grandes fortunas, geralmente, são feitas aos poucos, então é preciso ter em mente que o comportamento diante do dinheiro também afeta o nível de escassez ou abundância da vida econômica das pessoas.

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