Convento das Mercês completa 369 anos e amplia atividades

Em quatro meses, Kécio da Silva Rabelo, novo presidente da FMRB, já fez inventário, obras de manutenção e exposição.

Fonte: Luciene Vieira

O Convento das Mercês de São Luís começou 2023, ano em que completa 369 anos, sob nova direção, com o advogado Kécio da Silva Rabelo, que assumiu em janeiro a presidência da Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), cuja sede é o convento.

Kécio da Silva Rabelo assumiu em janeiro deste ano a presidência da Fundação da Memória Republicana (Foto: Reprodução)

Antes de pensar na celebração de aniversário, em junho, no entanto, Kécio deu outros passos. O convento e o museu da FMRB ficam abertos de terça a sexta, das 8h às 17h; e aos sábados, das 9h às 13h. O presidente da FMRB garantiu que obras de manutenção do Convento das Mercês estão a todo vapor, além do inventário de bens móveis, artístico, histórico e cultural do lugar.

“Já concluímos o processo de registro de inventário, sendo que ele corresponde à localização e reconhecimento do objeto, e até mesmo à própria condição de museu. O inventário é uma ferramenta de investigação, divulgação, gestão e segurança do acervo do Convento das Mercês”, informou Kécio.

Ainda, segundo o advogado, a elaboração do inventário das obras da Biblioteca Padre Antônio Vieira é outra atividade prioritária da Fundação da Memória Republicana Brasileira. A biblioteca tem mais de três mil obras raras, asseguradas no Livro de Registro de Inventário.

Inscrito na Seccional OAB Maranhão, mestrando em Direito pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa (IDP-SP), com experiência no serviço público – Kécio já atuou nos poderes legislativo e executivo estadual e federal –, o advogado demonstra aptidão pela administração do espaço museológico. Tanto é que até exposição já fez, como a “Espelhos da Vida”, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

“A programação teve a finalidade de resgatar a história da presença feminina na literatura maranhense. Na oportunidade, 54 obras representativas fizeram parte da exposição. Também, em março, realizamos a primeira edição do projeto Choro e Samba no Convento. O evento será mensal e, em cada edição, vai homenagear artistas aniversariantes do mês pela contribuição à cultura maranhense. No mais, digitalizamos documentos, livros e obras do acervo, e realizaremos o processo seletivo de estágio da FMRB”, destacou Kécio.

FUTURAS AÇÕES

De acordo com o presidente da Fundação, é trabalhada uma possível parceria com a Escola de Governo do Maranhão (EGMA), para implementar um Curso de Pós-graduação em Gestão da Cultura Maranhense. A especialização, que contará com a colaboração do professor Sebastião Moreira, será voltada a todos os servidores públicos de órgãos e secretarias estaduais e municipais, em especial, àqueles que se relacionam com o tema.

Ainda, há o projeto de celebração dos 200 anos de aniversário de Gonçalves Dias, com início para 30 deste mês.

ATIVIDADES CULTURAIS

No pátio do Convento das Mercês, todas as terças-feiras e quintas-feiras, há aula de zumba para mulheres da terceira idade. E, para as crianças, há pouco tempo começou a oficina de produção textual e ilustração com objetivo de incentivar a produção literária.

“Com o trabalho desenvolvido por essas crianças, publicaremos um livro com suas produções ao final do ano”, frisou Kécio.

ACERVO

O acervo da Fundação da Memória Republicana Brasileira é composto pelos departamentos “biblioteca”, “textual”, “audiovisual” e “museológico”. São exatos 23.260 livros, com 3.217 obras raras e manuscritos de grande valor, como os originais de Espumas Flutuantes de Castro Alves; Sermões de Padre Antônio Vieira, além de manuscritos também originais de Jorge Amado e Odorico Mendes.

São 3.613 caixas com documentos referentes ao exercício presidencial, entre cartas de populares, ofícios, despachos oficiais e hemeroteca.

No audiovisual, 45 mil fotografias, cerca de 139 discos de vinil, 105 DVDs de disco de vinil, 683 fitas de vídeo VHS, 563 DVDs das fitas de vídeo VHS, 174 CDs de áudio, 83 CDs Room, 176 DVDs das fitas de som, 203 fitas de som, 142 DVDs. Ainda, 5.319 peças, entre arte-sacra, esculturas, quadros, artesanatos de vários países, gravuras, mapas antigos, medalhas, faixas, comendas, condecorações entre outros.

INTERCÂMBIO CULTURAL É O MAIOR DESAFIO

De acordo com Kécio, a FMRB é um órgão do Estado, que possui missão e atribuições nacionais, dada a natureza de suas finalidades. “Apesar da revitalização do espaço, tornar realidade o intercâmbio cultural com outros países é o maior desafio. Isto significa a implementação de políticas públicas efetivas para que Fundação da Memória Republicana Brasileira cumpra sua razão de ser de morada das artes, cultura e educação, de estímulo à pesquisa e guarda da história republicana brasileira. Isto passa, necessariamente por estratégias de democratização do acesso ao acervo, da integração institucional com outros centros pesquisa e cultura e com abertura permanente à comunidade”, declarou Kécio.

HISTÓRIA

O Convento das Mercês foi construído em 1654, pelos mercadários João Cerveiro e Marcos Natividade. O espaço, segundo Kécio, é um dos setes tesouros do Maranhão.

“No século 17, quando foi erguido, uma estrutura rudimentar marcava este espaço. Uma capela e um convento com paredes de taipa e cobertura de palha para Frades da Ordem dos Mercedários. A estrutura em pedra e cal é de 1664, quando o local foi batizado de Convento das Mercês, por pertencer à Ordem religiosa, de fundação espanhola, cuja padroeira é Nossa Senhora das Mercês”, disse Kécio.

Com a declínio da ordem mercedária, no Maranhão, no século 18, o espaço passou a ser utilizado por outras instituições do governo e, no final da década de 80, o antigo prédio do Convento das Mercês foi incluído no Projeto Reviver, uma maneira de recuperar o valioso acervo arquitetônico do espaço.

A reforma incluiu o restauro do poço central, de onde os freis naquela época, retiravam água. Esse poço que abastece todo o convento.

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