Rentabilidade de contas como as do Nubank e PicPay deve cair

As últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à Selic devem comprometer muito o retorno oferecido por essas instituições

Fonte: Leonardo Carmo

Alta liquidez, boa rentabilidade e cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) em alguns casos… Apesar de parecer um sonho, esses são apenas os benefícios que as contas remuneradas, como do Nubank e PicPay, vêm oferecendo aos investidores ao longo dos últimos meses.

Graças a essa combinação de fatores, foi possível alcançar retornos significativos com um risco extremamente baixo durante um bom tempo. Porém, todo esse conforto parece estar prestes a acabar.

De acordo com Ruy Hungria, analista de investimentos da Empiricus Research -, as últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à Selic devem comprometer muito o retorno oferecido por essas instituições financeiras.

Ele afirma que “a mamata de 1% ao mês com baixo risco vai acabar em breve”, inclusive.

Queda constante
Afinal, o colegiado dirigido pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que continuará reduzindo a taxa básica de juros em pelo menos 0,50 p.p em suas próximas reuniões.

Para quem guarda o dinheiro em contas com rendimento automático, isso importa porque geralmente a quantia paga está atrelada a esse valor definido pelo Copom. Então, cada vez que o grupo resolve ‘cortar’ a Selic, compensa menos deixar o dinheiro aplicado nesses lugares.

“O rendimento hoje ainda é bastante interessante, o que faz muita gente ficar longe da renda variável. Mas não vai demorar muito para que esse rendimento caia cerca de 30%”, diz Hungria.

O que fazer?
Para manter o mesmo nível de retorno em um cenário como esse, o especialista em investimentos cita ações com histórico de boas pagadoras de dividendos como uma opção.

Ele não sugere que ninguém pegue todo o seu dinheiro investido nessas contas e coloque em ativos de risco, mas diz que “é importante ter em mente que o rendimento desses investimentos vai diminuir e, ao mesmo tempo, a queda da Selic começará a beneficiar o investimento em ações”.

“Ter algo em torno de 15% ou 20% do patrimônio aplicado em ações ou fundos de ações já está de bom tamanho”, complementa Hungria.

E quem não quer lidar com possíveis oscilações de preço, como fica?

Nesse caso, uma alternativa é investir em títulos de renda fixa premium. Eles são capazes de oferecer pagamentos muito maiores que os de contas remuneradas – sendo considerados praticamente ‘imunes à Selic’ por muitos agentes de mercado – e possibilitam uma certa previsibilidade ao investidor.

Além disso, podem ser isentos de imposto de renda dependendo do emissor.

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