Projeto visa melhoria do tratamento da endometriose pelo SUS

Mulheres demoram em média sete anos para conseguir o diagnóstico, o que traz sérias consequências à saúde.

Fonte: Redação / Assessoria / Biblioteca Virtual em Saúde

O Hospital Universitário da Ufma (HU-Ufma), gerido pela Empresa de Serviços Hospitalares (Ebserh), é um dos cinco centros de referência no Sistema Único de Saúde (SUS) participantes do Projeto “Endometriose Brasil: Programa de aprimoramento profissional para diagnóstico e tratamento da doença”. A iniciativa é do Ministério da Saúde, em parceria com a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, Proadi-SUS.

Tutoria da cirurgia, do Projeto “Endometriose Brasil: Programa de aprimoramento profissional para
diagnóstico e tratamento da doença” (Foto: Divulgação)

Nos últimos dias 19 e 20 deste mês, foi realizada a última etapa do projeto, na qual aconteceu a tutoria da cirurgia. Profissionais da BP visitaram o HU-Ufma para o acompanhamento diagnóstico de cirurgias desenvolvidas pela equipe do HU, além da realização da discussão de casos cirúrgicos, aulas e visitas nas enfermarias.

O projeto tem como objetivo estabelecer uma linha de cuidado com equipes regionais especializadas, que sejam referência na abordagem integral da endometriose, no que compete ao diagnóstico e tratamento. Para isso, médicos e enfermeiros do HU-Ufma participaram da capacitação, que incluiu duas idas a São Paulo (a primeira no final de 2022 e a segunda já em 2023). Em cada visita, os participantes acompanharam uma média de 10 cirurgias, além do ambulatório e do pósoperatório das pacientes.

FOCOS DO PROJETO

Marina Andres, médica ginecologista e coordenadora de Ginecologia do Proadi Endometriose, explicou os focos do projeto, já que trabalham em todos os níveis de atenção à saúde.

Segundo a coordenadora, na Atenção Básica a ideia foi capacitar os profissionais para que comecem a fazer o diagnóstico e referenciem as mulheres com maior rapidez, pois esse é ainda um grande gargalo, já que as pacientes demoram uma média de sete anos para conseguir o diagnóstico, o que traz sérias consequências.

Já nos centros especializados, a exemplo do HU-Ufma, a ideia foi “capacitar, principalmente para a realização da imagem, para fazer o diagnóstico e mapeamento, assim como, a focar na parte cirúrgica, para a melhoria do tratamento, a partir de uma padronização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) pelo Brasil”, reiterou.

Segundo a coordenadora, a endrometriose é uma doença muito prevalente, que acomete em torno de 10 a 15% das mulheres, e o tratamento, principalmente o cirúrgico, é de alta complexidade.

“Temos no Brasil poucos centros que já fazem esse tratamento, e muitas vezes é um centro único, como é o caso aqui no Maranhão, então a ideia é ampliar para que as mulheres tenham mais acesso e mais qualidade nos tratamentos em todo o país”, pontuou Marina.

O cirurgião ginecológico João Beltrão reforçou a relevância do projeto, que traz benefícios diretos para as pacientes atendidas na instituição. “Participar dessa capacitação foi muito importante, pois já desenvolvemos cirurgias aqui, mas esse projeto veio para contribuir com a atualização de conhecimento. Tivemos contato com profissionais reconhecidos internacionalmente, pudemos acompanhar a forma como eles operam, para desenvolver com cada vez mais qualidade as cirurgias aqui também. Tivemos muitos ganhos com essa capacitação, principalmente na parte do diagnóstico pelo ultrassom com preparo intestinal, por exemplo, que não era feito e agora já temos pessoas treinadas”, exemplificou.

A chefe da Unidade de Saúde da Mulher do HU-Ufma, Danielle Orlandi, ressaltou que esse intercâmbio foi fundamental para identificar alguns pontos de melhoria no serviço.

“Aqui no Maranhão somos o único hospital que trata a endometriose profunda pelo SUS. Essa é uma oportunidade que vai ajudar no tratamento das mulheres que apresentam muitas queixas, pois é uma doença que gera uma dor crônica. São pacientes que realmente precisam do tratamento, principalmente a endometriose com acometimento intestinal, que é a que traz mais risco à vida, por risco de obstrução”, explicou.

Participaram também dessa turma outros hospitais vinculados à Ebserh, são eles: Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam); Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT) e Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), do Complexo Hospitalar da UFC. Além deles, o Hospital da Mulher Maria Luzia Costa dos Santos, na Bahia.

Saiba mais sobre a Endometriose

Endometriose é uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

Sintomas:

– dor em forma de cólica durante o período menstrual que pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais;
– dor durante as relações sexuais;
– dor e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente durante a menstruação;
– fadiga;
– diarreia;
– dificuldade de engravidar. A infertilidade está presente em cerca de 40% das mulheres com endometriose.

Diagnóstico:

O exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por exames laboratoriais e de imagem, porém, o diagnóstico de certeza, depende da realização de biópsia.

Complicações:

Qualquer órgão na cavidade abdominal, bacia, pode ser afetado. Quando a doença surge nos ovários pode provocar o aparecimento de um cisto denominado endometrioma, de tamanho grande e que compromete a capacidade de a mulher engravidar. Outros órgãos também podem ser acometidos, como, parte do intestino grosso, bexiga, apêndice e vagina.

Tratamento:

A endometriose é uma doença crônica que regride espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios femininos e fim das menstruações. Mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos que suspendem a menstruação; lesões maiores de endometriose, em geral, devem ser retiradas cirurgicamente. Quando a mulher já teve os filhos que desejava, a remoção dos ovários e do útero pode ser uma alternativa de tratamento.

Prevenção:

Como a endometriose é de difícil diagnóstico, vale reforçar a importância das consultas regulares ao ginecologista como forma de prevenção e detecção precoce da doença.

Recomendações para lidar com a endometriose:

– Não imagine que a cólica menstrual é um sintoma natural na vida da mulher. Procure o ginecologista e descreva o que sente para ele orientar o tratamento;
– Faça todos os exames necessários para o diagnóstico da endometriose, uma doença crônica que acomete mulheres na fase reprodutiva e interfere na qualidade de vida;
– Inicie o tratamento adequado ao seu caso tão logo tenha sido feito o diagnóstico da doença;
– Saiba que a endometriose está entre as causas possíveis da dificuldade para engravidar, mas a fertilidade pode ser restabelecida com tratamento adequado.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis possuem apenas caráter educativo.

Fontes:

Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul
Associação Brasileira de Endometriose
Dr. Dráuzio Varella
Sepaco Autogestão

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