Macaco Guariba da Caatinga corre o risco de ser extinto no Maranhão

Espécie endêmica do nordeste do Brasil se concentra na Caatinga e parte do Cerrado.

Fonte: Redação / Assessoria

Macaco Guariba da Caatinga corre o risco de extinção (Foto: Divulgação)

A pesquisa “Abundância relativa e padrões de uso do habitat da Guariba da Caatinga (Alouatta ululata)” da mestranda em Biologia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Celene Sousa Carvalho, faz um alerta sobre a preservação, reprodução e riscos de extinção dos primatas na região de Humberto de Campos, no Maranhão.

O estudo, realizado no período de 2021 a 2024, faz parte de uma vasta programação de incentivo à pesquisa na Uema, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade (PPGECB-PPG), com o apoio do Laboratório de Biodiversidade Molecular (Labmol). “Interessei-me por esta espécie porque estes animais foram descobertos na região há 112 anos (1912), pelo naturalista americano, Daniel Eliot e, desde então, não houve nenhum outro estudo com esses primatas em todo o estado”, esclarece Celene.

Conforme explica a pesquisadora, esta é uma espécie endêmica do nordeste do Brasil, distribuída nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará, concentrada na Caatinga e parte do Cerrado, e no município são encontrados em áreas de transição da floresta amazônica com manguezais. A Guariba da Caatinga é categorizada na lista de animais em perigo de extinção pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) (em tradução livre do inglês: União Internacional para a Conservação da Natureza).

O trabalho tem como objetivo avaliar a abundância relativa e os padrões de uso do habitat da Guariba da Caatinga no município de Humberto de Campos, local onde esses animais foram encontrados. O estudo visa entender os impactos na distribuição do habitat, densidade populacional e medidas de conservação.

“Pretendemos mapear a localização geográfica da espécie no estado e avaliar seu status de conservação de acordo com os critérios da IUCN, bem como analizar os efeitos da fragmentação do habitat, com base nos resultados. O município se mostrou uma importante área para a conservação desses primatas e outros animais que também habitam na região, como o peixe-boi, a preguiça, o macaco-prego, o quati e outros”, disse Celene.

A mestranda explica, também, que o resultado dos trabalhos mostrou uma quantidade média de 6,1 indivíduos a cada 10km percorridos às margens do rio Mapari, o que ressalva a importância da preservação da área para a perpetuação da população que já corre grande risco de desaparecer da natureza.

“Hoje, podemos calcular em torno de 4 mil animais maduros em idade de reprodução. E, mesmo com as ameaças de extinção, a floresta ainda apresenta grande probabilidade de conservação, se as autoridades competentes tomarem as devidas providências para impedir o desmatamento, a caça ilegal e as queimadas nas reservas, onde eles residem”, afirma.

O projeto de Celene Carvalho deu-lhe o privilégio de ser escolhido, em julho de 2023, a única pesquisadora do nordeste do Brasil para apresentar a pesquisa sobre primatas da fauna maranhense no 13º Congresso Internacional de Mastozoologia, no Alasca (EUA).

A pesquisa, que passou por seleções internacionais, extremamente concorridas e complexas, foi subsidiada por duas renomadas instituições americanas de fomento à ciência, pesquisa e conservação da biodiversidade, a Primate Conservation Inc e a Re:Wild.

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