A artesã Izabel Matos, um dos grandes nomes da escultura do Maranhão, ainda se recuperava de um cateterismo quando recebeu um convite que lhe encheu de orgulho: ser a madrinha do presépio no ritual da Queimação de Palhinhas 2020, ponto alto das festividades do Dia de Reis, data que marca o encerramento do clico natalino para os cristãos, celebrada no dia 6 de janeiro.
“Como eu sou maranhense e participo deste festejo há alguns anos, isso para mim foi uma honra muito grande, ser madrinha exatamente neste ano”, conta a artesã.
Tradição secular no Maranhão e em alguns países da Europa, a celebração relembra a visita dos três Reis Magos à manjedoura do menino Jesus.
O grupo Reis das Nuvens, que há mais de 50 anos realiza o ritual na comunidade do Maracanã, zona rural de São Luís, abrilhantou a festa neste ano.
Acompanhado de uma banda marcial, o grupo saiu em cortejo pelas ruas do Centro Histórico em direção ao Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, onde foram rezadas ladainhas e foi iniciada a desmontagem do presépio, com os galhos de murta que enfeitavam a manjedoura, sendo lançados ao fogo, quando são renovados os pedidos e louvores de paz e esperança para o novo ano.
Coordenadora do grupo Reis das Nuvens, Matilde das Neves cresceu com a tradição. Com o falecimento do seu pai, ela ficou responsável por manter as festividades de reis que vêm passando de geração em geração.
“É uma luz, é uma força que nós recebemos, uma coisa inexplicável. Me sinto muito bem. Essa tradição é centenária. Quando nasci, já encontrei a festa”, diz Matilde.
Cultura, fé e devoção
Para diretora do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Ana Cláudia Damascena, o momento é marcado por emoção, devoção e fé.
“Estamos mantendo e realizando aquilo que é cultural. Já é uma tradição. É prazeroso poder receber as pessoas que neste momento vêm pra cá fazer um ato de devoção e de fé”, frisa a gestora.
Uma das maiores referências do Tambor de Crioula do Maranhão, Mestre Amaral foi o escolhido deste ano para ser o padrinho do presépio. Ele acredita que, além da manifestação religiosa, o ritual é uma tradição cultural do estado.
“É tudo pra mim. Quando eu recebi o convite para ser padrinho, foi uma surpresa e eu fiquei muito feliz. Eu só tenho a agradecer e estou muito feliz em estar participando. Essa é a nossa cultura”, destaca o artista.