Hospital Aldenora Bello reativa serviços, mas crise financeira não está afastada

Segundo Antônio Dino, a tabela do Sistema Único de Saúde não tem reajustes significativos desde 2009, quando os valores repassados já eram insuficientes

Fonte: Luciene Vieira

Em 2019, o Hospital Aldenora Bello, administrado pela Fundação Antônio Dino, que é uma empresa privada, porém sem fins lucrativos, foi gravemente afetado pela crise financeira, que, na saúde, se alastra por todo o Brasil. A unidade, instalada no bairro do Monte Castelo, lacrou a porta do Serviço de Pronto Atendimento (SPA) – emergência oncológica –, suspendeu cirurgias,
ficou sem dinheiro para comprar remédios de quimioterapias, e interrompeu o tratamento da dor, paliativo e domiciliar.

No entanto, a amarga e fatal situação tocou a sociedade civil e a classe política. E elas reagiram ao toque. Fizeram doações. Hoje, o Aldenora Bello funciona por completo, mas a crise financeira ainda é real.

O Serviço de Pronto Atendimento foi interrompido no dia 2 de outubro do ano passado, e voltou a ser oferecido dois meses depois. As cirurgias, que também tinham sido suspensas, devido dois compressores quebrados, voltaram a ser feitas alguns dias depois de suas suspensões, graças à colaboração do Maracap, que já faz repasses mensais ao hospital de R$ 120 mil a R$ 150 mil, e entrou com um auxilio extra para o conserto dos motores dos compressores.

Em outubro de 2019, o vice-presidente da Fundação Antônio Dino, Antônio Jorge Dino Neto, reavaliava a existência do SPA. Na quarta-feira (8), quando concedeu entrevista ao Jornal Pequeno, ele informou que a crise financeira da instituição existe ainda, nada do Fundo Estadual de Combate ao Câncer foi repassado desde então ao Aldenora Bello, mas, existe uma parte boa nesta história.

Foram destinadas à Fundação emendas parlamentares da Assembleia Legislativa do Maranhão de R$ 4,2 milhões, montante parcelado em três vezes, e que até o momento só a primeira parcela foi entregue à empresa que administra o Aldenora Bello.

“Cada deputado estadual destinou R$ 100 mil. São 42 deputados, logo, o total foi de R$ 4,2 milhões. O governador Flávio Dino autorizou as emendas de todos os parlamentares, e os valores serão pagos em três parcelas, a primeira já aconteceu”, detalhou o vice-presidente da instituição, ao deixar claro que foram estas emendas que possibilitaram à Fundação Antônio Dino normalizar os atendimentos na unidade de saúde.

DÉFICIT MENSAL DE R$ 1 MILHÃO 

O Aldenora Bello tem caráter filantrópico, é especializado no tratamento de câncer, e presta serviços, de forma majoritária, ao Sistema Único de Saúde (SUS). Quase que 90% da totalidade dos leitos do Aldenora Bello estão voltados para este sistema.

O hospital tem 180 leitos funcionando, e realiza a média de 30 mil atendimentos por mês. Para o vice-presidente Antônio Dino, a crise financeira que a unidade de saúde enfrenta é consequência da defasagem no valor dos serviços pagos pelo SUS. O hospital receberia R$ 4,5 milhões – repassados pelo Município de São Luís –, mas o custo seria bem maior, supera os R$ 5,6 milhões.

Segundo Antônio Dino, a tabela do Sistema Único de Saúde não tem reajustes significativos desde 2009, quando os valores repassados já eram insuficientes. Antônio Dino disse que nos últimos dois meses de 2019, as doações de alimentos, lençóis e fraldas aumentaram, o que ajuda bastante o hospital. Mas, a doação pecuniária continua “mais o menos a mesma coisa”.

O vice-presidente da instituição disse que conseguiu R$ 350 mil de emendas municipais, e R$ 1,6 milhão de emendas parlamentares federais, para custeio dos gastos de 2019. Ocorre que, apesar de todas estas emendas de “custeio”, que mantém o hospital aberto, a unidade de saúde tem um passivo oneroso muito grande, de contas que estão em aberto, e um déficit mensal de R$ 1 milhão.

“O dinheiro que está entrando, está controlando o dia a dia do hospital, mas eu ainda tenho o que ficou para trás para resolver”, informou Antônio Dino.

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