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Escritores homenageiam poetisa nordestina de 95 anos vencedora do Prêmio Nelson Seixas

Nos versos, ela resgata vivências da sua infância, laços familiares, o seu sertão e pessoas que conheceu e conviveu em sua trajetória de vida.

Fonte: Gil Maranhão

Escritores de todo o Brasil se encontram nesta quarta-feira (15), na cidade de São José do Rio Preto, em São Paulo, para uma dupla homenagem à poetisa baiana Zulmira Nery Praxedes: do lançamento do seu livro “Zulmira de Z a A”, contemplado pelo Prêmio Nelson Seixas 2019, e celebração dos 95 anos da escritora. É o primeiro livro da autora, que sempre escreveu, conta causos, tem histórias de sobra para contar. Mas nunca teve a pretensão de publicar a sua obra.

Lúcida – declama poemas longos com uma delicadeza e simplicidade que encanta a todos -, alegre, comunicativa e detentora de uma simpatia sem igual, dona Zulmira, que só estudou até o quarto ano, na verdade presenteia a todos neste livro com cerca de cem poesias em forma de literatura de cordel, ritmadas, quase que cantadas, bem no estilo nordestino.

Nos versos, ela resgata vivências da sua infância, laços familiares, o seu sertão e pessoas que conheceu e conviveu nessa sua trajetória de vida – da pequena cidade de Aramari (Bahia), de onde saiu aos 26 anos, ao noroeste de São Paulo. Como afirmam os produtores, o livro é uma espécie de cartografia de vida quase centenária escritora baiana que adotou Rio Preto.

A sertaneja Zulmira Praxedes tem um fascínio pela poesia, prosa e rima desde a infância, quando uma das irmãs mais velhas, de uma prole de 16 filhos, lia poemas para ela. Ainda analfabeta, a criança decorava os versos e os recitava de memória. Uma vez, declamou “A Juriti”, de Casimiro de Abreu, frente a uma multidão da escola da irmã. Como prêmio, ganhou um livro. Hoje, prestes a completar 95 anos, Zulmira é lúcida e recita a maioria das poesias de memória, fato que impressiona muita gente.

PROJETO EDITORIAL

Dona Zumira integra um grupo seleto de escritores que participou ano passado de dois projetos editoriais, duas coletâneas idealizadas pela editora Ponto Z, do jornalista Edmilson Zanetti: “Babel Poética – 60 e Tantos Versos Depois” e “Natalândia – memórias da criança que hoje é presente”. A mesma Ponto Z é a responsável pela produção de “Zulmira de Z a A”. O projeto foi concebido pela neta de dona Zulmira, a fotógrafa Íris Zanetti, que cresceu ouvindo as histórias e poesias da avó, conta.

“Quando adolescente, minha mãe começou a esboçar um livro das poesias da vó Zulmira, à mão. Mas com o tempo, tudo que ela escrevia ficava espalhado por agendas e papeis soltos pela casa. Na mudança de vovó e da minha tia de São Paulo pra Rio Preto, minha mãe colocou todas essas agendas numa caixa. Eu digitei tudo que encontrei em um notebook”, revela Íris.

Segundo ela, “a produção do livro foi uma retrospectiva de histórias da família, da infância da minha avó na Bahia, coisas que eu nem conhecia. Foi uma dupla premiação”.

PREMIAÇÃO

Íris destaca que a poesia e a rima sempre fascinaram dona Zulmira desde a infância, quando uma das irmãs mais velhas, de uma prole de 16 filhos, lia poemas para ela. Ainda analfabeta, a criança decorava os versos e os recitava de memória. Uma vez, declamou “A Juriti”, de Casimiro de Abreu, frente a uma multidão da escola da irmã. Como prêmio, ganhou um livro.

A obra é ilustrada pela artista Marta Canteiro, e prefaciado pela filha de Zulmira, a psicóloga Inês Praxedes. Venceu o Prêmio Nelson Seixas, com uma proposta de incentivar a produção literária e o hábito da leitura na terceira idade, além do resgate do vocabulário típico da Bahia.

O “Nelson Seixas” é um dos eventos culturais mais tradicionais e concorridos de São José do Rio Preto, com premiações que contemplam anualmente projetos artísticos. Além da produção e publicação do livro, o projeto contempla doação de exemplares a escolas municipais e oficinas de contar histórias em quatro asilos e uma instituição de abrigo a crianças carentes da cidade.

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