A resistência e tradição do Tambor de Crioula Brinquedo de São Benedito

A brincadeira vai seguir divulgando a cultura popular maranhense e suas manifestações folclóricas

Fonte: Redação

Em meados da década de 80, o senhor Raimundo Fonseca fez uma promessa: tocar três marchas de tambor para São Benedito caso sua filha chegasse a São Luís e tivesse uma casa própria para morar. Com a prece atendida, era a hora de honrar o compromisso, e a iniciativa partiu de dona Maria da Conceição Fonseca, após a morte do pai, dois anos depois.

Em 1984, Camalhete (falecido cantador do extinto Boi de São Vicente de Férrer, sotaque da baixada, deu a ideia e Maria da Conceição registrou o Tambor de Crioula que até hoje é conhecido como Brinquedo de São Benedito.

Transmissão dos saberes por meio de oficinas de aprendizado como dança, percussão, cantoria, cobertura de instrumentos musicais (tambores) para crianças, jovens e adultos da comunidade, são alguns dos objetivos da brincadeira.

Oficina de dança com crianças da comunidade (Foto: Divulgação)

Com 30 componentes associados, o grupo está sob a coordenação de Adriano Andrade e Alcelino Amorim, e, neste ano de 2020, a brincadeira vai se apresentar nas festividades juninas, além de outros eventos com o Tema “35 Anos de Resistência e Tradição”. A intenção é seguir divulgando a cultura popular maranhense e suas manifestações folclóricas, sempre primando pelo visual característico que marcou a brincadeira ao longo dos anos.

Tambor de Crioula Brinquedo de São Benedito em apresentação (Foto: Divulgação)

A história de Maria da Conceição Fonseca

A história de Maria da Conceição Fonseca, conhecida popularmente como Dona Conceição, está intrinsecamente atrelada ao Tambor de Crioula e do Bumba Meu Boi do Maranhão. Oriunda do município de Cajapió, baixada maranhense, nasceu em 1934 e radicou-se definitivamente na capital do estado entre os anos 50 e 60. Resistiu, persistiu, apesar de todas as dificuldades, sobretudo as financeiras.

Dona Conceição, a fundadora da brincadeira (Foto: Divulgação)

Desde criança escutava o ecoar dos tambores no interior da baixada maranhense. Com um olhar curioso e encantado, a dança lhe chamava muito a atenção, e era recorrente assistir apresentações de tambor de crioula nas mais variadas festas da região. Passava horas a ver o bailado das saias coloridas, os gritos frenéticos dos brincantes, a força no braço do negro quando batia veemente o tambor, a cantoria ritmada e as luzes das fogueiras, sempre presente nessas manifestações. Era como uma explosão colorida regada a risos, que ao passar dos tempos foi se fortalecendo.

Além de fundar o Tambor de Crioula Brinquedo de São Benedito, em 1984, fundou também um dos grupos de Bumba Meu Boi mais requisitados do Maranhão na década de 80; o Boi Capricho de São Luís, do Sotaque da Baixada. Foi uma das primeiras diretoras do Boi de Pindaré, do eterno Coxinho. Dona Conceição, ainda participou diretamente do Boi de São Vicente Férrer, do saudoso Camalhete, ambos do Sotaque da Baixada.

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