A coordenadora da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, foi outra debatedora na audiência pública realizada Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher (CMCVM). Ela destacou que a participação das mulheres na política ao redor do mundo vem crescendo, mas ainda em marcha lenta. Elas ocupam 24% das vagas parlamentares, 8% dos cargos de chefes de Estado e 6,2% dos de chefes de governo.
Entre os ministros de Estado, 20% são mulheres, e elas comandam 26% dos governos locais. Na América Latina e no Caribe, segundo ela, estão os maiores índices de mulheres no parlamento. Contudo, nesses números, não se inclui o Brasil. Enquanto na Bolívia elas são 53% do parlamento e no México, 48%, no Brasil e no Paraguai elas ocupam apenas 15% das cadeiras.
O Brasil, segundo a representante da ONU Mulheres, é o terceiro pior em representação política na América Latina e Caribe. As mulheres ocupam 30,7% das cadeiras nos Parlamentos latino-americanos e caribenhos.
Mas no Brasil elas ocupam apenas 15% das cadeiras no Legislativo. Querino ressaltou que o principal entrave para aumentar essa participação é a violência política contra as mulheres. E conceituou que a violência política é definida por uma série de agressões físicas, psicológicas e sexuais cometidas contra candidatas, eleitas, nomeadas ou no exercício da função pública ou ainda contra sua família.
Ela enfatizou que o objetivo da violência é restringir, suspender ou impedir o exercício do cargo, induzindo ou obrigando a mulher a agir contra a sua vontade, ou incorrendo à omissão no cumprimento de suas funções ou no exercício de seus direitos.
As mulheres engajadas nesses cargos, diz Ana Carolina Querino, sofrem muitas vezes o assédio político: ato ou conjunto de atos de pressão, perseguição, hostilização e ameaças, contra mulheres candidatas, eleitas, ou nomeadas, ao exercício de um cargo político, com o propósito de diminuir, suspender, impedir ou restringir as funções inerentes a seu cargo.
De acordo com dados da União Parlamentar Internacional (IPU), 82% das parlamentares ouvidas viveram violência psicológica; 44% receberam ameaças de morte, estupro, espancamento ou sequestro; 26% sofreram violência física no parlamento e 39% afirmaram que a violência política minou a implementação de seus mandatos e sua liberdade de expressão.