Maranhão registra mais de 500 casos de câncer do colo do útero em 2019

Na manhã de ontem (9), a SES lançou a campanha Março Lilás como forma de alerta e prevenção

Fonte: Luciene Vieira

Durante o lançamento da campanha Março Lilás, na manhã dessa segunda-feira (9), na Policlínica Diamante, localizada na Rua João Luís, Centro, a secretária adjunta da Política de Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Waldeise Pereira, divulgou que no ano passado houve 500 casos de câncer do colo do útero, no Maranhão.

Autoridades da Saúde lançam campanha Março Lilás e fazem alerta sobre os cuidados para evitar o câncer do colo do útero (Foto: Gilson Ferreira)

Ainda no lançamento da campanha, foram realizados exames preventivos, entre eles o “papanicolau”, um bate-papo no palco 360º, oferta da vacinação HPV para meninas de 9 a 14 anos, e meninos de 11 a 14, imunização para hepatite B, febre amarela, meningocócica C conjugada, dupla adulto e tríplice viral. “Este é um mês alusivo para a gente intensificar as ações de prevenção do câncer do colo do útero. Os serviços preventivos têm demanda espontânea”, informou a secretária adjunta, ao complementar que o governo do Estado trabalha com a política de Atenção à Saúde da Mulher, em que mobiliza os municípios para que realizem também ações preventivas.

De acordo com Waldeise Pereira, a forma mais comum do desenvolvimento de um câncer do colo do útero é a partir de alterações pré-cancerígenas. Existem duas maneiras de impedir o desenvolvimento da doença: a primeira é diagnosticar e tratar as lesões pré-cancerígenas antes que se tornem malignas, e a segunda é prevenir as condições pré-cancerígenas.

Uma maneira comprovada para prevenir o câncer do colo do útero é a realização de exames, como o exame papanicolau e o exame de detecção do papilomavírus humano (HPV), para diagnosticar a presença de lesões pré-cancerígenas antes que elas se transformem em tumores malignos. Uma lesão précancerígenas encontrada pode ser tratada, evitando que se torne um câncer.

O exame de Papanicolau é um procedimento realizado para coletar células do colo do útero que serão analisadas sob um microscópio para determinar a presença de câncer e pré-câncer. Essas células também podem ser usadas para verificar a existência do HPV.

Ontem, na Policlínica Diamante, Margarida Rocha Neves, de 66 anos, foi a décima paciente a realizar os exames preventivos, por meio da campanha. Outras 90 mulheres ainda seriam atendidas até o fim do dia. “Eu moro em Penalva, mas como estou em São Luís, e soube da campanha, aproveitei esta oportunidade de me submeter, sem burocracia, aos exames. A mulher precisa se cuidar em qualquer idade, e eu faço meus exames, todo ano”, informou Margarida Rocha.

Natural de Penalva, Margarida Neves aproveitou estada em São Luís para realizar seus exames preventivos (Foto: Gilson Ferreira)

CÂNCER DE COLO DE ÚTERO O QUE É

Esse tipo de câncer atinge os órgãos reprodutores femininos – o colo uterino ou cérvix – localizados na parte inferior do útero, próximo ao canal vaginal. É formado por duas principais células: as escamosas e as células glandulares. Essas células são localizadas na zona de transformação, onde surge a maior parte dos cânceres do colo do útero. A proliferação das células cancerosas acontece pelo não tratamento de lesões que são provocadas em sua maioria pelo vírus transmissível HPV.

Cerca de cinco mil brasileiras por ano são vítimas da doença que poderia ter grande parte dos seus casos prevenidos com o exame anual de Papanicolau e vacina de HPV. A estimativa do INCA é de 16.590 novos casos para 2020.

O câncer do colo do útero é o 3º mais frequente nas mulheres brasileiras e o 4º na lista de responsáveis pelas mortes por câncer no país. SINTOMAS O câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas na fase inicial. É preciso ficar atento ao seu corpo e às modificações nele.

Procure um médico se você identificar:

• Sangramento vaginal

• Corrimento ou secreção

• Dor vaginal após relações sexuais

• Dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais

FATORES DE RISCO

Pelo HPV ser o maior predisponente do desenvolvimento deste tumor – presente em cerca de 90% dos casos –, os fatores que levam à contaminação pelo vírus também são grandes influenciadores para o câncer do colo do útero, como ações relacionadas à vida sexual:

• Atividade sexual precoce

• Prática sexual com vários parceiros • Sexo sem preservativo (camisinha)

• Histórico de Doenças Sexualmente Transmissíveis

PREVENÇÃO

O que você precisa saber sobre o HPV? São mais de 200 tipos diferentes de vírus do HPV e 13 deles apresentam maior risco de desenvolver o câncer do colo do útero. A manifestação pode ocorrer na vagina, pênis, ânus, faringe e esôfago.

Para ajudar na prevenção, além de evitar os fatores de risco, existe a vacina contra o HPV, disponível na rede pública e privada. Ela protege contra quatro subtipos: 6, 11, 16 e 18.   Os tipos 16 e 18 do vírus HPV são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero.

A vacina está disponível na rede pública para meninas de 9 a 13 anos, em duas doses, com um intervalo de 6 meses entre a primeira e a segunda. E para meninas e mulheres de 9 a 26 anos diagnosticadas com HIV, em três doses, com um intervalo de 2 meses a cada vacina.

Apesar da importância, as metas de imunização não foram atingidas. Medo, preconceito e desinformação são algumas das causas da baixa procura. Além de prevenir os fatores de risco é preciso fazer o rastreamento para um diagnóstico precoce da doença. O exame mais indicado é o Papanicolau, que identifica lesões percursoras que podem se transformar em células cancerosas.

Mulheres entre 25 e 64 anos com vida sexual ativa podem realizar o exame anualmente. Essa recomendação é válida mesmo para quem recebeu as doses da vacina de HPV, levando em consideração que ela não protege contra todos os subtipos do vírus.  Cerca de 90% dos casos de verrugas genitais estão relacionados com os subtipos 6 e 11 do vírus do HPV.

TRATAMENTO

Quanto mais cedo for o diagnóstico da doença, maiores são as chances de cura. Os métodos mais comuns usados no tratamento são:

• Cirurgia (Histerectomia, Conização, Criocirurgia, Cirurgia a laser)

• Radioterapia

• Quimioterapia

• Braquiterapia

Eles podem ser aplicados de forma isolada ou em conjunto. Essa definição é feita após o estadiamento da doença. Mulheres que ainda desejam engravidar devem comunicar ao médico para planejar a preservação do útero, caso seja possível.

DIAGNÓSTICO

O exame de  Papanicolau é o mais usado e previne o câncer do colo do útero, com o diagnóstico precoce de lesões e a identificação do vírus HPV.

Quando o caso é confirmado, outros exames podem ser feitos para definir o estadiamento do câncer, ou seja, as condições de tamanho, tipo e localização do tumor. Algumas vezes, apenas o exame físico é suficiente.

• Tomografia computadorizada: verifica se as células cancerosas se disseminaram por alguma parte do corpo (gânglios linfáticos, abdômen e pelve, fígado, pulmão).

• Ressonância magnética: é utilizada para identificar se houve metástase para o cérebro ou medula óssea.

REABILITAÇÃO

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menos tempo de reabilitação será necessário após o tratamento. A fisioterapia pélvica é a forma mais usada para tratar os efeitos colaterais após a cirurgia. As complicações mais comuns são:

• Incontinência urinária: tratada com eletroestimulação, cinesioterapia e biofeedback.

• Estenose vaginal: tratada com reeducação e massagem perineal e dilatação vaginal

• Disfunções sexuais: tratada com eletroestimulação, biofeedback, dilatação vaginal e massagem perineal.

• Linfedema de membro inferior: compressão pneumática, auto-massagem linfática, exercício miolinfocineticos e denagem linfática manual.

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