Uso de equipamentos de proteção individual ainda é parcial nas feiras da capital maranhense

Poucos são os feirantes que usam máscaras e luvas, ou possuem álcool em gel para sua higienização e de seus clientes

Fonte: Luciene Vieira

As feiras e mercados de São Luís nunca tiveram boas avaliações nos quesitos “higiene da barraca”, “conservação”, e “qualidade dos produtos”. Entretanto, devido às medidas de prevenção contra o avanço do coronavírus, na capital maranhense, apenas alguns feirantes têm tomado cuidados fundamentais para garantirem a salubridade.

No Mercado Central, localizado no centro da cidade, e nas feiras do Bairro de Fátima e Liberdade, havia vendedores usando luvas e máscaras, e com álcool em gel nos seus quiosques e barracas.

O Maranhão, até o início da noite desse sábado, tinha 22 casos confirmados de Covid-19, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Devido às atividades serem essenciais, e as feiras serem populares nos três bairros visitados pelo Jornal Pequeno, ontem (27), a movimentação continuava a mesma para um dia de sexta-feira normal. Porém, houve feirantes que reclamaram da queda nas vendas, mesmo que dissessem estar aliviados por continuarem trabalhando.

Antônio Araújo vende camarão seco no Mercado Central. O produto fica exposto em sacos distribuídos na mesa do quiosque do feirante. Antônio estava de máscara, e mostrou ao JP seu recipiente de álcool em gel. Ele disse que estava contente por continuar trabalhando e que sabia da importância de tomar medidas de higiene; mas, lamentou a queda nas vendas.

“Estou vendendo bem menos do que o habitual”, resumiu Antônio. Priscila e Lucilda Castro, mãe e filha, trabalham há 18 anos no Mercado Central, e contaram que no quiosque delas a recessão foi de 80%. “Está difícil vender, as pessoas não estão saindo de suas casas como antes”, disseram as feirantes.

Por outro lado, mesmo que Antônio, Lucilda e Priscila estivessem de máscara e com álcool em gel em seus estabelecimentos, alguns cuidados, principalmente por parte de consumidores, estariam sendo negligenciados. A degustação do camarão seco no quiosque de “seu” Antônio não estava suspensa, esta prática, na verdade, pode existir ou não, conforme a negociação entre vendedor e cliente.

Ainda no Mercado Central, os consumidores não utilizavam máscaras e luvas. Não estariam mantendo a distância de um metro entre si, e como foi notado pelo JP, eles falavam próximos e com os rostos direcionados aos alimentos, no ato da escolha dos produtos. Quando se fala, gotícula de saliva podem sair da boca. Não havia também cartazes orientando os clientes do Mercado Central a mudarem suas condutas.

“Depois de três dias sem sair de casa para nada, viemos comprar mantimentos. Vimos algo inédito (mas não por todos), que foi vários feirantes utilizando máscaras. Só o que ainda há desleixo em relação às medidas de prevenção que precisam ser tomadas. Deveria ter álcool em gel nas entradas do Mercado Central, para que os consumidores pudessem higienizar as mãos antes de tocarem nos alimentos. No fim das contas, é possível que estejamos levando comida contaminada para a nossa casa”, disse o casal Geraldo Lopes e Luzia Ferreira.

Ainda no Mercado Central, não há lavatórios com água, sabão e papéis para os feirantes e consumidores limparem e secarem as mãos. Mas, a vendedora Marilene Rodrigues disse que, na semana passada, foi jogado água quente no piso da feira. “Também foi a única medida fora do comum tomada pela administração. Aqui cada feirante que cuide de providenciar seu álcool em gel, suas máscaras e luvas”, informou Marilene.

FEIRA DO BAIRRO DE FÁTIMA

Na feira do Bairro de Fátima, Valéria Menezes disse que continua vendendo igual antes do período de combate ao Covid-19. De luva, Valéria não parava de atender aos consumidores atrás de alho e tempero seco, produtos expostos na barraca da feirante. Ao lado dela, um idoso com máscara cuidava de uma barraca de frutas. Precavidos, os dois lidavam com fregueses sem máscara, que, assim como no Mercado Central, pegavam nos alimentos e falavam próximos a eles.

A feira do Bairro de Fátima fica de um lado ao outro de uma rua comercial. Algumas barracas, como a de Valéria, estão instaladas numa praça pública. Todo o espaço é dividido pelas estruturas da feira, estabelecimentos comerciais, e o trânsito de veículos e pedestres. Se há alguns com máscara, a maioria estava sem.

Feirantes disseram que não receberam a visita da Vigilância Sanitária; que, para eles,muito importante para a orientação sobre higienização e limpeza do que é vendido, a importância dos idosos ficarem em casa, e o fim da degustação de alimentos nas barracas.

No Mercado Central, e na feira da Liberdade – por onde também esteve ontem a equipe de reportagem do JP -, os vendedores disseram que não receberam a visita da Vigilância Sanitária. Nesses três locais, consumidores e feirantes ainda disseram que falta um lavatório. “Há pessoas que pegam ônibus para vir comprar na feira. Se estão com a campanha ‘lave as mãos’, não seria importante lavatórios móveis, nas feiras”, disse uma vendedora da feira da Liberdade.

Fechar