PF abre inquérito para investigar morte de líder indígena em Arame

Segundo a Polícia Civil, todo o local do crime foi preservado e também foram colhidas informações preliminares com testemunhas

Fonte: Aidê Rocha

A Polícia Federal informou que já instaurou o inquérito para investigar os fatos que levaram ao assassinato do líder indígena Zezico Rodrigues Guajajara. O crime ocorreu na terça-feira (31), por volta do meio dia, na Terra Indígena Aribóia, localizada no município de Arame – sul do Maranhão.

Zezico teria sido alvo de uma emboscada na Estrada da Matinha, perto da Aldeia Zutiua, onde ele morava.Conforme contado por outros índios, ele tinha saído para realizar compras e por volta de 12h foi encontrado morto, alvejado por tiros de espingarda.

Segundo a Polícia Civil, todo o local do crime foi preservado e também foram colhidas informações preliminares com testemunhas. Lideranças indígenas da região afirmaram que a vítima estava recebendo ameaças de morte em razão de conflitos internos da aldeia.

Uma das últimas ameaças teria ocorrido há um mês. A situação, inclusive, já havia sido comunicada à Fundação Nacional do Índio (Funai), com pedido de proteção para Zezico, mas nada teria sido feito.

QUINTO ÍNDIO MORTO DESDE NOVEMBRO

Para o membro da Comissão de Direitos Humanos da OABMA, o advogado Rafael Silva, a preocupação é grande com relação à segurança dos povos indígenas do estado. “É o quinto assassinato de indígenas no Maranhão, desde novembro de 2019. É uma sequência de um massacre que está em curso. Estão sendo mortas lideranças importantes dos Guajajara. Zezizo era uma liderança muito respeitada, atuante, fazia denúncias constantes de invasão da Terra Indígena Araribóia por madeireiros”, frisou.

Rafael acredita que é preciso descobrir quem matou Zezico e se houve mandante do crime, além de que sejam tomadas medidas contundentes de proteção e prevenção na Terra Indígena Araribóia, para que o caminho para novos crimes não permaneça aberto.

O defensor público federal Yuri Costa ressaltou a importância sobre se ter uma investigação séria do caso. Ele defendeu que se faça uma apuração contextualizada e levando em consideração todo o histórico de conflito que já ocorre na Terra Indígena Araribóia.

“Não pode existir uma apuração isolada, como se esse fosse um crime avulso. A Defensoria Pública da União adotará medidas de acompanhamento desta apuração, junto às autoridades do Maranhão e da Polícia Federal”, pontuou.

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