Desde as 7h dessa quarta-feira (8), até a noite de segunda-feira (13), está proibido o transporte rodoviário de passageiros, entre São Luís e o resto do estado. A suspensão faz parte do decreto nº 35.722, do governo do Maranhão, que visa impedir o aumento da aglomeração e a proliferação do novo coronavírus, durante o feriado da Semana Santa.
Ocorre que, passageiros ainda tentaram embarcar num ponto de saída de vans e ônibus para o interior do estado, na Avenida Guajajaras, em frente à rotatória do bairro do São Cristóvão. Além deste local, a equipe do Jornal Pequeno verificou as operações no Terminal Rodoviário, localizado na Avenida dos Franceses; na Rampa Campos Melo, instalada no Centro Histórico; e no Terminal Ponta da Espera, na Área Itaqui-Bacanga.
“Quero chegar à Rosário, pois minha família mora lá. Estou prestes a desistir, mas ainda tenho a esperança de conseguir na sorte um carro que consiga passar pelas barreiras policiais, e chegue ao meu destino”, informou a moradora de São Luís Adrielle Pereira, sentada em um banco do ponto de embarque, no São Cristóvão.
Em um banco ao lado do qual estava Adrielle, o profissional autônomo Alan Sousa, de 28 anos, disse que viajaria para Icatu. “Minha esposa está em Icatu. Quero vê-la”, resumiu o profissional autônomo. Alan foi entrevistado pelo Jornal Pequeno às 9h30, ele disse que desde as 6h30 esperava um transporte alternativo (vans, micro-ônibus e carros pequenos fretados) que o levasse a Icatu, que fica a duas horas de São Luís.
Também no São Cristóvão, o morador de Vargem Grande, Júnior Dias, esperava um motorista de sua cidade vir buscá-lo. “Eu sou pré-candidato a vereador na eleição municipal de 2020, em Vargem Grande. Participarei da entrega de 15 mil cestas básicas, neste feriadão de Semana Santa. A entrega será de casa em casa, assim evitaremos aglomeração dos moradores beneficiados. Eu preciso chegar à minha cidade, pois tenho que participar desta ação”, informou Júnior Dias, que foi o único entrevistado do JP a utilizar máscara de proteção.
Júnior Dias disse que esperava um motorista de Vargem Grande vir buscá-lo no bairro do São Cristóvão. “Ele está em um carro particular. Acredito que conseguirá chegar à capital maranhense, e assim eu retornarei com ele ainda hoje (ontem) para Vargem Grande”, informou o pré-candidato ao cargo de vereador daquela cidade.
TERMINAL RODOVIÁRIO
No dia 25 de março, a gerente da Sinart, empresa que administra o Terminal Rodoviário de São Luís, Cláudia Peres, informou ao Jornal Pequeno que o local sofria queda de 90% da movimentação, tanto no embarque, quanto no desembarque de passageiros.
À época, segundo Cláudia, apenas as viagens interestaduais estavam suspensas. “Mas, mesmo assim, a rodoviária está praticamente vazia. As empresas que operam em rotas intermunicipais decidiram suspender as atividades e a perspectiva é que em no máximo dois dias o percentual alcance os 100%. Mais da metade das empresas de rotas entre municípios já decidiu suspender totalmente suas operações”, declaração da gerente da Sinart, feita há duas semanas.
Ontem, o Terminal Rodoviário estava completamente vazio. Nenhum ônibus saiu da rodoviária. A assessoria de comunicação da Sinart informou que as empresas já estavam operando com percentual baixo, e que devido ao decreto 35.722, muitas suspenderam por total os serviços, incluindo os atendimentos presenciais, nos boxes das empresas, aos clientes.
Nas instalações das agências, cartazes foram fixados com o seguinte informativo: “Em virtude das diversas restrições que estados e municípios continuam aplicando à circulação de pessoas, bem como as determinações de fechamento de estabelecimentos comerciais, informamos a decisão de paralisar totalmente as atividades”.
TERMINAL DA PONTA DA ESPERA
Ontem, no Terminal da Ponta da Espera, cerca de 30 policiais militares fizeram o reforço para barrar vans e ônibus. De acordo com a Agência de Mobilidade Urbana (MOB), as viagens do transporte aquaviário foram reduzidas a um terço, são apenas três por dia.
Lawrence Melo já tinha informado ao JP que, desde o dia 18 de março, quando a Agência de Mobilidade Urbana decretou a portaria nº 250, a MOB aplicou regras e procedimentos, que limitaram a quantidade de viagens feitas entre os terminal Ponta da Espera e Cujupe.
Em março, os terminais realizavam a soma total de seis viagens. Isso significava redução de 50%, na quantidade de travessias que era feita pelos ferryboats, antes do coronavírus. Ou seja, cada terminal realizava antes da pandemia 12 viagens diárias. A partir do dia 18 de março, caíram para seis viagens diárias. E, de ontem até a noite de segunda-feira, serão apenas três viagens diárias, em cada terminal, com novos horários.
Para partidas do terminal da Ponta da Espera, em São Luís, os novos horários são 6h, meio-dia e 18h. Já para quem quiser fazer a travessia do Terminal do Cujupe em direção à ilha de São Luís, os horários disponíveis de viagens são 8h30, 14h30 e 20h30.
Na Rampa Campos Melo, um funcionário de fiscalização da MOB informou que há dez dias nenhuma embarcação sai ou chega no local. Com o novo decreto, o lugar foi totalmente fechado por grades de ferro. Há no espaço apenas o fiscal da Agência de Mobilidade Urbana, e vigilantes.
AÇÃO DA POLÍCIA NA ESTIVA
A Polícia Militar montou barreira de fiscalização na manhã de ontem, na Estiva, para proibir a entrada ou saída de veículos, que constam no decreto 35.722. Quem passava com o carro cheio pela barreira policial era parado e orientado. Se fosse “carro-lotação” ou “táxi”, os policiais avisavam da proibição.
A barreira policial na Estiva contou com a presença do presidente da MOB, Lawrence Mello. Na ocasião, Lawrence dava explicações à imprensa, e aos motoristas sobre o decreto. “Uma viagem entre Timon e Imperatriz, por exemplo, pode ser realizada normalmente. A proibição é somente para as viagens com origem ou destino à Ilha de São Luís”, disse o presidente da MOB.
As fiscalizações irão prosseguir durante todo o período da Semana Santa, e as sanções para quem descumprir o decreto vão de multa que variam de R$ 100 até R$ 5 mil, além de retenção do veículo.
ENTENDENDO O DECRETO DA SUSPENSÃO DE VIAGENS
Decreto editado pelo governador Flávio Dino na terça-feira (7) restringiu as viagens saindo e entrando na Grande Ilha neste feriado da Semana Santa, a fim de combater a disseminação do coronavírus. A seguir, os principais tópicos do decreto.
O que está suspenso? Os serviços de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, com entradas e saídas da Ilha de São Luís. A medida está valendo desde as 7h desta quarta-feira (8) e ai até as 23h59 de segunda-feira (13)
Vale para quem entra e quem sai da Grande Ilha? Sim, nos dois sentidos Vale para que tipo de veículo? Todos os tipos de transporte coletivo, sejam os convencionais, os alternativos, os de fretamento e os de turismo.
E o transporte coletivo que usa o ferry boat em parte do trajeto? Também está suspenso O ferry boat vai funcionar? Sim, mas as viagens serão reduzidas para um terço
E se eu já comprei passagem para uma dessas viagens de ferry boat canceladas? O dinheiro será devolvido
Existe prioridade para quem vai viajar de ferryboat, fora do transporte coletivo rodoviário? Sim. Nas viagens mantidas, terão prioridade ambulâncias, viaturas policiais, profissionais da saúde em viagem a trabalho e caminhões
Por que o decreto restringiu as viagens? Porque os casos de coronavírus estão concentrados na Grande Ilha. Um deslocamento grande de pessoas tem o potencial de disseminar o vírus por todo o território, o que representa uma ameaça aos serviços de saúde
Há punição para quem desrespeitar o decreto? Sim, incluindo multa, retenção do veículo e sanções penais Os prefeitos podem editar normas de restrição de viagens? Sim, o decreto prevê isso, desde que não conflitem com as regras do próprio decreto.