Governo diz ter encontrado remédio com eficácia de 94% contra coronavírus em testes de laboratório, mas não divulga nome

Para evitar corrida a farmácias, medicamento não foi identificado.

Fonte: Daniel Gullino

O Ministério da Ciência e Tecnologia informou ter encontrado dois remédios que reduzem a replicação do novo coronavírus em células humanas, sem causar efeitos colaterais. Um desses remédios teve eficácia de 94%. Os testes foram feitos em laboratório e serão replicados em 500 pacientes nas próximas semanas. O nome dos remédios, no entanto, não será divulgado antes dos resultados dos testes para que não haja corrida a farmácias.

De acordo com o ministério, o remédio tem baixo custo, incluindo genérico, e tem ampla distribuição no território. O anúncio foi feito pelo ministro Marcos Pontes durante coletiva no Palácio do Planalto. A expectativa dele é que o resultado dos testes seja divulgado até a metade de maio.

— No máximo na metade de maio, um momento crítico, nós teremos aqui uma solução de um tratamento, se Deus quiser, estou contando que esses testes clínicos realmente demonstrem a eficiência desse remédio, a probabilidade maior é essa. Considerando isso correto, a gente vai ter um tratamento com um remédio que não tem praticamente efeitos colaterais — disse Pontes.

Não há, no entanto, evidências científicas sólidas de uma medicação eficaz contra a Covid-19 registradas no mundo. Um levantamento encomendado pela Associação Médica Americana (AMA) e conduzido pela Universidade do Texas (EUA) avaliou mais de 100 testes clínicos de remédios contra o Sars-CoV-2 e “nenhuma terapia se mostrou efetiva” nestes quatro meses, segundo o estudo publicado na revista JAMA, o periódico da associação.

Os pesquisadores testaram inicialmente, pelo computador, dois mil medicamentos e encontraram seis substâncias consideradas promissoras. Esses seis remédios foram testados em células infectadas com o coronavírus e dois deles reduziram a replicação viral.

Os testes clínicos serão realizados em sete hospitais: cinco no Rio de Janeiro, um em São Paulo e outro em Brasília. Nem os pacientes nem os médicos saberão qual remédio estarão utilizando.

— O médico vai receber a medicação, o placebo ou a medicação propriamente dita, e o paciente vai receber a medicação. O médico não sabe…É claro que tem um corpo que vai fazer isso, anterior ao recebimento do medicamento ou do placebo, e o médico de forma “randomizada” (aleatória) vai aplicar esse medicamento ou placebo nesses pacientes. Depois de todo o protocolo clínico realizado, isso é desvendado, e a gente sabe se houve eficiência ou não do medicamento — explicou o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do ministério, Marcelo Morales

O paciente receberá o medicamento durante cinco dias e será monitorado, no total, por 14 dias. O público que receberá será amplo.

— Vai ser amplo e a partir dos 18 anos. É o paciente que chegou com pneumonia, com tosse seca, febre e aquela característica da tomografia em vidro fosco. Ele não é tão grave, mas ele está com sintomas da Covid  — disse o secretário.

Testes com inteligência artificial

Marcos Pontes também anunciou duas alternativas para suprir a ausência dos reagentes necessários para a realização para a realização de testes para coronavírus no Brasil. A primeira delas é a fabricação de um reagente nacional, em um laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

— Eles desenvolveram nessa unidade um reagente nacional que tem exatamente a mesma performance dos reagentes importados para esses testes diagnósticos — explicou.

Outro anúncio foi um teste feito com inteligência artificial, que não precisa de reagentes.

— Temos uma outra alternativa que não precisa de reagente. É um equipamento, e esse equipamento utiliza inteligência artificial. Ele faz a iluminação por laser da saliva da pessoa que está sendo testada. Uma amostrada de saliva que é iluminada por laser, e por isso a inteligência artificial consegue detectar a presença ou não da Covid — disse. — Ele consegue realizar em um minuto o resultado. É um teste rápido, preciso e sem reagente.

Segundo o ministro, esse equipamento poderá estar disponível em até 20 dias, com a capacidade de realizar 500 mil testes por dia:

— A máquina já existe, a inteligência artificial está sendo calibrada neste momento. Temos capacidade de, em 20 dias, colocar um número considerável destas máquinas, não sei o numero ao certo. Estas máquinas conseguem fazer 500 testes por dia. Se a gente pega mil máquinas dessas, são 500 mil testes por dia. Existe essa capacidade de se ter essas mil máquinas.

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