Pesquisadores do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) lançaram, na quinta (16), pesquisa participativa para o Mapeamento da Covid-19 na região metropolitana de São Luís.
A pesquisa, realizada mediante um questionário on line, via Google Forms, tem por objetivo identificar a percepção dos moradores da região sobre o Covid-19. O diagnóstico conta com o apoio de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade de Coimbra, em colaboração com o Grupo de Pesquisa GEORISCO do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O formulário é simples e demora pouco mais de dois minutos para ser respondido. Os voluntários devem responder apenas sim/não a 20 perguntas sobre se conhecem alguém que teve ou tem os sintomas da Covid-19, mas que ao chegar no hospital não foi testado, ou ainda se a quarentena trouxe dificuldades financeiras para a compra de alimentação em casa. Os resultados vão auxiliar os estudos sobre a pandemia na região metropolitana do estado. Os participantes não precisam se identificar.
De acordo com o professor do IFMA e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (Fapema), André Santos, a pesquisa tem como estímulo contribuir com o aporte de dados acerca da disseminação da Covid-19 em São Luís com o uso de ferramentas teóricas e metodológicas de Geotecnologias. “A nossa perspectiva é produzir e dispor publicamente dados sobre o avanço da pandemia na cidade, com abordagem participativa”, afirmou André Santos.
A concepção do projeto
O projeto replica ideia de iniciativa do Laboratório Labocart do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), pela qual os integrantes buscavam dar retorno positivo à sociedade, na situação de pandemia, com o uso de instrumental das geotecnologias e técnicas de análise espacial.
A partir de diversas discussões, surgiu essa ideia de utilizar o mapeamento participativo para tentar compreender outros aspectos que não são abordados pelos órgãos oficiais, abrindo a possibilidade de envolvimento direto das populações atingidas. “A UFRN replicou o questionário e, agora, o IFMA, a UFMA e a UEMA estão aplicando o modelo no Maranhão”, explicou André Santos.
Metodologia
O estudo aplica os princípios do Volunteered Geographic Information (VGI), vertente da pesquisa em Sistemas de Informações Geográficas (SIG/GIS) que surgiu na primeira década do século XXI (era Web. 2.0), em ambiente que prima pelo imediatismo e por respostas rápidas, agregando as novas tecnologias da informação ao mapeamento de dados.
“O uso de ferramentas poderosas, porém de fácil manipulação e acesso, possibilita que cidadãos comuns se transformem em mapeadores que constroem, compartilham e usam dados geoespacializados em seu dia-a-dia”, ponderou André Santos.
O VGI foi amplamente difundido após o uso disseminado das redes sociais e dos dispositivos portáteis, quando diversos tipos de Apps (públicos e privados) instigaram cidadãos a contribuírem com a administração e a gestão pública em questões complexas (saúde, educação, mobilidade, meio ambiente, etc.). “Tratam-se de processos bottom-up quando, em geral, as autoridades gastam grande energia e recursos púbicos para implementarem políticas a partir de ações e movimentos top-down”, avaliou.
Resultados
Além do mapeamento, cada variável agrupada por bairro será transformada em planilha distinta e espacializada em ambiente SIG, sobre base cartográfica dos bairros de São Luis. Com essa operação, os resultados irão gerar a produção de mapas temáticos, representando o avanço do novo coronavírus na região metropolitana.
Os resultados devem estar tabulados em 15 dias, com dados comparativos a cada 5 dias.
A relevância da pesquisa
A pandemia de coronavírus (Covid-19) terá impactos significativos e ainda não completamente dimensionados sobre a sociedade. Trata-se de um evento inédito na história. Por se tratar de uma doença e de uma situação novas, as lacunas de informação e conhecimento ainda são muito grandes: taxas de letalidade, potencial de transmissão, tratamento, existência de outros efeitos ou sequelas no organismo dos que foram infectados, todas essas informações ainda são preliminares.
“Nesse momento, a produção científica é crucial para melhor compreender a doença e seus efeitos e buscar soluções”, afirmou André Santos. Pesquisadores e cientistas, no mundo todo, estão se mobilizando para estimar tanto os efeitos da doença sobre a saúde da população quanto os impactos econômicos e sociais dessa pandemia. “Temos um grupo sólido de pesquisa e unido e não poderíamos deixar de dar a nossa contribuição”, concluiu André Santos.