Maranhão tem 214 pessoas curadas do novo coronavírus

O Jornal Pequeno conta as histórias de recuperação de dois jornalistas, que atuam na imprensa da capital

Fonte: Luciene Vieira

A contagem de pacientes curados do novo coronavírus no Maranhão é de 214, conforme o último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado na noite dessa quinta-feira (23). No Brasil, são mais de 26 mil pessoas que conseguiram se recuperar, segundo o Ministério da Saúde. No mundo, há exato um mês era divulgado o levantamento da Johns Hopkins University, de que cerca de 108 mil tinham sobrevivido à doença.

Em São Luís, uma das pessoas curadas é a jornalista Laryssa de Castro Madeira, que completou ontem 33 anos, e conviveu boa parte deste mês de aniversário com a Covid-19. Sem nenhum dos problemas de saúde que agravam os efeitos do vírus, Laryssa contou que vez outra tem crise de sinusite, e que no início dos sintomas de coronavírus chegou a pensar que fosse a inflamação dos seios nasais, já que estava com coriza.

Os jornalistas Larissa Madeira e Douglas Pinto relataram como enfrentaram e se livraram do novo coronavírus (Foto: Gilson Ferreira e Divulgação)

Mesmo sem ter sido internada, a jornalista afirmou ter sofrido. Laryssa Madeira disse que parou de trabalhar no dia 6 deste mês, quando naquele dia ela procurou um laboratório particular, localizado no bairro do Olho d’Água, e fez o teste. “Fiz o exame às 6h, e recebi o resultado às 10h”, disse a jornalista que, em tese, pode ser considerada curada a partir de terça-feira (21), data em que voltou a trabalhar nas reportagens de rua feitas pela empresa TV Cidade.

Larissa tinha completado os 15 dias do ciclo de infecção, e atualmente está há mais de uma semana sem sintomas. Laryssa passou o período isolada em sua casa no Bairro de Fátima. Ela contou ao Jornal Pequeno que mora com seus avós, de 77 e 79 anos. “Meus avós também foram testados com Covid-19, pois os sintomas se manifestaram neles, antes de mim. Eles fizeram o teste primeiro. E nós três fizemos a ‘quarentena’, na mesma residência”, informou a jornalista.

Laryssa disse que somente voltou ao trabalho depois de se sentir confiante em sua cura, e da certeza que não transmitiria a doença para outras pessoas. A jornalista afirmou que sentiu cansaço, dor ao respirar, perda de olfato e paladar, além de falta de ar. Disse também que no início foi a uma farmácia e comprou medicamentos antigripais, pois a hipótese de coronavírus não foi considerada inicialmente.

No dia 6, a jornalista foi a um laboratório. Fez o teste de sangue para a Covid-19, e saiu de lá com a confirmação. “Decidi, então, postar nas minhas redes sociais que eu tinha sido infectada pela nova doença. Há pessoas que só começam a se cuidar quando ficam sabendo que um conhecido está com a Covid-19; então, pessoas que me conhecem podem ter iniciado a prevenção a partir da notícia do meu contágio”, informou a aniversariante dessa quinta-feira.

“Também recebi muitas mensagens de apoio. Hoje (ontem), é o meu aniversário. Estou bem, meus avós estão bem, recuperados; e, após reflexões, eu sei que tenho muito ao que ser grata, e tiro de lição que às vezes a gente precisa desacelerar para reencontrarmos o sentido do amor em família, entre amigos, e dar valor às pequenas coisas”, concluiu Laryssa.

DA QUARENTENA PARA AS FÉRIAS

Na noite do dia 8 deste mês, o jornalista Douglas Pinto começou a sentir febre e dor de cabeça. Pela madrugada do dia 9, Douglas já estava com dores pelo corpo e tinha aumentado o mal-estar. Ele contou ao Jornal Pequeno que na manhã do dia 9 não foi trabalhar, pois a partir daquela data iniciou seu isolamento.

Douglas Pinto é repórter da TV Mirante, e mora com os pais idosos, hipertensos e diabéticos, no bairro do Anjo da Guarda. “Primeiro, eu tive febre e dor de cabeça, logo após as dores no corpo. Estes sintomas foram os primeiros nos quatro dias iniciais da doença. No quinto dia, eu tive diarreia. E, no sexto dia, falta de ar”, relatou Douglas, sobre as reações da Covid-19 em seu corpo.

Desconfiado, o jornalista na primeira semana passou a dormir em um quarto de hotel. “Eu estava em contato direto com um médico infectologista, por telefone. O tratamento que eu fiz foi tomar paracetamol de 500 miligramas, de seis em seis horas, para combater a febre e a dor no corpo. Tomei também azitromicina durante cinco dias, um comprimido por dia, além de vitamina C. Na segunda semana, eu já não sentia mais nenhum sintoma. Atualmente, estou me recuperando da tosse com xarope, em minha casa”, informou Douglas Pinto, que completou dizendo que está curado, e que logo após o término da quarentena, iniciou suas férias.

RESULTADO DO TESTE SAIU NO 14º DIA DO CICLO

O jornalista contou que a demanda para o teste é grande na rede pública, pois os equipamentos para a realização do exame, na rede pública de saúde, só estão sendo disponibilizados para pacientes com sintomas que exigem internação. E que os médicos estariam autorizando os exames apenas de quem está com sintomas graves, devido à limitação de materiais para testagem.

Durante os seis primeiros dias da aparição dos sintomas, Douglas tentou fazer o teste, por meio do seu plano de saúde, pois desde o dia 12 de março, a Agência Nacional de Saúde (ANS) determinou que as operadoras de plano de saúde são obrigadas a fazerem a cobertura de exames da Covid-19. Ocorre que as empresas não estão autorizando os testes da nova doença.

O jornalista disse que foi preciso pagar para que o seu exame fosse feito. Os testes só detectam o vírus nos primeiros sete dias de sintoma. No sétimo dia com a doença, Douglas ligou para um laboratório e pediu que o exame fosse feito na casa em que o jornalista mora.

“Mesmo eu pagando, há burocracia. Me disseram que, por meio de agendamento telefônico, somente depois de sete dias é que iriam à minha casa realizar o exame. Eu não podia aguardar mais nenhum dia. Decidi ir ao laboratório. Ocorre que o resultado somente saiu sete dias depois”, informou Douglas Pinto. Ou seja, no 14º dia do ciclo do vírus no jornalista, é que Douglas conseguiu o resultado do teste, e soube, de fato, que o que tinha era coronavírus.

“Se soubéssemos desde o início que estamos com a Covid-19, conseguiríamos ter um procedimento focado no vírus. Talvez, em alguns casos, nem houvesse a piora. E, principalmente, teríamos um controle maior sobre o isolamento social”, finalizou Douglas, ao confirmar que está curado.

Fechar