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Quanto tempo leva para se recuperar da Covid-19

No Brasil, dados compilados pelo Ministério da Saúde até 25 de abril estimava em 50% os pacientes recuperados

Fonte: BBC News

Com base nas poucas informações disponíveis até agora sobre o novo coronavírus, há sinais de que, para as pessoas infectadas que apresentam sintomas mais graves, o processo de recuperação da covid-19 parece ser longo.

E, quanto mais invasivo (e duradouro) for o tratamento recebido, mais tempo isso costuma levar.

E se eu tiver apenas sintomas leves?

A maioria das pessoas que desenvolvem a covid-19 têm apenas sintomas leves de tosse ou febre. Mas também podem sentir dor no corpo, fadiga, dor de garganta e dor de cabeça.

A tosse é inicialmente seca, mas algumas pessoas acabam tossindo também muco, contendo células pulmonares mortas pelo vírus.

Esses sintomas são tratados com descanso, muita ingestão de líquidos e analgésicos como paracetamol.

Para estas pessoas, o tempo de recuperação parece ser rápido: a febre costuma baixar em menos de uma semana, embora a tosse perdure por mais tempo.

Uma análise da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre dados de pacientes chineses aponta que, nesses casos, a recuperação ocorre, em média, em duas semanas.

E se eu tiver sintomas mais sérios?

Para alguns, a doença pode ficar muito mais séria. Isso tende a acontecer entre sete a dez dias depois da infecção.

A transformação pode ser repentina. A respiração fica mais difícil, e os pulmões ficam inflamados. Isso acontece porque, embora o sistema imune do corpo esteja lutando contra a infecção, ele exagera em sua reação, fazendo com que o corpo inteiro sofra efeitos colaterais.

Isso significa que alguns pacientes precisam ser hospitalizados para receber oxigênio.

“A falta de ar pode levar um tempo considerável para melhorar”, disse à BBC a médica britânica Sarah Jarvis. “O corpo vai tentar se recuperar do excesso de danos e da inflamação.”

Segundo Jarvis, nesses casos, o tempo de recuperação costuma variar entre duas e oito semanas, e a sensação de cansaço perdura.

E se eu precisar ser internado em uma UTI?

O estudo da OMS estima que uma a cada 20 pessoas vai precisar de cuidados intensivos, que podem incluir sedação e uso de respiradores mecânicos.

Qualquer internação em UTI, independentemente da doença, exige tempo para o paciente se recuperar. Eles são levados então para a ala de internação regular do hospital antes de voltarem para casa.

A médica Alison Pittard, reitora da Faculdade de Medicina de Cuidados Intensivos do Reino Unido, diz que a volta à vida normal pode levar de 12 a 18 meses, depois de qualquer período passado em uma UTI.

Para quem passa muito tempo em uma cama hospitalar, ocorre a perda de massa muscular. Pacientes sentirão fraqueza, e os músculos precisarão de tempo para se fortalecer novamente. Para alguns, será necessário fazer fisioterapia para voltar a andar.

Por causa do estresse sofrido pelo corpo em uma UTI, há também a possibilidade de o paciente sofrer delírios ou problemas psicológicos.

“Parece haver um elemento adicional com esta doença: a fadiga viral é definitivamente um fator enorme” no estresse sobre o corpo, diz Paul Twose, fisiterapeuta de UTI no País de Gales.

Há relatos de pacientes em países como China e na Itália queixando-se de fraqueza no corpo inteiro, falta de ar depois de atividades simples, tosse persistente e respiração irregular. E que precisam de muitas horas de sono para se sentir bem.

“Sabemos de pacientes que têm precisado de um longo período, potencialmente meses, para se recuperarem.”

Mas é difícil generalizar. Algumas pessoas passam períodos relativamente curtos sob cuidados críticos, enquanto outros precisam passar semanas internados usando respiradores mecânicos.

O coronavírus pode afetar minha saúde de longo prazo?

Não sabemos ao certo, já que não temos dados históricos amplos, mas podemos tirar lições de outras doenças semelhantes.

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) se desenvolve em pacientes cujos sistemas imunológicos entram em sobrecarga, causando danos aos pulmões.

“Há dados indicando que, mesmo cinco anos depois, algumas pessoas podem continuar tendo dificuldades físicas e psicológicas”, afirma Twose.

O médico James Gill, clínico geral e palestrante na Escola Médica de Warwick, no Reino Unido, diz que, em alguns casos, é necessário apoio para restaurar a saúde mental do paciente.

“Quando você tem dificuldades respiratórias, o médico diz: ‘Precisamos te colocar em um respirador. Você vai precisar dormir. Quer se despedir da sua família?’. Não é surpreendente que isso cause estresse pós-traumático nos pacientes mais graves. Para muitos, ficam cicatrizes psicológicas significativas.”

É bom ressaltar que até em casos mais leves de covid-19 pacientes podem ficar com problemas de longo prazo, como fadiga.

Quantas pessoas já se recuperaram?

Por enquanto, é difícil obter cifras exatas. Até 26 de abril, a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que compila dados sobre a pandemia, estimava que 860 mil pessoas já estavam recuperadas, de 2,9 milhões de pessoas identificadas com a doença.

Mas esses números têm discrepâncias, porque os governos usam diferentes métodos para fazer seus registros médicos. Alguns sequer publicam dados de pessoas recuperadas, e existe muita subnotificação: muitas pessoas com sintomas leves sequer serão testadas e contabilizadas por seus governos.

Modelos matemáticos estimam que de 99% a 99,5% dos pacientes se recuperam.

No Brasil, dados compilados pelo Ministério da Saúde até 25 de abril estimava em 50% os pacientes recuperados (os que tiveram alta hospitalar ou os que foram testados, mas superaram os sintomas sem precisar de internação) entre os 58,5 mil casos, segundo os dados oficiais, que também contêm subnotificações.

Eu posso adoecer da codiv-19 mais de uma vez?

Isso ainda é motivo de muita especulação, mas ainda há poucas evidências concretas sobre a duração da imunidade à covid-19. Acredita-se que pacientes que tenham conseguido vencer o vírus provavelmente criaram imunidade a ele, embora não haja dados suficientes a respeito.

Há relatos de pacientes sendo infectados mais de uma vez, mas acredita-se que isso se deva a testagens incorretas.

A questão da imunidade é uma das mais importantes no momento, para se entender quando medidas de isolamento social podem ser relaxadas e o quão eficientes serão as futuras vacinas contra o novo coronavírus.

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