Consumidores reclamam do aumento nos preços de alimentos, em feiras e supermercados de São Luís

O Procon informou que tem recebido denúncias sobre reajustes, e que intensificou as fiscalizações aos estabelecimentos essenciais

Fonte: Luciene Vieira

Em meio à pandemia, o brasileiro tem enfrentado alta nos preços de produtos alimentícios e essenciais. Em São Luís, a população afirma que o aumento atinge desde produtos básicos, como arroz, feijão e ovos, até itens de limpeza.

Nas feiras da capital maranhense, os vendedores dizem que o aumento praticado nelas vem das distribuidoras. Já o Grupo Mateus, um dos alvos das reclamações atribui os reajustes à variação do dólar, mas garante que faz de tudo para evitar a elevação dos preços.

Grupo Mateus diz que os aumentos têm relação com o dólar e que faz de tudo para não elevar seus preços (Foto: Francisco Silva)

Os consumidores já têm percebido o aumento dos preços na maioria dos itens que compõem a cesta básica, e em produtos de limpeza e higiene. Entre os itens que mais subiram, segundo os consumidores, desde o isolamento social, estão o ovo, o arroz, frutas e poupas de frutas.

De acordo com a moradora da Vila Embratel Cileide Cerqueira, os preços têm aumentado desde o início da pandemia, mas nas últimas três semanas as alterações dos valores estão bem maiores. “Aumentaram bastante os ovos e os produtos essenciais da cesta básica. Tem supermercado, aqui na região do Itaqui-Bacanga, nos quais a cartela de ovos custava R$ 7 e agora está custando R$ 11,90. O quilo do arroz era R$ 12, subiu para R$ 15,90”, informou Cileide Cerqueira ao Jornal Pequeno, quando ela saía do Mateus Supermercados do Bacanga, com o carrinho repleto de sacolas cheias.

Cileide disse que o gasto total de sua compra ultrapassou R$ 300. E que os produtos duram cerca de 20 dias. “Há dois meses, eu levaria a mesma quantidade neste carrinho do supermercado, por R$ 70 a menos, em média”, disse a consumidora.

Para Keliane Santos, que também mora na Vila Embratel, a surpresa é com o aumento nos produtos de limpeza. “O preço do litro do óleo de cozinha pulou de R$ 3,70 para R$ 4,49. O quilo da bisteca de boi, que antes era R$ 19, saltou para R$ 25. O quilo do tomate sofreu variação absurda de preços em pouco espaço de tempo. Se num dia chegou a custar R$ 10, noutro caiu para R$ 8, e já consegui comprar por R$ 6; foi um dos poucos produtos que houve aumento brusco, mas teve queda. Notei aumento em tudo. Inclusive nos produtos de limpeza. Dependendo da marca, o sabão líquido, utilizado para a lavagem de louças, é comprado por até R$ 7”, relatou a Keliane.

JUSTIFICATIVA

Os preços também estão elevados nas feiras de São Luís. Os feirantes dizem que o problema vem da distribuição das mercadorias, e que estão repassando para os consumidores finais a alta, que vem das distribuidoras.

Consumidores têm reclamado do reajuste nas lojas do Grupo Mateus e em diversas feiras da capital maranhense (Foto: Francisco Silva)

Na Central Estadual de Abastecimento (Ceasa), localizada no bairro do Cohafuma, a feirante Maria José Pereira informou que as laranjas de sua barraca são compradas dos estados da Bahia e Pará. Se antes da pandemia, a feirante adquiria a saca da fruta por R$ 30, atualmente paga R$ 40. “Logo, se antes eu vendia uma dúzia de laranjas por R$ 5, aumentei para R$ 6”, informou Maria.

Também na Ceasa, na barraca de Luana Araújo, semanas atrás o consumidor podia comprar mais barato o mamão, a acerola e a manga. “A caixa de acerola subiu de R$ 50 para R$ 130. A caixa de mamão, de R$ 40 para R$ 70. A manga, de R$ 50 para R$ 75. Um quilo da manga está R$ 6. Isto significa, dependendo da manga, uma única fruta. E, por este preço, meu lucro não é grande”, informou Luana.

Na feira do Coroadinho, o feirante Paulo César vende um limão por R$ 0,50. Na feira da Cidade Operária, o feirante Antônio Gomes, disse que a caixa de banana antes era comprada por ele por R$ 20, e agora por R$ 45. A dúzia de bananas na barraca de Antônio Gomes chega ao preço mínimo de R$ 3,50. Ainda na feira da Cidade Operária, segundo a cabeleireira Solange Foicinha, antes da pandemia, por R$ 2 ela levava seis laranjas para sua casa, atualmente, pelos mesmos R$ 2, só leva quatro.

PROCON

Por meio de nota, o Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Estado do Maranhão (Procon/MA) informou que tem recebido denúncias sobre os aumentos de preços dos produtos nos supermercados através dos canais digitais de atendimento. E que, com base nelas e nas atividades rotineiras de fiscalização a estabelecimentos essenciais, intensificadas por conta da pandemia, tem notificado e monitorado os supermercados em todo o estado.

O Procon/MA comunicou que tem verificado as justificativas apresentadas pelos estabelecimentos, bem como as notas de compra e venda dos produtos. Tais valores são fornecidos e acompanhados semanalmente. O órgão reforçou a importância da formalização das denúncias dos consumidores, que podem ser feitas por meio do site www.procon.ma.gov. br ou pelo aplicativo PROCON MA, disponível para celulares com sistema Android ou IOS.

GRUPO MATEUS

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente do Grupo Mateus, empresário Ilson Mateus, afirma que, neste momento difícil, a moeda estrangeira subiu e que toda matéria prima é atrelada ao dólar, sendo impossível que não haja aumento de preços. No entanto, Ilson Mateus garante segurar o que pode, a fim de evitar reajustes; mas que existem produtos impossíveis de manter os mesmos valores de antes da pandemia.

Ilson Mateus garante ainda que tem feito um trabalho árduo com sua equipe de compras, para manter seus produtos sem reajuste. “O aumento de preços não é uma coisa do Grupo Mateus, é nacional. Isso está acontecendo em todos estados, São Paulo, Minas Gerais, Goiás”, alegou o presidente do Grupo Mateus. Ele disse ainda que realiza um trabalho alinhado com o Procon-MA, informando todos os reajustes ocorridos em sua rede de supermercados e que as notas fiscais dos produtos estão à disposição do órgão fiscalizador.

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