As denúncias de violência, feitas ao canal Ligue 180, tiveram aumento de 35,9% em
abril, em comparação ao mesmo mês de 2019. O dado faz parte do balanço divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em uma live, a ministra Damares Alves disse que a violência contra a mulher é crescente nesse período de pandemia por causa das medidas de isolamento social.
De acordo com o Ministério, o Ligue 180 registrou um total de 1,3 milhão atendimentos telefônicos. Desse número, 6,5% foram denúncias. Já 47,91%, solicitação de informações sobre a rede de proteção e direitos das mulheres. Os outros 45,59% foram manifestações, como elogios, sugestões, reclamações ou trotes.
O crescimento dos casos de violência doméstica durante a pandemia pode ser percebido a partir de março. Em janeiro, segundo o ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Fernando Pereira, havia um começo de estabilização. O aumento das queixas foi de 4,5% em relação ao mesmo período de 2019. Já em fevereiro, houve um salto para 15,6%, mas a maior quantidade de denúncias não pode ser atribuída à pandemia de Covi-19. Já em março, quando as medidas de isolamento já estavam em vigor, o acréscimo foi de 14,9%, até que em abril, houve o recorde, com 9.842 casos.
Na comparação entre os dois anos avaliados (2018-2019), a pasta registrou um aumento de 7,93% dos casos de violência doméstica. Já a tentativa de feminicídio, teve um aumento 74,65%.
A secretária Nacional de Mulheres, Cristiane Britto, a escalada da violência precisa ser interrompida. Ela cita como uma das ações a criação de um plano de contingência da pandemia, que tem o objetivo de reduzir o número de subnotificação.
Além da disseminação de informações e campanhas, houve incentivo à “vigilância solidária”, um projeto que tenta sensibilizar os vizinhos das vítimas e conta com o apoio de organizações como a Confederação Nacional dos Síndicos e a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais.
— Durante esse período, a mulher passa 100% do tempo ao lado de seu agressor. Os dados revelam um processo de escalada da violência, que precisa ser interrompido. Diante dos dados, da segurança pública e das manchetes estarrecedoras que estampam diversos casos, a Secretaria resolveu focar suas ações no combate ao feminicídio — avaliou a secretária.
O balanço do 180 também mostrou que o Estado do Rio de Janeiro lidera o triste ranking de denúncias sobre violência doméstica. Na proporção de casos por 100 mil habitantes, o estado teve 78,00. Em segundo lugar, o Distrito Federal, com 74,33, seguido por Mato Grosso do Sul, com 69,36.
Damares falou da importância do trabalho de conscientização e educação para o enfrentamento à violência, principalmente com crianças e adolescentes nas escolas, para se construir uma “sociedade de fraternidade e uma nação de respeito mútuo”.
O principal objetivo do balanço, segundo a ministra, é gerar subsídios para que governo e sociedade civil, por meio das redes de proteção, tracem estratégias para o combate à violência contra a mulher em todo o país.