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Festa de São Marçal, que encerra festejos juninos do Maranhão, é abafada pela pandemia

Tradicional encontro de Bumba-meu-boi leva o nome de bispo francês que conquistou os boieiros do estado

Fonte: Gil Maranhão

Uma das maiores festas populares ao ar livre do Brasil, a quase secular Festa de São Marçal, que encerra os Festejos Juninos no Maranhão, é mais uma tradição da cultura popular brasileira que teve o seu ritmo e jinga abafados pela pandemia do coronavírus.

A festa é um grande encontro de grupos de Bumba-meu-boi, que acontece no dia 30 de junho, desde o amanhecer, entrando pela noite, no bairro do João Paulo, a pouco quilômetro do centro de São Luís. Um grande trecho da avenida principal do bairro, que leva o nome do santo, é interditado.

O público que comparece ao local é incalculável. Uns vão para ver os bois, que vão passando na avenida, como um grande desfile. Outros, são protagonistas da festança: se inserem no cordão dos grupos, de acordo com a sua paixão pela brincadeira.

Este ano, segundo historiadores, a Festa de São Marçal estaria completando 93 anos, desde a realização do primeiro encontro de bois. Há quem diga que a festa teria em razão da discriminação à cultura popular na época. Sob o pretexto de manutenção da segurança e ordem, grupos de bumba-meu-boi seriam proibidos pela polícia de se apresentarem no centro da cidade. Logo, o João Paulo passou a ser ponto de encontro das brincadeiras, crescendo a cada ano.

PRIMEIRO ENCONTRO

O primeiro encontro de bois no João Paulo, segundo alguns folcloristas, ocorreu em 29 de junho de 1928, e contou com a presença dos bois do Sítio do Apicum, Boi do Lugar dos Índios, do povoado de São José dos Índios, em São José de Ribamar, e até o Boi da Maioba. Os grupos se reuniram a pedido do comerciante apaixonado da cultura popular, José Pacífico de Moraes. Um encontro parecido já ocorria na Vila do Anil, desde 1924, todo dia 29, em honra a São Pedro. Em 1949, o encontro chegou a se mudar para o bairro do Monte Castelo. Ficou ali um ano, depois seguiu para o Bairro de Fátima e outros.

No ano de 1959, a festa retornou ao João Paulo, e de lá não saiu mais. Os anos foram passando, o encontro ganhou mais grupos, mais o público e mais fama. A partir de década 1980, a festa ganhou a forma atual. Hoje, é um das maiores eventos da cultura popular do Brasil realizado ao ar livre.

Em 2006, a Prefeitura de São Luís, sancionou uma a lei que alterou o nome da Avenida João Pessoa para Av. São Marçal – que mais tarde ganhou uma estátua -, e, por meio da Lei Nº 4.626/06, atribuiu à Festa de São Marçal o título de bem cultural e imaterial, transformando a data no Dia Municipal do Brincante de Bumba Meu Boi.

QUEM É SÃO MARÇAL

Curioso é a história de São Marçal e sua relação com a cultura popular do Maranhão – único estado do Brasil a dar-lhe um status de tamanha festa. O santo dos boieiros (como se chama os brincantes de bumba-meu-boi) foi bispo na França, e tido pelos historiadores religiosos como padroeiro e protetor dos Bombeiros.

Marçal ou Marcial foi o primeiro bispo de Limoges, região de Aquitânia, na França, no século III. Religiosos, como São Gregório de Tours, diz que São Marcial de Limoges – como é conhecido – foi um grande apóstolo, primeiro a evangelizar a Gália Aquitanense e o fundador da Sede Episcopal de Limoges, no século III.

Outros dizem que Marçal foi dos companheiros de Pedro, pertenceu grupo de 72 discípulos de Cristo, assistiu alguns milagres do Mestre. E que se tornou muito popular na região de Limoges, onde converteu pessoas e teria praticado milagres, utilizando-se de um cajado que lhe tinha sido dado por São Pedro, curando paralíticos e apagando incêndios.

Contam, ainda, sobre o seu martírio. Marçal estava pregando na praça de Limoges, repreendendo os adoradores de imagens. Foi preso e açoitado. No cárcere, orou, e foi libertado milagrosamente: uma claridade invadiu o local e libertou a todos os presos.

(Com informações de BRITTO, Ionan Galo Toscano de. História da vida do bem-aventurado São Marçal, bispo)

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