Casa de Apoio da Fundação Antônio Dino abriga pessoas do interior em tratamento no Aldenora Bello

Para ajudar a manter o espaço funcionando, a fundação realiza um brechó durante o ano inteiro

Fonte: Luciene Vieira

“Se não fosse pela Casa de Apoio da Fundação Antônio Dino (FAD), eu já estaria morta”. A declaração é de Antônia Santos Cunha, uma mulher de 66 anos, que luta contra cânceres desde 1998, mesmo ano em que foi criada a morada provisória, destinada a pacientes do Hospital Aldenora Bello, vindas do interior do estado.

A instituição privada, mas sem fins lucrativos, é uma das poucas do gênero em São Luís. De ontem (1º) até o dia 10 deste mês, a FAD vende diversos produtos por R$ 1,99, para manter Antônia Santos, além de outras 42 famílias, que atualmente estão na Casa de Apoio. Trata-se de um mega feirão, num imóvel da Rua Seroa da Mota, no bairro do Monte Castelo. Na mesma via está a sede da fundação, o hospital e a Casa de Apoio.

Brechó da Fundação Antônio Dino vende mais de 15 mil produtos, ao preço de R$ 1,99, até o dia 10 deste mês (Foto: Gilson Ferreira)

Antônia tinha 40 anos quando foi diagnosticada com câncer no colo do útero, em 1998. Ela contou que fez tratamento no Aldenora Bello, e nos tempos em que frequentao hospital sempre fica hospedada na Casa de Apoio.

“Tive a cura do câncer no colo do útero. Mas, anos depois, surgiu o câncer nos ossos, e mais uma vez voltei a frequentar a morada provisória da Fundação Antônio Dino. Fiz o tratamento, me curei e voltei para Santa Inês, minha cidade natal. Há oito dias, estou de volta, pois tenho sentido dores no rim direito. Na terça-feira (6), está marcada minha consulta”, informou a paciente.

De máscara, vestida em uma camisola, sentada em uma “cadeira de macarrão”, e sem nenhum familiar a acompanhando, “dona” Antônia conversou com a reportagem do Jornal Pequeno. Ela disse ter tido nove filhos, sendo que dois já morreram. “Foi o meu caçula quem me trouxe desta vez para São Luís. Estou sozinha aqui, pois somente em casos extremos, devido a estrutura, é que a fundação permite que pacientes adultos tenham acompanhantes na morada provisória. Se não fosse pela existência dessa casa eu já não estaria viva”, disse a idosa, de forma simples, ingênua, suave e tocante.

“Meu filho,Wdison Costa Silva, de nove anos, está com leucemia. O diagnóstico foi dado sete meses atrás. Desde o mês passado, eu e ele estamos na Casa de Apoio. O tratamento de Wdison é de aproximadamente três anos. Somos de Barreirinhas, sem recurso para pagar passagens, saímos da casa da minha cunhada, que mora em São Luís, e vimos para cá, que fica ao lado do Aldenora Bello, e vamos permanecer aqui pelos próximos dois meses, pelo menos”, relato da dona de casa Luciane Costa Sousa Silva, de 26 anos.

Ação visa beneficiar pessoas como Juliana Vieira e seu filho, Enzo Gabriel, que faz tratamento no Hospital Aldenora Bello (Foto: Gilson Ferreira)

“Enzo tinha cinco meses, quando foi diagnosticado com câncer no rim. Há uma semana ele foi operado. Apesar de ter se recuperado bem do processo operatório, não faço ideia de quando seremos liberados para retornarmos ao nosso lar, em Dom Pedro”, disse Juliana Vieira da Silva, de 20 anos, mãe de Enzo Gabriel da Silva, que atualmente tem onze meses.

MEGA FEIRÃO DA FAD

De acordo com a coordenadora da Casa de Apoio, da Fundação Antônio Dino, Alice Jorge Dino, o dinheiro do mega feirão será destinado para a compra de medicamentos, e para custear as passagens dos pacientes e seus familiares, no regresso deles às suas cidades. “Desta forma, destinando a verba do brechó para essas questões, vamos conseguir continuar com as seis refeições diárias que os hóspedes da Casa de Apoio recebem, sem contar com o custo na manutenção da limpeza doméstica”, informou a coordenadora.

Alice explicou que o brechó funciona durante todo o ano, de segunda a quinta-feira, mas a campanha será até o dia 10, com a oferta de mais de 15 mil itens, entre livros, roupas, sapatos e bijuterias. “Agora, nosso foco é a Casa de Apoio, mas promoveremos outros eventos para ajudar de forma direta o Aldenora Bello”, informou a coordenadora, ao complementar que todos os atendimentos no hospital, inclusive as cirurgias, já estão sendo feitos.

Alice disse que a Casa de Apoio é destinada a pacientes crianças, acompanhados por seus pais; e a mulheres adultas com câncer. Ainda segundo Alice, por enquanto, as compras no brechó somente podem ser feitas de forma presencial. “A venda online é um projeto, mas que precisa de muito planejamento, pois precisaríamos exibir todos os itens na internet; e, também, contratar um mensageiro para fazer a entrega. O brechó é mantido por doações, e é cuidado por uma equipe de sete voluntários”, informou Aline.

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