Pelo menos 30% dos restaurantes e bares fecharam as portas no Maranhão

Cabana do Sol encerrou as atividades de sua unidade da Avenida Litorânea

Fonte: Luciene Vieira

A pandemia fez estragos na gastronomia, e deu um golpe, mesmo que etílico, nos boêmios. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) informou que centenas de estabelecimentos fecharam definitivamente as portas em todo o Maranhão, desde que a Covid-19 impôs o isolamento social.

A quantidade representa 30% do setor no estado e uma perda de pelo menos 12 mil empregos diretos. A crise não poupou nem o proprietário do Restaurante Cabana do Sol, que precisou encerrar as atividades em uma de suas duas casas, o empreendimento localizado na Avenida Litorânea, restando somente o espaço na Ponta do Farol.

O restaurante Cabana do Sol da Litorânea encerrou suas atividades, deixando 100 pessoas desempregadas (Foto: Gilson Ferreira)

No Maranhão, os restaurantes e bares foram fechados no dia 21 de março deste ano, obedecendo a decreto do governo do Estado, como medida de proteção contra o novo coronavírus. No dia 27 de junho, o setor foi autorizado a reabrir.

O presidente da Abrasel, empresário Gustavo Araújo informou que já existiam dificuldades enfrentadas pelos negócios, antes da Covid-19, mas a pandemia chegou como uma pá de cal. “Alguns donos de bares, lanchonetes e restaurantes não conseguiram passar pela crise”, declarou Gustavo Araújo.

Nessa segunda-feira (6), circulou na internet uma nota do Veneto Club, sobre o fechamento do bar, instalado na Rua das Samambaias, no bairro Jardim Renascença, bem próximo à Lagoa da Jansen. O Veneto Club, ou “Venetão”, como os donos e frequentadores assíduos chamavam o local, existiu por 15 anos, sendo uma referência em São Luís de ambiente alternativo, para se ouvir o melhor do rock nacional e internacional; dando crédito à batata frita que era servida, cuja porção era generosa e custava a metade do preço, em comparação a qualquer outro ambiente que vendia o aperitivo na mesma região nobre da cidade; e pelo chopp gelado (três cervejas de 600 ml por pouco mais de R$ 20).

Depois de 15 anos marcando uma geração, o Veneto Club não resistiu à crise (Foto: Gilson Ferreira)

A nota, assinada como “Venetão”, enalteceu a capacidade do bar de ter feito amigos e “fiéis” seguidores, e informou que a postura do estabelecimento sempre foi a mais liberal e democrática possível.

“Criamos um espaço onde procuramos tratar a todos de forma igual… Temos a exata noção do quanto marcamos uma época em São Luís, dos grandes shows, do ‘Venetal’, das sextas-feiras com a rua completamente tomada. Foi uma bela história, que se encerra. Obrigado a todos que fizeram o Veneto ser o que foi”, trechos tirados da nota-comunicado divulgada na internet.

Na manhã de ontem (7), no Veneto, restavam apenas alguns gradeados de cerveja vazios, e algumas mesas de plásticos empilhadas. No local, havia um jovem, que disse que trabalhava para o bar, e que estava aguardando o restante da mudança, mas avisando que o imóvel foi quase que completamente esvaziado pelos proprietários do bar, na noite de segunda-feira, mesmo dia em que circulou a nota-comunicado do fechamento.

Frequentadores lamentaram o fim. “Estou de luto”, declarou o contador Saulo Rafael. “O Veneto marcou uma geração de jovens de São Luís, lamento por existir um ponto final”, disse a jornalista e estudante de medicina Jéssika Aragão.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, proprietário do Papo de Boteco, na Avenida Mário Andreaza – Olho d’Água–, contou que a lanchonete Vapt Vupt, que existiu por 30 anos na Rua Grande, também fechou as portas. “O proprietário da Vapt Vupt não suportou (economicamente) passar pela pandemia”, frisou Gustavo Araújo.

O Jornal Pequeno procurou o proprietário da lanchonete, mas ele não quis dar entrevista, respondendo apenas: “não quero falar do assunto, mexeu muito comigo”.

12 MIL EMPREGOS DIRETOS PERDIDOS

O presidente da Abrasel informou que, pelo menos, 12 mil pessoas com vínculos empregatícios diretos a esses locais, como cozinheiros, garçons, auxiliares de cozinha, estariam desempregadas.

“Se formos considerar os empregos indiretos, que envolvem músicos e seguranças, além de outras categorias, o número salta para 40 mil, nas cidades maranhenses. No Brasil, 40% dos empreendimentos não retornaram. No Maranhão, o percentual cai para 30%”, informou Gustavo Araújo.

No caso do restaurante Cabana do Sol, na Avenida Litorânea, segundo Gustavo, foram mais de 100 empregos desfeitos.

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