Família do professor assassinado em Viana está intrigada com o crime e pode pedir a exumação do corpo

Irmão da vítima disse haver a suspeita de que o engenheiro agrônomo tenha sofrido uma tentativa de morte por envenenamento.

Fonte: Redação

No dia 19 deste mês (domingo), passaram-se 30 dias do brutal assassinato do professor e agrônomo vianense Marcus Vinícius Carvalho, neto do lendário farmacêutico Ozimo de Carvalho. O crime, que causou enorme comoção e revolta no município, permanece envolto em mistérios, troca de acusações entre duas famílias envolvidas diretamente, e em segredo de justiça, inclusive saindo da Delegacia Regional de Viana, para a Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), em São Luís.

Dr. Mauro Carvalho disse acreditar que a morte de seu irmão, o professor Marcus, se trate de um crime premeditado (Foto: Divulgação)

O Jornal Pequeno ouviu o médico urologista José Mauro Carvalho, primogênito da família, que emite sua versão sobre o caso, revela segredos e ratifica a sua esperança no aparato de segurança do Estado em elucidar o caso.

Ele diz que o crime ainda intriga toda a família do professor, que já pensa em pedir a exumação do corpo, a fim de buscar maiores esclarecimentos quanto a algumas suspeitas levantadas, como a de que a vítima tenha sofrido envenenamento antes de sua execução.

Jornal Pequeno – No dia 19 deste mês (domingo), completou um mês do assassinato do seu irmão, Marcus Carvalho, e a polícia ainda não concluiu o inquérito e também não prendeu nenhum suspeito do crime. A quais motivos o senhor atribui esta morosidade e falta de respostas por parte da Polícia Civil?

Dr. Mauro Carvalho – Trata-se de crime complexo, crime de mando, cujas nuances naturalmente tornam mais difíceis a apuração e, principalmente, a produção de provas. Verifica-se que os executores ainda não foram presos. Isso produz uma tensão maior na família e na sociedade, que exigem uma resposta mais rápida. Temos de deixar a Polícia Civil fazer seu trabalho e, querendo Deus, apresentar os autores, sejam executores ou mandantes.

Jornal Pequeno – O senhor publicou em sua rede social um desabafo no qual cita uma suposta tentativa de envenenamento do seu irmão Marcus. Ele demonstrava sintomas de depressão após a morte do pai, o senhor Dulcídio Carvalho, ocorrida em 17 de maio deste ano?

Dr. Mauro Carvalho – Sempre me intrigou, desde o início da apuração o fato de a esposa de Marcus insistentemente comunicar a parentes e outras pessoas que meu irmão estava deprimido, tentando suicídio, inclusive ligou para minha residência e deixou recado para que eu ligasse para conversar com ele. Ademais, disse que talvez nem o encontrasse com vida. Ninguém confirmou essas tentativas, mas ele era um dos mais sóbrios em consolar a família, principalmente, nossas irmãs que estavam muito abaladas. Só sabia essa parte da história, mas isso me intrigava e fez parte de meu depoimento ao delegado, três dias após o crime. Igualmente, fiquei intrigado quanto à pressa em cremar o corpo do meu irmão, por parte de minha ex-cunhada, o que não se concretizou por insistência da nossa família, pois não é usual cremar o corpo de vitimas de crimes violentos. Na hora, não liguei uma coisa a outra. Entretanto, colhi posteriormente a informação que Marcus apresentava com frequência mal estar, cefaleia, tontura e náuseas, que podem ser sinais de envenenamento e que reclamara algumas vezes com os irmãos. Então juntei todos os fatos e estou convicto que existe a possibilidade real de envenenamento. Por isso, estou propenso a pedir exumação do cadáver para fazer análise toxicológica.

Jornal Pequeno – Outro detalhe que chama atenção no seu depoimento é a revelação de uma transferência da quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) da conta do senhor Dulcídio para a conta de Marcus. O seu irmão era fiel depositário da herança do pai? Quem mais da família tinha acesso às senhas do espólio do senhor Dulcídio?

Dr. Mauro Carvalho – Não tomei conhecimento prévio da transferência. Apenas fui comunicado posteriormente. Tudo foi feito com o famoso “jeitinho brasileiro”. Ele informou que fez a transferência por possuir amizades no Banco do Brasil de Viana. Lógico que não achei correto, mas como houve aceitação de todos os irmãos, me acomodei. Ele prestava contas com todos. Gastou muito pouco da quantia transferida. Quando Marcus quis tomar atitudes em relação ao inventário inclusive com consultas do procedimento em si e pagamento de impostos, é que solicitei a ele, que antes de tomar qualquer decisão, que deveríamos marcar uma reunião com todos os irmãos, para então partirmos para concretizar a abertura do inventario, já que devido à pandemia, foi editada uma Lei prolongando o prazo de abertura do processo até 31 de outubro deste ano. Sugeri o fim de semana no qual ele foi assassinado, mas, ele alegou que minha irmã, Isabela, iria a Viana fazer arrumação e rescaldo das coisas de nosso pai. Como somente Marcus morava em Viana, ele tinha as senhas de nosso pai, e o ajudava no seu dia a dia. Não havia nenhum conflito entre os irmãos.

Jornal Pequeno – A sociedade vianense tem se manifestado nas redes sociais e até em manifestações públicas, cobrando justiça pelo assassinato de Marcus. Por acaso a Polícia tem feito contatos com a família em busca de detalhes que facilitem a elucidação do crime?

Mauro Carvalho – Sim, já prestamos depoimentos oficiais e temos nos colocado sempre a disposição para prestar informações e qualquer tipo de colaboração. Naturalmente que não nos fornecem informações específicas sobre a investigação, alegando que o segredo é fundamental para atingir êxito. Dizem que estão trabalhando com afinco e que devemos confiar neles. Não tenho porque não acreditar e continuo confiando que atingirão o êxito no esclarecimento do crime.

Jornal Pequeno – O senhor cita em seu depoimento, supostas movimentações atípicas da sua cunhada (esposa de Marcus) no dia do crime. Qual o nível da relação da família Carvalho com a citada? Existe alguma manifestação de pesar, arrependimento ou colaboração para que o crime seja elucidado? Existem tentativas de intimidações ou de escamotear provas?

Dr. Mauro Carvalho – Relações normais. Por exemplo, é minha comadre, madrinha de minha filha Juliana. Soube que o casal teve algum desentendimento e que pensaram em separação, porém, meu pai funcionou como apaziguador e conseguiu evitar o fim do casamento. Recentemente, antes do crime, ela recebeu em sua casa alguns parentes nossos que foram visitar Viana, inclusive com minha presença. No dia seguinte fomos a um restaurante típico, nas margens do Lago de Aquirí, acompanhados do nosso pai, Dulcídio. Soube de uma desavença dela com a família de meu irmão caçula, cujo motivo soube somente agora, mas por foro intimo prefiro não comentar.

Realmente o comportamento da minha ex-cunhada no dia do crime foi muito estranho. Ausente, sem interesse nenhum de como ocorreu o fato. Sem lamentação, sem se preocupar no esclarecimento dos fatos. Sua preocupação era somente remover o corpo para São Luís, chamando atenção pela fixação em fazer a cremação do corpo. Isto alertou a todos que estavam lá, a ponto de o delegado de plantão daquele dia, comentar espontaneamente comigo que todos os seus comandados presentes no período seguinte ao crime, acharam seu (ex-cunhada) comportamento muito estranho, e a ele se reportaram informando a impressão que tiveram. Mesmo até hoje, não tem demonstrado nenhuma lamentação ou participou de qualquer evento pedindo esclarecimento do crime, nem presencialmente nem em redes sociais.

Muito estranho ainda foram os depoimentos de suas principais aliadas e amigas. Várias tentaram denegrir a imagem de meu irmão, como se ele fosse o adversário e não a vitima. Soube que existiu destruição de provas, por exemplo, em relação aos pneus da moto que ele usou no dia do crime, assim como esconder testemunhas para orientação judicial, e também reunião para combinação de depoimento. Talvez a polícia saiba mais sobre isso.

Jornal Pequeno – O secretário de Segurança, Jefferson Portela, visitou Viana dias após o crime, e deu entrevistas em emissoras de rádio, que estaria empenhado em elucidar o assassinato do professor Marcus Carvalho. O que o senhor espera do aparato de segurança do Estado em resolver este caso, visto que muitas evidências já são do conhecimento público?

Dr. Mauro Carvalho – Espero e confio na capacidade do aparato policial do Estado em produzir as provas necessárias para punir de maneira exemplar os autores deste bárbaro, covarde e imperdoável crime, como exige a sociedade vianense. Agradeço ao Secretario de Segurança, Dr. Jefferson Portela, pelo seu empenho e interesse na resolução do caso assim como todos os delegados e agentes envolvidos na operação.

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