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Livro da neta de Nascimento Morais Filho será debatido em live da PUC-SP

A obra será debatida, na sexta-feira (28), em uma live promovida pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Fonte: Nelson Melo

Dizem que só há duas certezas na vida, que são a morte e o pagamento de impostos. No entanto, eu acrescentaria outra: que mais pessoas, no mundo todo, estudarão e escreverão sobre a produção literária de José Nascimento Morais Filho. Percebam que não me limitei ao contexto maranhense, uma vez que a biografia do poeta é pesquisada dentro e fora do Brasil. A neta dele, Natércia Moraes Garrido, escreveu um excelente livro intitulado “A Poética Modernista em ‘Azulejos’ de Nascimento Morais Filho”. A obra será debatida, na sexta-feira (28), em uma live promovida pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Natércia Moraes Garrido está fazendo seu doutorado em Literatura e Crítica Literária (Foto: Divulgação)

Em entrevista que Natércia Moraes concedeu ao meu site, ela falou que a live será realizada às 17h, no canal do Youtube “Literatura PUC-SP”, sendo que está sendo promovida pela referida instituição acadêmica, por meio do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária (PEPG-LCL). A transmissão será feita pela neta do poeta, juntamente com a professora doutora Vera Bastazin. “Ela foi minha professora no mestrado e está fazendo uma série de entrevistas com ex-alunos (e atuais) do programa que lançaram seus livros e viraram autores”, explicou a escritora.

Vale ressaltar que Natércia está fazendo seu doutorado na PUC-SP, na área de “Literatura e Crítica Literária”. Ela iniciou essa pós-graduação “stricto sensu” em 2019, sendo que a defesa da tese está prevista para 2022. A neta do poeta Nascimento Morais Filho cursou o mestrado de 2014 a 2016. A dissertação que a escritora produziu resultou no livro sobre a poética modernista em “Azulejos”. Com esse currículo impressionante, conseguimos imaginar que a live dela e da professora Vera Bastazin será top, como se diz na linguagem popular.

Nascimento Morais Filho e o Modernismo

Caso estivesse vivo, o poeta maranhense teria completado 98 anos no último dia 15 de julho. Ele faleceu em 21 de fevereiro de 2009, deixando um legado valioso para a cultura, literatura, folclore, pesquisa e causas ambientalistas. Em entrevista concedida no início deste ano, Natércia Moraes Garrido me falou que o aspecto modernista já pode ser detectado bem antes de 1950, durante o funcionamento do Centro Cultural Gonçalves Dias (CCGD), fundado em São Luís por José Nascimento Morais Filho juntamente com outros intelectuais da época.

Esse centro, aliás, teve papel muito importante na década de 1940, uma vez que seus integrantes promoviam debates relacionados à literatura e à cultura, e, ao mesmo tempo, divulgavam ideias e pensamentos novos no contexto maranhense. Isso, de certa forma, já introduzia o Modernismo em nosso estado. Nesse sentido, a essência da “Semana de Arte Moderna”, considerada o marco que consolidou o movimento modernista no Brasil, chegava ao território maranhense e era difundido pelo CCGD.

Natércia, em seu livro, descreve que, na década de 1940, vários intelectuais saíram do Maranhão para o eixo Rio-São Paulo, “seja por necessidades econômicas, seja por perseguição política de caráter provinciano, ou ainda por falta de espaço ou patrocínio local que os permitissem escrever e expor suas ideias”. Mas outros ficaram, como Nascimento Morais Filho, que, ao lado dos demais, lutou por questões cruciais e de interesse social.

Conforme Natércia Garrido, o Centro Cultural Gonçalves Dias surgiu com o objetivo de ler e discutir textos, autores e estética até então inacessíveis aos jovens maranhenses. Nas palavras da autora, “desta forma, entende-se que o verdadeiro diálogo com a proposta modernista no tocante ao rompimento com o academicismo, só acontece quando esta geração maranhense começa a publicar seus escritos a partir de 1940”. Nascimento Morais Filho, nesse contexto, integrou esse movimento e ajudou na difusão dessa nova forma de escrever poesias.

Natércia observou que o seu avô levou para as rodas de debate, no Centro Cultural Gonçalves Dias, ideias de nomes ilustres, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, no sentido de renovar o interesse do público para questões mais próximas da realidade em relação à estética do próprio texto. O pai de Nascimento Morais Filho, o também escritor José Nascimento Moraes, autor de “Vencidos e Degenerados”, ofereceu seu apoio aos jovens intelectuais.

José Nascimento Morais Filho também é autor de outros livros, além de “Clamor da hora presente”, como “Azulejos”, “Esfinge do Azul”, “Pé de Conversa” e “Esperando a Missa do Galo”. E, ainda, de “Maria Firmina dos Reis: fragmentos de uma vida”, sendo que essa (re)descoberta da obra da romancista maranhense é reconhecida no mundo inteiro.

Programa de Estudos Pós-Graduados

De acordo com informações que obtive no site da PUC-SP, o Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, tem o fenômeno literário como seu determinante teórico e crítico tanto no âmbito da pesquisa, do ensino, como no âmbito da extensão de suas atividades extra-curriculares. Além disso, propõe um estudo que redimensione e atualize as noções de literatura e de crítica literária, sempre em diálogo com o contexto histórico-cultural.

O Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária tem a Literatura como grande Área de Concentração, que centraliza as Linhas de Pesquisa (LP) do Curso. Estas são definidas a partir de sub-áreas prioritárias de interesse, envolvendo estudos teóricos e metodológicos específicos, adequados ao nível de questionamento que as caracterizam. Ademais, importante destacar que o programa desenvolve estudos e pesquisas centrados nas seguintes LP:

– Poéticas Literárias: oralidade, escrita e manifestações tecnológicas;

– Crítica Literária: tradição e novas perspectivas estético-culturais;

– Literatura: estudos comparados e historiografia.

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