No último dia 17 de setembro, foi comemorado o Dia do Negro Cosme, lei nº 10.524/2016, que homenageia Cosme Bento das Chagas, líder da Balaiada, rebelião ocorrida no Maranhão e Piauí entre 1838 a 1841.
Em tempos em que o racismo ainda é notório em algumas situações da sociedade, o negro, que durante séculos viveu uma realidade de marginalização, sem acesso à educação e a uma vida digna, teve um papel importante no desenvolvimento do país e na construção da identidade do brasileiro.
O momento atual, apesar de ainda ser desafiador, apresenta o negro em condições mais próximas de igualdade na sociedade de uma forma geral. Prova disso, em se tratando do mercado de trabalho, é a posição ocupada por três profissionais da área de saúde aqui destacados, como Roque Costa, enfermeiro sanitarista, executor da Central de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão (HTO) e responsável técnico do Programa de Tuberculose e Hanseníase da Unidade Mista do Bequimão.
Roque cita algumas situações em que a sua cor fazia diferença de saberes intelectuais, mas, segundo ele, tudo já superado, e faz um apanhado da importância do negro ao longo da história.
“Quando recebemos este povo maravilhoso, não sabíamos da sua grande importância e contribuição para todos os setores da economia, cultura, religião, artes, política, na área de saúde e tantos outros segmentos. O continente africano, com sua grande diversidade cultural, vê-se intensamente ligado à cultura brasileira, uma vez que recebemos no país cerca de 5 milhões de negros africanos, que, através da sua alegria e seu jeito de ser, conseguiram produzir uma geração de pessoas alegres, bonitas. Um povo que de toda dificuldade tira uma lição de vida e se fortalece”, frisou.
Para Roque, o passado desigual não foi capaz de tirar a força do negro, que soube usar a superação como forma de se estabelecer lutando de forma igual na sociedade, em que pese todos os desafios apresentados diariamente: “Apesar de toda a história de escravidão que conhecemos, muitos negros se destacam em profissões diversas, contribuindo para o crescimento da sociedade com seus conhecimentos. Hoje, por exemplo, estou ao lado de duas negras, guerreiras e atuantes, para falar ao jornal sobre suas profissões de escolha, e como se destacam por mérito próprio”, destacou.
Roque Costa se refere a Mairlan Avelar e Paula Corrêa, profissionais da área de saúde, que ocupam cargos importantes na rede estadual e, também, desenvolvem suas atividades pessoais com a mesma determinação.
Mãe, enfermeira, chefa do departamento de epidemiologia da secretaria adjunta de atenção primaria e vigilância em saúde, Mairlan Avelar é mestranda em gestão de programas de saúde, especialista em segurança do paciente e membro da Câmara Técnica de Segurança do Paciente do CONASS.
Em seu breve comentário, Mairlan se mostra uma mulher negra realizada, que soube superar os desafios da vida e conquistar o seu lugar de destaque, por puro merecimento.
Paula Corrêa também é mãe. Profissional da saúde, é graduada em ciências naturais, pedagogia, funcionária pública estadual e municipal. Paula se considera uma mulher forte, de grande personalidade, e explana que “a competência do negro tem que ser mostrada todos os dias através da ética, comportamento, postura social e competência técnica”.
Paula Corrêa é funcionária da Secretaria de Estado da Saúde (SES/MA) e da Secretaria Municipal de Educação do Município de São Luís. Ambos os cargos conquistados por concursos públicos.
Histórias de vida, de pessoas vencedoras, que usam as dificuldades do passado como impulso para as vitórias do presente e os sonhos do futuro.