O trocadilho do título se refere à tendência da presença de casas de apostas esportivas enquanto patrocinadoras de times da série A do Brasileirão. O fenômeno vem crescendo, acompanhando o que vem acontecendo também na Europa. Atualmente, e segundo o Terra, são 13 os times da série A que contam com um patrocínio de apostas. O número já foi maior, mas é de esperar que volte a crescer à medida que a recuperação econômica avança.
O mesmo acontece na Inglaterra, país geralmente considerado como tendo os campeonatos profissionais mais competitivos do mundo. Atualmente, somando os times dos dois escalões principais (a Premier League e o Championship), mais de metade são patrocinados por sites de apostas.
As apostas esportivas enquanto fenômeno de entretenimento
Parece lógico que as empresas de apostas procurem no próprio esporte uma montra para sua publicidade e para conseguir maior credibilidade. As casas de apostas se servem da internet para popularizar uma forma de entretenimento antiga mas que era, antes, bem mais limitada. A facilidade de acesso, via computador ou telemóvel, se alia ao entusiasmo dos torcedores pelo esporte. A possibilidade de ganhar prêmios é um atrativo, mas nem será o principal; para a maioria, trata-se mesmo de acrescentar um fator de emoção extra ao interesse gerado pelo próprio esporte.
Especula-se que o futebol movimenta mais de metade dos valores transacionados em apostas esportivas por todo o mundo, embora as casas apresentem bancas para muitos outros esportes.
Uma nova realidade no Brasil
Durante vários anos existiam dúvidas sobre a legalidade do ato de submeter apostas online e ganhar prêmios em dinheiro dessa forma. A atividade era proibida em território nacional. Mas a legislação era omissa sobre o registro de apostas esportivas noutro país. Um cidadão brasileiro em um país onde a atividade é permitida podia fazer suas apostas, obviamente.
A internet não criou apenas uma realidade tecnológica, mas também uma nova realidade social, jurídica e política. Que só aos poucos vai sendo regulada e enquadrada pelos diversos países e poderes públicos. O fato é que, durante vários anos, cresceu a atividade de sites internacionais de apostas esportivas no Brasil. Primeiro em inglês, depois adaptando suas versões à língua portuguesa. Ultimamente, essas empresas, geralmente europeias mas de vocação mundial (contando em seus quadros com diretores e funcionários de todas as nacionalidades), passaram até a ter equipes de suporte ao cliente compostas por brasileiros. Todavia, com a sede se mantendo noutro país, a lei não tinha porque investigar a atividade dos apostadores brasileiros. Para todos os efeitos, a aposta era submetida em outro país.
Regulação legal
A eleição de Jair Bolsonaro como presidente da República trouxe o passo que faltava: a regulação legal. O novo presidente nunca teve dúvidas sobre a oportunidade de conseguir mais imposto através de uma atividade ainda “esquecida” pela lei e pela Receita Federal. O processo de regulação está entrando em suas fases finais.
O potencial do Brasil
Os sites têm origem na Europa e os campeonatos europeus de futebol são o grande atrativo. Contudo, os maiores mercados de apostas têm estado na Ásia, devido a suas elevadas densidades populacionais e ao seu interesse pelo esporte.
Quanto ao Brasil, as altas taxas de penetração da internet e de utilização de smartphone, aliadas à paixão pelo futebol, fazem com que esse seja um dos últimos grandes mercados a explorar pelas casas de apostas internacionais. O processo só está começando e se espera que surjam plataformas 100% brasileiras quando a regulação estiver terminada.