O prédio onde funcionou a Unidade Integrada Embaixador Araújo Castro (Caic), na Rua 201, da Unidade 201, no bairro da Cidade Operária, já foi saqueado e alvo de vandalismo, como relatado em matéria publicada no dia 1º de agosto de 2019 pelo Jornal Pequeno. Nesta data, o JP procurou as secretarias de Educação (Seduc) e Segurança Pública (SSP), que responderam, respectivamente, sobre a construção de um Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema), e sobre ter acionado autoridades policiais para que providências fossem adotadas.

Ocorre que, mais de 14 meses depois, nada foi feito. E a situação piorou. Agora, os moradores dizem que o espaço é utilizado como esconderijo para assaltantes, brigas entre facções, despejo irregular de lixo doméstico, e até mesmo atividades de jogatina, além de “festinhas” regadas a som, bebida alcoólica e churrasco, aos fins de semana. “Não entrem, vocês podem ser surpreendidos por criminosos”. Esse foi o alerta do ex-vigilante do Caic, o morador da Rua 201 Paulo Gustavo Pereira Serra, para a equipe de reportagem do Jornal Pequeno, nessa sexta-feira (9).
“Aqui, estamos tendo assaltos quase todos os dias, sempre neste trecho em frente ao que foi a Unidade Integrada Embaixador Araújo Castro. Eu trabalhei nesta escola por mais de um ano, era nosso orgulho na vizinhança; agora, ela se tornou nosso pesadelo, devido à insegurança”, destacou Paulo Gustavo.
“No fim do ano mudo de casa, comprei outro imóvel em novo endereço, motivada também pelas festas que ocorrem quase todos os fins de semana, com som alto, dentro do Caic. Além disso, há o barulho da jogatina, praticada por moradores, quase sempre homens de ‘terceira idade’, e que jogam diariamente. Você viu o banheiro improvisado, que construíram dentro da área da escola? É para os que jogam e que fazem as festas”, informou uma moradora da Rua 201, que está na via há 20 anos, mas se mudará devido aos transtornos que relatou.
JULHO DE 2019
Ontem, não foi a primeira vez que o JP procurou verificar a situação estrutural do Caic. No dia 30 de julho de 2019, a reportagem do jornal esteve no local, e produziu uma matéria relatando a existência de livros jogados no chão de salas de aula vazias. Nas paredes pinchadas, a frase “Bonde dos 40” e o desenho de um palhaço.
Desde aquela época até os dias atuais, a escola está tomada pelo mato. No ano passado, as partes metálicas da estrutura eram pouco a pouco, à luz do dia, roubadas. Os roubos deixaram parte do prédio às escuras, depois que foram arrancados os fios e destruída a instalação elétrica. E, desde então, o Caic virou alvo de vândalos, ladrões, traficantes e usuários de droga.
Mesas, parte das cadeiras, lâmpadas e portas, segundo os moradores, também foram levados da escola. Marcas de saque podem ser vistas em todos os cômodos. Inclusive, em julho de 2019, o Jornal Pequeno flagrou um senhor já idoso retirando do prédio pedaços de metal.
Em abril do ano passado, houve um protesto feito por alunos da Unidade Integrada Embaixador Araújo Castro. Os estudantes denunciaram as péssimas condições do colégio, e alegaram que as obras de reforma estavam paradas.
O Caic da Cidade Operária foi construído na década de 90, pelo governo federal, e atualmente é mantido pelo governo estadual. Nele, estudavam cerca de mil alunos, matriculados do 5º ao 9º ano do ensino fundamental.
Devido à reforma, os alunos do Caic foram remanejados no início deste ano para outro prédio, localizado ao lado da escola, e que devem permanecer nesse local até que o Caic seja reformado. A unidade escolar abandonada tem problema no seu telhado e nas grades que a cerca. Além disso, o mato está alto, o chão está sujo, devido à utilização do prédio por dependentes químicos para o consumo de droga.
EM JULHO DE 2019, SEDUC GARANTIU IEMA NO LOCAL
A seguir, veja a íntegra da nota enviada ao Jornal Pequeno pelas secretarias de Educação e Segurança Pública sobre a Caic, em julho do ano passado.
“Com relação ao antigo prédio da Unidade Integrada Embaixador Araújo Castro (Caic), a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que ‘se encontra em andamento o projeto para licitação da reforma do prédio escolar, que será transformado em uma unidade plena do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema)’.
A Seduc esclareceu ainda que ‘a escola funcionava em situação precária há muitos anos e com baixo número de matrículas’. E que ‘dessa forma, os estudantes foram remanejados para o prédio do Centro de Ensino Cidade Operária II – localizado na mesma rua – e que possui estrutura adequada para atender a comunidade’. Por fim, a Secretaria ressaltou que já acionou as autoridades policiais quanto ao furto de materiais do prédio para que as providências sejam adotadas”.
SEDUC VOLTA A GARANTIR CONSTRUÇÃO DE IEMA
Nessa sexta-feira (9), por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) voltou a informar que “as obras de reforma e adequação do prédio onde funcionou a Unidade Integrada Embaixador Araújo Castro (Caic) vão transformar a unidade em Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema) e têm previsão para iniciar no mês de novembro”. E que “a obra será realizada com mão de obra dos apenados do Sistema Prisional do Estado”.
Também em nota, enviada ontem ao JP, a Secretaria Segurança Pública do Maranhão (SSPMA), por meio da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), informou que “mantém um grupamento policial cobrindo a região da Cidade Operária, permanentemente”.
Foi dito que “policiais do 6º BPM realizam, diariamente, rondas e abordagens a pessoas e veículos na localidade, trabalho este que foi intensificado desde o fim de setembro”. E ainda que “o policiamento na área também é reforçado pela Ronda da Comunidade, que está diariamente nas ruas e tem contato próximo com moradores da área”.
A PM orientou que “eventuais situações de ocorrências devam ser registradas na delegacia mais próxima para que haja a identificação da mancha criminal e, com isso, um maior reforço policial em áreas mais vulneráveis”.