Maranhão poderá ter produção de nanossatélites da “Constelação Catarina”

Agência Espacial Brasileira apoia projeto de cubesat que vem sendo desenvolvido pela UFMA e vê possibilidade de lançamentos em Alcântara.

Fonte: Gil Maranhão / CCS/AEB

O Maranhão poderá ser incluído no seleto grupo de estados que produzirão nanossatélites da chamada “Constelação Catarina”, que já conta com Santa Catarina, Paraná e interesse de unidades federativas das regiões Centro Oeste e Nordeste.

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) já vem desenvolvendo um projeto de cubesat, com apoio da Agência Especial Brasileira (AEB) e em parceria técnica com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Os satélites da “Constelação Catarina” visam ajudar na prevenção de desastres naturais, e no aprimoramento do processo de agricultura de precisão, entre outras possibilidades. E poderão ser lançados a partir do Centro Espacial de Alcântara (CEA), como afirmou o presidente da AEB, engenheiro Carlos Moura.

Em entrevista exclusiva à reportagem do Jornal Pequeno, em Brasília, Moura explicou por que a constelação foi batizada de “Catarina” e os avanços no debate nacional deste tema, que integra o conjunto de ações e iniciativas do Programa Espacial Brasileiro.

“Eventos meteorológicos extremos, tais como furacões e tempestades tropicais, podem causar grandes danos materiais, ceifar vidas, paralisar sociedades e marcá-las profundamente. Foi o caso do Furacão Catarina que, em 2004, atingiu fortemente os dois estados do extremo sul brasileiro. Contra a força da natureza, o que se pode fazer é antecipar as informações para melhor se proteger, minimizar danos e retomar as atividades no menor tempo possível”, observou o presidente da AEB.

Foi com esse propósito, segundo Carlos Moura, que entidades federais e estaduais se uniram para melhorar a coleta de informações meteorológicas e a previsão do tempo no Brasil. “Isso permite que a Defesa Civil possa antecipar medidas e evitar danos à vida e ao patrimônio, como os ocorridos em 30 de junho de 2020, quando um ciclone bomba atingiu a região sul, provocando 13 mortes e centenas de milhões de reais em perdas diretas nos três estados”, destacou.

AEB E O CONGRESSO

Moura informou que a Agência Espacial Brasileira e a Frente Parlamentar Mista para o Programa Espacial Brasileiro do Congresso Nacional lideraram as iniciativas que culminaram na constelação de nanossatélites Catarina.

“Inicialmente, prevê-se colocar em órbita baixa pouco mais de uma dezena de cubesats (nanossatélites que seguem uma padronização a partir de cubos de 10 centímetros de aresta)”, revelou.

“Eles aprimorarão o sistema de coleta de dados e, numa possível evolução, têm-se a perspectiva de caminhar para outros tipos de aplicação”, disse, otimista, o presidente da AEB.

MARANHÃO NA ROTA

Segundo a Agência Espacial Brasileira, como são muitas as demandas e as potencialidades regionais, já se trabalha para incluir outros estados nessa constelação. “O Maranhão, que conta com um projeto de desenvolvimento de cubesat na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em intercâmbio técnico com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pode se tornar um dos próximos parceiros”, afirmou Carlos Moura.

Ele disse ainda que a AEB tem interesse que os satélites desta constelação sejam lançados a partir do Centro Espacial de Alcântara. “Naturalmente, os nanossatélites terão que ser levados para sua posição em órbita da Terra. Mais uma vez o Maranhão pode despontar com sua contribuição. Como, a partir de 2021, o espaçoporto de Alcântara já deverá contar com empresas aptas a fazer lançamentos orbitais a partir daquela privilegiada região, a ‘Constelação Catarina’ tem o potencial de ser lançada de lá”, destacou.

“E, considerando-se que a vida útil desses artefatos é da ordem de três anos ou pouco mais, abre-se o leque para as atividades de reposição”, frisou Moura.

“São oportunidades que se juntam ao potencial maranhense para, de forma efetiva, nuclear o surgimento de um polo tecnológico vocacionado para atividades espaciais e aplicações decorrentes”, finalizou o presidente da AEB.

AEB firma parceria para produção de
constelação de satélites

No final de outubro, a Agência Espacial Brasileira esteve em Santa Catarina e se reuniu com instituições locais para tratar da criação e fabricação de 13 satélites da “Constelação Catarina”. O evento fez parte da agenda da Frente Parlamentar para o Programa Espacial Brasileiro (FPMPEB), presidida pelo deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC).

A parceria com a AEB envolve o Governo de Santa Catarina, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), a Universidade Federal de Santa Catarina, entre outras organizações.

O presidente da AEB, Carlos Moura, disse que “há uma grande expectativa de que esta constelação possa ser iniciada já em 2021, para levar diversos benefícios à sociedade brasileira”. O diretor de Governança do Setor Espacial, Cristiano Trein, disse que “Santa Catarina é um grande polo de desenvolvimento tecnológico com capacidade para produzir artefatos espaciais de diversos pesos e tamanhos”.

O presidente da Frente Parlamentar, Daniel Freitas, destacou as várias possibilidades oferecidas pelo Programa Espacial Brasileiro, “que certamente ajudarão no planejamento e nas ações de prevenção contra desastres naturais”.

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