Cerca de 75% dos micro e pequenos empresários esperam que a Black Friday possa salvar o faturamento do ano, segundo levantamento feito com 1.500 participantes pela startup Vhsys com a Stone, plataforma de pagamento e gestão.
As ferramentas digitais nunca tiveram tanta importância quanto na promoção de 2020, marcada para a próxima sexta, dia 27 de novembro.
Em um ano de alta adesão às compras online e de transformação digital para muitos negócios, 40% dos consumidores afirmam que vão comprar exclusivamente pela internet na data —um aumento de sete pontos percentuais em relação a 2019, segundo pesquisa do Google, realizada pela consultoria Provokers.
Com a segunda onda da Covid-19 em alguns países da Europa e a preocupação sobre a situação no Brasil, algumas empresas estão fortalecendo estratégias online para evitar aglomerações e atender o cliente que não se sente seguro para ir ao ponto de venda.
Mesmo assim, é importante estar preparado para receber a clientela no espaço físico, com reforço de protocolos de segurança e atenção para administrar eventuais filas.
“O consumidor está mais digital e as empresas, mais preparadas, então entendo que o canal online vai ter destaque. O que o empresário deve fazer nesse cenário é, ao mesmo tempo, estruturar cuidados para atender no físico e potencializar seus canais digitais”, diz Ivan Tonet, analista de competitividade do Sebrae.
Além de ajudar no crescimento das vendas, a data também é uma oportunidade para aumentar a base de dados de clientes e continuar em contato com eles —por exemplo, divulgando produtos no Natal e Ano-Novo quando a Black Friday acabar.
“É mais fácil engajar consumidores agora, porque é um momento em que as pessoas ficam mais suscetíveis a experimentar”, diz Rodrigo Rodrigues, diretor de Google Customer Solutions do Brasil.
Ao mesmo tempo, ele afirma que o consumidor pode ficar mais receoso de fazer compras nas empresas pequenas. “Quando chega o período da promoção, o cliente pode se perguntar: ‘Vou comprar dessa marca que nunca experimentei antes?’”, diz.
Por isso, anunciar as promoções com antecedência —muitos negócios começaram campanhas no fim de outubro— é uma estratégia valiosa para o pequeno empreendedor, segundo Rodrigues.Essa decisão ajuda o consumidor a se familiarizar com a marca e, talvez, até realizar uma compra mais barata para testá-la antes de uma maior.
“As chances de vender para alguém que já interagiu com a minha marca são maiores. Assim, se a empresa já foi experimentada na Black Friday, tem possibilidades ainda maiores de continuar conversando com o consumidor no período até o Natal”, afirma.
Por isso, até quem não se preparou para atuar na data deve considerar uma participação de última hora —é preciso, porém, tomar alguns cuidados.
Neste ano, 82% dos brasileiros afirmam que vão pesquisar online antes de comprar na Black Friday, independentemente do canal escolhido para a transação, diz a pesquisa do Google e da Provokers.
Uma das razões que explicam esse comportamento é que as pessoas querem ter certeza de que estão fazendo o melhor negócio, afirma Rodrigues. “Ele vê a promoção e pensa: ‘é desconto mesmo ou é a metade do dobro?’”, diz. Outras condições como frete e parcelamento também ganham peso nessa verificação.
Neste momento, o empresário precisa demonstrar confiabilidade ao consumidor, diz Ivan Tonet, do Sebrae. “O cliente tem amplo acesso e já está pesquisando. Se ele comprar de você e perceber que não fez um bom negócio, você perde o cliente e ainda pode ganhar uma avaliação ruim.”
A má impressão pode ficar, inclusive, se o negócio não for concretizado, mas o consumidor perceber que o desconto é artificial, explica Tonet.