Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, o fortalecimento do sistema imune tornou-se uma preocupação dos brasileiros receosos da contaminação pelo vírus. Muitos recorrem, frequentemente de maneira infundada, a suplementos e vitaminas tidos como aliados nessa luta. Porém, boa parte da população ignora que a prática da atividade física é um meio comprovado para fortalecer o sistema de defesa do organismo.
Uma revisão realizada por pesquisadores do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Atividade Motora da EEFE-USP explica como a contração muscular sistemática produzida mediante o exercício físico desempenha um papel primordial no sistema imune.
De acordo com o coordenador do estudo, Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Jr., o tecido muscular esquelético influencia no sistema imune de diversas formas – uma delas produzindo a glutamina durante a contração muscular. Trata-se de um aminoácido fundamental para a defesa do organismo, sendo o principal nutriente para os macrófagos, células que identificam e apresentam os microorganismos invasores ao sistema imune. A glutamina é de difícil absorção por meio da alimentação ou da suplementação. Por isso, o músculo é a principal fonte do nutriente para o corpo.
Outra substância estudada pelo artigo é a Interleucina-6, ou IL-6, que comunica os tecidos sobre os processos inflamatórios ou antiinflamatórios. Diferente da glutamina, a IL-6 é produzida por outros tecidos. Porém, quando o músculo é acionado, ela assume um papel antiinflamatório, atuando na resolução dos processos inflamatório. Esse efeito é importante para a defesa do organismo, já que a inflamação é a resposta natural a uma lesão ou infecção.
A contração muscular produzida durante a realização de atividades físicas tem um papel importante nas células do sistema imune, de acordo com uma pesquisa do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Atividade Motora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE).
Essa ação se dá pela produção de duas substâncias importantes: a glutamina, um aminoácido que serve como principal nutriente para os macrófagos, células de defesa, e a interleucina-6 (também chamada de IL-6), que atua na resolução de processos inflamatórios.
O professor Antônio Herbert Lancha Junior, da EEFE, explica que “o macrófago utiliza a glutamina como fonte de energia e a interleucina-6 dá mais serenidade ao processo de apresentação de invasores pelas células de defesa”.
O que a atividade física faz, segundo ele, é “tornar o nosso sistema imune mais rápido, mais eficiente e, consequentemente, mais pronto para uma nova invasão”.
Para ativar esse efeito, o especialista indica exercícios intensos de força e atividade física moderada, uma vez que a primeira aumenta as estruturas capazes de produzir as substâncias citadas, enquanto as moderadas têm a função de ativar as “usinas do tecido muscular” na produção de IL-6 e glutamina.