A quadra poliesportiva do Centro de Ensino Barbosa de Godois, no bairro Monte Castelo, em São Luís, vai se transformar em um grande terreiro para receber o Festival de Cantadores de Tambor de Crioula, que será realizado na próxima terça-feira (29).
O evento reunirá 35 mestres da cantoria do tambor de crioula com o objetivo de valorizar, resgatar e difundir uma das maiores manifestações culturais do Maranhão, desde 2007 considerada Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira. Em razão do tempo pandêmico, o festival é restrito ao público e será transmitido em tempo real pelo canal Inspire e Comunique, no You Tube, a partir das 19h.
Beneficiado pela lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, o Festival de Tambor de Crioula de São Luís é realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Humano e de Proteção Ambiental (IDHPA) e tem o apoio da Federação de Tambor de Crioula do Maranhão (Fetacma).
A coordenação e direção artística é do poeta, compositor, produtor cultural e presidente da Fetacma, Paulinho Dimaré, com apoio da Inspirar Inovação e Comunicação.
Um apaixonado pela cultura popular maranhense, Paulinho Dimaré, que fundou há 28 anos o Tambor de Crioula Um Degrau de Santa Luzia, afirmou que o festival tem uma importância muito grande por reunir, pela primeira vez em São Luís 35 mestres do tambor de crioula em São Luís.
“Os mestres vão cantar toadas antigas deixadas pelos nossos ancestrais e conhecer novos cantadores que também estão surgindo agora no cenário da cultura popular, especificamente do tambor de crioula, proporcionando um legado para as atuais e futuras gerações”, observou Paulinho Dimaré.
A edição do festival na capital maranhense foi inspirada no I Festival de Cantadores de Tambor de Crioula da Baixada Maranhense, realizado em 2018, ocasião que reuniu 50 cantadores de 30 municípios da região.
Vale destacar que todos os procedimentos de segurança como o uso de máscaras, distanciamento e limitação de público serão adotados no festival na capital, em razão do período pandêmico da Covid-19.
SOBRE O TAMBOR DE CRIOULA
O Tambor de Crioula do Maranhão é uma manifestação de matriz afro-brasileira que envolve canto, dança circular e percussão de tambores. A fé é a maior motivação para os brincantes que participam do Tambor de Crioula, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.
Os brincantes do Tambor de Crioula possuem funções específicas durante as apresentações. Os homens são responsáveis pela sonoridade dos instrumentos na chamada ‘parelha’, que é formada por três tambores com funções bem definidas.
O tambor grande ou ‘rufador’, faz o solo e improvisos, o meião ou ‘socador’ é responsável por dar o ritmo e a pulsão e já o pequeno ou ‘crivador’, faz o contraponto. Tudo isso é acompanhado pelas mulheres, que na dança são chamadas de ‘coreiras’, que com suas saias longas, coloridas e bem rodadas, dão o ritmo e o gingado da dança.
Durante as apresentações, as coreiras fazem a ‘punga’, uma espécie de convite para que a outra dançarina entre na roda do tambor. A manifestação é feita tanto como forma de diversão como em louvor a São Benedito, o santo protetor dos negros. A expressão de matriz afro-brasileira, típica do Maranhão, é realizada livremente sem ter um calendário específico.
Pesquisas apontam que o Tambor de Crioula surgiu no começo do século 19. Os escravos organizavam as batucadas para aliviar o sofrimento que viviam durante o período de escravidão. Apenas dois séculos depois, em 1970, a brincadeira passou a ser tratada como dança típica e atração turística. Por conta da batida rápida, quem dança o Tambor de Crioula precisa ter muita energia para desenvolver a dança e a coreografia da manifestação.