Meia década atrás, o veterinário Renan Nascimento de Morais, que é especialista em gerenciamento de Centro de Zoonose (formação em São Paulo), e presidente regional da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), afirmou que recebia uma média de um animal com calazar (leishmaniose) por semana. Atualmente, a demanda é de seis cães afetados por dia em São Luís.
“O aumento da incidência da doença não está relacionado com a Covid-19, mas com a devastação do meioambiente, principalmente em áreas de mangues da região metropolitana de São Luís”, declarou o veterinário.
Desmatamento, lixo e falta de saneamento básico foram as principais causas citadas por Renan Nascimento para a suposta epidemia de calazar. O veterinário é defensor da natureza e fundou o Comitê Ecológico da Região Tocantina, que visava controlar a devastação, mostrar as consequências do ato e proteger animais silvestres.
Há algum tempo, o veterinário alerta sobre o desequilíbrio no ecossistema da Grande Ilha e de como isso tem se tornado o gerador da doença, que atinge animais e seres humanos. O mosquito-palha prolifera em lixo e material orgânico em decomposição. Contrai o parasita ao picar um cão ou outro animal infectado, e o transmite para pessoas.
Repelentes que ajudariam na prevenção, segundo o médico, estão fora da realidade da população de baixa renda. De acordo com o veterinário, a leishmaniose é questão de saúde pública. Ele afirma que ela prevalece em condições de pobreza e acentuam a desigualdade.
Renan informou também que a situação de calazar afeta pessoas de baixa renda, com faixa etária, e em crianças de 4 a 11 anos de idade. A transmissão é feita por meio da picada de flebótomos.
Existe vacina apenas para cães, mas ela não impede a transmissão para os seres humanos, pois a concentração de parasitas continua elevada no sangue dos animais.
Renan, durante a sua entrevista ao Jornal Pequeno, sugeriu que as universidades Estadual e Federal do Maranhão, respectivamente, Uema e Ufma, façam um mapeamento genético do parasita Leismanhia chagasi, causador do calazar. “E que sejam catalogadas as espécies existentes nas quatro cidades que formam a Grande São Luís”, informou Renan Nascimento.
“A ESPERANÇA EM BRAIDE”
Renan disse que acredita na gestão do novo prefeito da capital maranhense, Eduardo Braide, para que algo seja feito em prol da saúde dos cães, logo, no combate ao calazar. “Braide está sensível à ‘causa animal’. Espero o melhor desta atual administração”, declarou Renan.
COMO RECONHECER A LEISHMANIOSE
O tipo é tegumentar e visceral. A tegumentar é caracterizada por feridas na pele, que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do corpo. Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como ferida brava.
Já a visceral é uma doença sistêmica, pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Em relação aos sintomas, na visceral há febre irregular e prolongada, anemia, indisposição, palidez da pele e ou das mucosas, falta de apetite, perda de peso, inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço.
Na tegumentar, os sintomas são pele avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta e secreção.
Sobre a prevenção, é recomendável não construir casas próximas da mata, fazer dedetização, evitar banhos de rios ou igarapés próximos da mata, utilizar repelentes na pele, usar mosquiteiros para dormir, e usar telas protetoras nas janelas e portas.
Diagnóstico e tratamento
o diagnóstico da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais da saúde