Vendas de Ivermectina aumentam 247% no Maranhão

O motivo é a crença, segundo o CFF, que esses medicamentos sejam fórmulas milagrosas que previnam ou curem a Covid-19

Fonte: Da redação com CFF

A hidroxicloroquina (antimalárico), a ivermectina (vermífugo) e a nitazoxanida (antiparasitário) tiveram altas expressivas nas vendas no Maranhão, em 2020. É o que aponta um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).

O motivo é a crença de que, segundo o CFF, esses medicamentos sejam fórmulas milagrosas que previnam ou curem a Covid-19.

Embora não haja evidências científicas de que essa seja uma verdade, o levantamento mostra que as vendas da hidroxicloroquina, por exemplo, mais que dobraram, passando de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades em 2020. O aumento foi ainda maior no caso da Ivermectina, atingindo 557,26%, em todo o país. No Maranhão, o aumento foi de 247% para a Ivermectina e de 74% para a Hidroxicloroquina.

O quadro preocupa o Conselho Federal de Farmácia, que em sua 500ª Reunião Plenária Ordinária, realizada em 28 e 29 de janeiro, aprovou documento em que se manifesta sobre o chamado “tratamento precoce” da Covid-19.

Na nota, o Plenário no CFF reafirma seu apoio à assistência à saúde baseada em evidências científicas e à vacinação; lembra que farmacêuticos têm obrigação ética e legal de promover o uso racional de medicamentos, e que a responsabilidade legal é compartilhada com proprietários de farmácias; reconhece a autonomia dos médicos na prescrição off label, mas reitera a responsabilidade técnica dos farmacêuticos na dispensação; e informa que infrações éticas, legais ou às normas sanitárias devem ser denunciadas aos conselhos regionais de Farmácia e aos órgãos de vigilância sanitária locais.

“O CFF já se posicionou inúmeras vezes diante da categoria e da sociedade, reafirmando sua defesa da assistência à saúde baseada em evidências” comenta o assessor da Presidência do CFF, professor Tarcisio Palhano. Inclusive publicou carta aberta e nota técnica sobre o tema, nas quais reafirma a autoridade técnica do farmacêutico no ato da dispensação de medicamentos off label (para finalidade distinta do uso aprovado pelo órgão sanitário). A orientação do conselho no caso da dispensação de medicamentos sob prescrição para uso off label é que, além de verificar todos os aspectos legais e sanitários que observa na dispensação dos medicamentos em geral, o farmacêutico esteja atento a outros detalhes importantes.

Um dos cuidados recomendados é verificar se houve a assinatura do Termo de ciência e consentimento entre o médico e o paciente. O farmacêutico também deve utilizar a sua competência técnica para avaliar e atender às necessidades do paciente e decidir cada situação, caso a caso, de modo a não permitir, de forma consciente, o dano evitável, bem como garantir que os benefícios de tratamentos sejam sempre superiores aos riscos que representam. Outras providências são o contato com o prescritor para esclarecer dúvidas, a aplicação de “Termo de Ciência e Responsabilidade”, caso o paciente opte por utilizar o medicamento mesmo tendo sido esclarecido sobre os potenciais riscos, e o preenchimento da “Declaração do Farmacêutico Responsável”.

“O CFF alerta que todos os medicamentos podem gerar efeitos adversos e que os riscos são ainda maiores para os medicamentos tarjados (aqueles de venda sob prescrição médica), não podendo ser negligenciados, considerando uma doença tão desafiadora como a Covid-19. A automedicação é fortemente desaconselhada”, alerta o conselheiro federal pelo estado do Maranhão, Marcelo Rosa. Ele lembra, ainda, que a Lei nº 13.021/14 diz que o “O farmacêutico e o proprietário dos estabelecimentos farmacêuticos agirão sempre solidariamente, realizando todos os esforços para promover o uso racional de medicamentos” (Art. 10) e que “O proprietário da farmácia não poderá desautorizar ou desconsiderar as orientações técnicas emitidas pelo farmacêutico” (Art. 11).

 

DADOS NO MARANHÃO

Molécula Total 2019 Total 2020 Crescimento
HIDROXICLOROQUINA SULFATO 13.369 23.265 74%
IVERMECTINA 306.599 1.064.165 247%
DEXAMETASONA 564.749 723.006 28%
NITAZOXANIDA 351.299 410.637 17%
ASCORBICO ACIDO 1.653.950 2.852.567 72%
COLECALCIFEROL 229.263 523.748 128%
PARACETAMOL 1.459.467 2.372.902 63%
DIPIRONA SODICA 1.572.901 2.374.963 51%
IBUPROFENO 1.542.788 1.356.339 -12%
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