Secretaria de Saúde do Maranhão diz que ampliará leitos de Covid-19 para evitar novo lockdown

Secretário adjunto afirma que empresários burlam a exigência do governo na realização de eventos para até 150 pessoas.

Fonte: Luciene Vieira

Os fins de semana levam multidões às praias de São Luís, para um banho de sol, mergulho, futevôlei, bate-papo. Na Rua Grande, shoppings centers e bares da capital maranhense, mais aglomerações. São cenários alheios à pandemia do coronavírus, que já matou 4.742 pessoas no estado. O Maranhão vive sob ameaça de novo lockdown.

Questionado pelo Jornal Pequeno sobre possíveis falhas no combate ao coronavírus, e por que se vê nova alta de casos, o secretário adjunto de Assistência à Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Carlos Vinicius, declarou que “a população se acostumou com a Covid-19”. E, admitiu: “a fiscalização, de alguma forma, falhou”.

Em relação à “desobediência”, Carlos Vinícius citou que empresários burlam a exigência do governo na realização de eventos para até 150 pessoas. “Fazem quatro nichos e colocam 80 pessoas em cada, e tentam nos convencer que estão respeitando a capacidade determinada. O decreto é muito claro, que 150 é o total de pessoas dentro de um determinado ambiente”, disse Vinicius.

O documento citado pelo secretário adjunto é o decreto nº 36203, de 30 de setembro de 2020. Texto transcrito: “deve ser observado o limite máximo de 150 (cento e cinquenta) pessoas por evento, quantitativo que deve ser reduzido à vista da capacidade física do ambiente, a fim de que seja garantida a observância da distância de segurança, a ser fixada em Portaria do Secretário-Chefe da Casa Civil”.

Em relação às possíveis falhas de fiscalização, Carlos Vinícius informou que o Estado faz um trabalho educativo. “Orientamos. Mas, as fiscalizações ocorrem, por meio da Vigilância Sanitária, com apoio da Polícia Militar. Informações precisas sobre o acontecimento delas e locais fiscalizados, estão no boletim da SES, divulgado no site da Secretaria. Os dados são atualizados e divulgados todos os dias”, informou.

AMPLIAÇÃO DE LEITOS

Nesta semana, a Defensoria Pública do Estado (DPE) pediu à Justiça um novo lockdown, com abrangência para todo o Maranhão. O caso está para apreciação do juiz Douglas de Melo Martins, titular da Vara de Direitos Difusos e Coletivos. Douglas concedeu prazo de 72 horas para que o governador Flávio Dino e os prefeitos das 217 cidades maranhenses digam o que estão fazendo, a fim de evitar o fechamento total.

Por meio de suas redes sociais, na terça-feira (3), o governador disse que não há planejamento de lockdown, no estado. Deter o coronavírus significa, também, aumentar a capacidade de atendimento aos pacientes com Covid-19.

De acordo com Carlos Vinicius, o Estado prepara a ampliação de leitos. “Ontem (quintafeira), tivemos uma reunião com o procurador-geral (de Justiça) do Ministério Público, Eduardo Nicolau, com a participação do secretário da Casa Civil, Marcelo Tavares; e do procurador-geral do Estado, Rodrigo Maia. Foi divulgada uma nota, para o aumento do número de leitos, tanto pelo Município, Estado e Hospital Universitário (HU-Ufma)”, informou Vinicius.

Atualmente, segundo Vinicius, a rede de saúde pública estadual tem 291 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e 619 leitos de enfermaria. No pico da pandemia, de acordo com o secretário adjunto de Assistência à Saúde da SES, houve mais de 500 leitos de UTI e mais de 1.700 leitos de enfermaria, destinados a pacientes com Covid-19.

HOSPITAIS EXCLUSIVOS

Hospital de Cuidados Intensos, no bairro do Bequimão, com mais de 100 leitos, 50 deles são de UTI; Hospital Genésio Rêgo, na Vila Palmeira; e o Hospital Raimundo Lima, anexo ao Hospital Nina Rodrigues, localizado no Monte Castelo. Vinícius informou que há a ainda o Hospital Carlos Macieira, mas este ‘não é exclusivo’ para Covid-19, mas tem praticamente 50% de suas atividades voltadas para pacientes com coronavírus.

No estado, o governo tem seis macrorregionais, todas com leitos destinados a vítimas da Covid-19. Vinícius citou cinco macrorregionais: Santa Inês (20 leitos para coronavírus), Pinheiro (20 leitos), Caxias, Imperatriz e Presidente Dutra.

Vinícius informou que, em dezembro do ano passado, houve 1.300 pacientes que deram entrada na rede pública estadual, com suspeita de Covid-19, ou apresentando síndromes respiratórios. No mês passado, quase dois mil casos. “Aumento de 700 pacientes, de um mês para o outro”, frisou o secretário.

HOSPITAL DE CAMPANHA

Inaugurado no dia 18 de maio, e com as atividades encerradas no dia 17 de setembro, de acordo com os índices da época, abaixo de 20% em toda São Luís, e, inclusive, no Maranhão; o hospital de campanha atendia vítimas do interior do estado. Conforme Vinícius, essa unidade de saúde provisória atendeu a totalidade de mais de dois mil pacientes, nos quatros meses de funcionamento. Vinícius informou que os equipamentos estão estocados no almoxarifado da SES.

BOLETINS EPIDEMIOLÓGICOS

Durante a entrevista com Carlos Vinícius, mediante algumas perguntas feitas pelo JP, foi sinalizado que informações como números de casos ativos, óbitos, e o aumento de pessoas infectadas, inclusive, por faixa etária, estão disponíveis nos boletins epidemiológicos da SES, divulgados no site da Secretaria, acessíveis a qualquer pessoa.

TODO DIA, 900 PESSOAS FAZEM TESTES DE CORONAVÍRUS

De acordo com Carlos Vinícius, o governo do Estado testa 900 pessoas por dia. “Nos casos moderados e graves, 100% são testados. Em situação de sintomas leves, a testagem é feita de acordo com o plano de contingência, se o exame será feito na unidade estadual, ou numa municipal. Todas as nossas unidades de porta (Unidades de Pronto Atendimento) fazem teste. Temos, ainda, duas UPAs com atendimento total direcionado ao Covid-19, que é a do Vinhais e Parque Vitória, logo estas farão mais testes, mesmo que todas façam para pacientes em estado moderado ou grave”, informou Vinicius.

COMPRA DE TESTES

A compra de testes destinados para o Maranhão foi feita no primeiro semestre de 2021. “Foi um quantitativo grande, distribuído para todos os municípios, igual fizemos com a vacina. Depois dessa distribuição, não houve mais fornecimento de testes, por parte do governo federal”, informou Vinicius.

O secretário adjunto informou que a SES está no processo de licitação para a compra de mais de 250 mil testes, com preço de mais R$ 6 a unidade. São testes rápidos e PRC. “Não há falta de teste na rede estadual, mas, há, sim, na rede municipal. Isto é uma constatação, de acordo com números que a gente vê. Por exemplo, Codó tem apenas um teste lançado há muito tempo. Será que não existe Covid-19 naquela cidade, ou não está sendo feita a realização de testes?!”, disse Vinicius.

INQUÉRITOS SOROLÓGICOS

“Foram feitos dois, com 40% de prevalência de pacientes com Covid-19”, concluiu Vinícius. Outro dado informado pelo secretário adjunto é que quatro mil profissionais de saúde foram contaminados pela Covid-19, desses 75 morreram.

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