O comportamento das pessoas, as atividades que elas fazem e os horários em que são feitas, influenciam de jeito direto no trânsito das cidades. É por isso que não é estranho que a pandemia do Covid-19 tenha refletido seus efeitos na circulação de veículos. É só pensar na quantidades de ações do dia a dia que implicavam deslocamento e que hoje podem ser feitas desde a casa: homeoffice, aulas virtuais, atendimento médico e a maioria das despesas do hogar -pesquisas preveem um crescimento do 32% para o e-commerce neste 2021.
Nessa linha, também os acidentes de trânsito sofreram alterações no ano onde o Coronavírus foi o protagonista. Em base aos dados fornecidos pelo Painel de Consultas Dinâmicas da Confederação Nacional do Transporte (CNT) se comparado com 2019, o ano passado mostra uma redução no número de acidentes de tráfego. A boa notícia é que a queda nestes sinistros vem sendo uma tendência desde 2014. Particularmente em 2020 foram registrados 63.447 casos, 5,9% a menos em relação com o ano anterior.
Lamentavelmente a baixa mencionada não se trasladou no aspecto mais preocupante, o número de mortes em decorrência desses acidentes se mantém estável. Em 2019 as pessoas falecidas por esta causa foram 5.332, sendo que em 2020 o número foi de 5.287. A mínima variação nos óbitos é um sinal de que, no ano que acabou, a gravidade e o grau de letalidade dos acidentes foi maior.
Mais um aspecto modificado pela pandemia foi o nível de relevância que os veículos como as bicicletas têm na circulação das cidades. No pico da pandemia as vendas registraram um crescimento exponencial. Segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, em agosto o aumento foi de 93% comparado com o mesmo mês do ano anterior. Infelizmente junto com as vendas incrementou-se o número de sinistros que envolvem este tipo de veículos. Só nas rodovias de São Paulo, as mortes de ciclistas aumentaram 32% em 2020. Os motivos são muitos: em primeiro lugar, por causa da chegada do Covid, muitas pessoas trocaram de meios de transporte público para as bicicletas, como um jeito de evitar aglomerações nos deslocamentos. Ao mesmo tempo, a maioria das cidades brasileiras ainda não estavam preparadas para receber a quantidade de ciclistas; é importante incrementar o número de malhas cicloviárias nas capitais dos estados para maior segurança dos cidadãos.
A importância de não se confiar e ficar protegido
Com o panorama atual, até parece óbvia a ideia de ficar protegido na hora de dirigir, principalmente perante acidentes que podem prejudicar a si mesmos ou até terceiras pessoas (motoristas, ciclistas, pedestres, etc.). Ainda assim, somente 30% dos carros que circulam no país têm seguro e cobertura que os proteja deste tipo de sinistros. Isto quer dizer que 70% dos carros ficam expostos a furtos, roubos e colisões, entre outro tipo de acidentes, além das possíveis consequências económicas a ser enfrentadas em caso de dano físico ou morte do acidentado. Já nas motos o panorama é ainda pior: do total, 98% carecem de algum tipo de cobertura.