Tesouro Direto: títulos fecham fevereiro no vermelho

Mês foi de perdas para mais de 70% dos títulos negociados na plataforma do Tesouro

Fonte: Da redação com Exame

Os títulos do Tesouro Direto – um dos investimentos mais conservadores do mercado – tiveram rendimento negativo em fevereiro. Dos 26 títulos negociados no mercado, apenas cinco ficaram no azul, e somente três renderam mais do que o CDI no mês.

O resultado destoou das previsões de analistas no começo do mês, pois esperavam alguma sinalização de andamento de reformas no Congresso com a eleição de dois nomes apoiados pelo Executivo para o comando das duas casas.

A expectativa era a de diminuição do prêmio de risco, e o que aconteceu foi justamente o contrário. O risco aumentou e as taxas subiram, prejudicando, principalmente, os títulos mais longos, que têm maior sensibilidade às taxas.

Alan Ghani, head de renda fixa da Exame Invest Pro, afirma que o desempenho abaixo do esperado foi fruto de uma conjuntura de fatores desfavoráveis.

“Tivemos a alta dos juros nos Estados Unidos, a aceleração inflacionária no Brasil, a descoberta de novas variantes do coronavírus, o aumento do número de casos de Covid-19 e, finalmente, a intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras. Tudo isso influencia negativamente”, afirma Ghani.

O Tesouro Selic com vencimento em 2025 chegou a fechar ligeiramente no vermelho, com baixa de 0,03%. A última vez que isso havia acontecido foi em outubro do ano passado, quando a piora na perspectiva das contas públicas fez com que os títulos públicos indexados à Selic recuassem.

Investimento

Título Últimos 30 dias No Ano
Tesouro Prefixado 2022 0,01 -0,33
Tesouro Prefixado 2023 -0,26 -1,83
Tesouro Prefixado 2025 -1,43 -4,94
Tesouro Prefixado 2026 -1,87 -6,03
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2023 -0,29 -1,64
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2025 -1,82 -4,68
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2027 -2,3 -6,01
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2029 -2,78 -7,54
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031 -3,23 -8,7
Tesouro Selic 2021 0,16 0,3
Tesouro Selic 2023 0,06 0,22
Tesouro Selic 2025 -0,03 0,15
Tesouro IGPM+ com juros semestrais 2021 3,2 5,9
Tesouro IGPM+ com juros semestrais 2031 1,37 6,67
Tesouro IPCA+ 2024 -0,39 -1,4
Tesouro IPCA+ 2026 -0,93 -2,72
Tesouro IPCA+ 2035 -1,93 -5,31
Tesouro IPCA+ 2045 -3,8 -9,93
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2024 -0,29 -1,14
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2026 -0,75 -2,19
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030 -1,53 -3,96
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035 -1,48 -4,12
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040 -1,47 -4,25
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045 -1,38 -4,14
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2050 -2,34 -5,31
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055 -3,09 -6,71

 

Referência

 

Índice Desempenho em fevereiro (em %) Desempenho em 12 meses (em %)
CDI 0,16 2,39

 

Ghani destaca, no entanto, que o resultado não é preocupante como o de 2020. “O Tesouro Selic 2025 encerrou o mês com leve variação negativa, praticamente no zero a zero. Ainda assim, os títulos atrelados à Selic foram os de melhor performance no mês”.

Nominalmente, o Tesouro IGPM+ foi o que apresentou o melhor desempenho, mas é um título que não é emitido desde 2016. “Quem comprou, não vende mais. É o que está rendendo melhor”, completa o analista.

O resultado atual não significa que os títulos do Tesouro deixaram de ser atrativos. “Considerando que são impactos de curto prazo, o investidor não deve sair do investimento em um momento de estresse, ou vai acabar realizando o prejuízo”, avalia Juliana Machado, especialista em fundos.

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