O Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou na última semana o documento “Desreguladores Endócrinos: Informações para o Pediatra”, um guia de orientação aos pediatras sobre o assunto. O documento esclarece diversos pontos sobre a temática, que, ao que tudo indica, tem sido um fator importante na incidência de doenças pediátricas endocrinológicas, como criptorquidia, hipospádia e puberdade precoce.
Cada vez mais os pais e responsáveis têm levado questionamentos sobre os desreguladores endócrinos (DE) para as consultas médicas, muitas vezes estimulados por equívocos de entendimento. Os DE são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, presentes no meio-ambiente. Eles têm capacidade de mimetizar ou interferir na síntese, secreção, transporte, ligação, ação ou eliminação de hormônios. Existem milhares de substâncias químicas que fazem parte das atividades cotidianas da humanidade, das quais centenas podem funcionar como DE.
A exposição a eles é generalizada e ocorre via ingestão de alimentos e água, inalação de gases e partículas no ar e através da pele; e podem ser transferidos da gestante ao feto através da placenta ou para o lactente através do leite materno. Além disso, possuem vários mecanismos de ação e, por meio deles, mesmo em microdoses, podem interferir na regulação do crescimento, desenvolvimento corporal, metabolismo, reprodução, imunidade e comportamento.
Testes de comprovação da presença de DE no sangue, urina e outros tecidos confirmam a presença de uma variedade deles na maioria dos indivíduos no mundo todo. Por isso, o texto conclui que, considerando os possíveis efeitos deletérios na saúde da criança, é recomendável atentar-se à população mais vulnerável, como gestantes, bebês e crianças pequenas.
O Departamento Científico de Endocrinologia é composto pelos drs. Crésio de Aragão Dantas Alves; Kassie Regina Neves Cargnin; Cristiano Castanheira Candido da Silva; Leila Cristina Pedroso de Paula; Marilza Leal Nascimento; Maristela Estevão Barbosa; Raphael Del Roio Liberatore Júnior; Renata Machado Pinto; e Ricardo Fernando Arrais. O documento contou ainda com a colaboração do dr. Carlos Augusto Mello da Silva.