A chegada do Covid-19 no mundo superou todas as projeções que poderiam ter sido feitas no começo do ano passado. No Brasil, onde já se fala da terceira onda do vírus em algumas regiões como o Amazonas, ainda podem se perceber os prejuízos econômicos produzidos em 2020. Aquele foi um ano marcado pelo aumento do desemprego, queda do comércio, e diminuição na renda das famílias.
A carência de ingressos percebidos por trabalhadores e pequenos empreendedores também foi refletida no setor financeiro. Para muitos deles, perante a impossibilidade de fazer frente às despesas do dia a dia com os seus salários ou renda dos negócios, a única alternativa foi a solicitude de empréstimos para pagar as contas. De fato, segundo algumas fintechs, dos diferentes créditos para pessoas outorgados em 2020, 43,4% foram motivados pela pandemia.
A irrupção do Covid pegou muitas pessoas com dívidas anteriores e ainda precisando de custear gastos extraordinários, como de saúde e internação, entre outros. A Fintech Lendico, por exemplo, informou que, dentre aqueles que solicitaram um crédito, 70% realizou este tipo de operação pela primeira vez na vida. Das estatísticas fornecidas vê-se que os principais motivos de solicitude tem a ver com os efeitos negativos na economia por causa da pandemia: 45,4% dos pedidos de créditos se fundaram por perda parcial de renda, 16% por perda total de renda, 14% por compra de itens necessários de acordo com as circunstâncias (como móveis e aparelhos eletrônicos para trabalhar desde casa), 12,3% para ajudar a um familiar ou pessoa próxima, e 7,7% por gastos de saúde.
O mesmo contexto fez com que outras categorias de créditos registrassem quedas importantes. Dentre eles, os empréstimos destinados a viagens e férias desceram 50%, aqueles para custear educação -principalmente cursos em faculdades privadas- caíram 21%, e os créditos para compra de produtos eletrônicos e eletrodomésticos um 13%.
As projeções para este 2021
Para este ano a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) anunciou que vai ter mais dinheiro disponível para empréstimos e financiamento. Mesmo assim o aumento será menor do registrado no ano passado: a alta em 2020 se comparado com 2019 foi de 15,5%; já para 2021 o total previsto para créditos é de R$4,3 trilhões, isto é um incremento de 7,3% em relação a 2020, ou seja, menos da metade do aumento anterior.
As projeções feitas podem piorar ainda principalmente pelo fato de que elas foram desenvolvidas no começo do ano, mas a vacinação está sendo bastante lenta, as cifras de mortes e contágios não deixam de aumentar e a economia vai mal. Daí a Federação já anunciou que o crescimento do crédito possa ser menor do que a estimativa mesmo contra a vontade dos Bancos: não é que eles não queiram emprestar, mas são os próprios clientes que procuram evitar contrair dívidas por medo da magnitude da crise sanitária e económica que parece não remontar, pelo menos no primeiro período do ano.